Lançado nesta segunda-feira, 3, na
sede do Ipea, em Brasília, o estudo aponta para a necessidade de repensar
políticas públicas para a juventude
O estudo "Millennials na América e no Caribe: trabalhar ou
estudar?", lançado no Brasil nesta segunda-feira (03), na sede
do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em Brasília, apresenta uma
radiografia da juventude da região a partir de dados de 15 mil jovens de 15 e
24 anos, moradores de áreas urbanas de nove países: Brasil, Chile, Colômbia, El
Salvador, Haiti, México, Paraguai, Peru e Uruguai. A pesquisa revela que em
média 21% dos jovens, o equivalente a 20 milhões de pessoas, não estudam
nem trabalham. Enquanto isso, 41% se dedicam exclusivamente ao estudo e/ ou capacitação,
21% só trabalham, e 17% trabalham e estudam ao mesmo tempo.
Realizado pelo Ipea em parceria com a Fundación
Espacio Público do Chile, o Centro de Pesquisa para o
Desenvolvimento Internacional (IRDC) do Canadá, e o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), o trabalho mostra que, apesar das habilidades
cognitivas, técnicas e socioemocionais dessa geração, as possibilidades
educacionais e as oportunidades do mercado de trabalho limitam o seu
desenvolvimento e sua posição na sociedade. Em todos os países pesquisados, há
um contingente expressivo de jovens que não trabalham nem estudam, em sua
maioria de famílias com menos recursos. As taxas são maiores no México (25%),
em El Salvador (24%), no Brasil (23%) e no Haiti (19%), por razões como crise econômica,
falta de políticas públicas, problemas de saúde ou de ordem médica, obrigações
familiares com parentes e filhos, entre outros.
As diferenças entre homens e mulheres jovens são evidentes no
levantamento. Entre aqueles que não trabalham e não estudam, o número de
mulheres chega a ser o dobro de homens. Esse fenômeno quase triplica em países
como El Salvador e Brasil, no qual Recife, capital pernambucana, foi escolhida
como cidade referência para a coleta de dados.
A pesquisa indica, ainda, que 70% dos jovens que trabalham são
empregados em atividades informais. Entre aqueles que estão dentro do mercado
formal há uma alta rotatividade de mão de obra.
Apesar da pesquisa observar que 40% dos entrevistados não são
capazes de executar cálculos matemáticos muito simples e úteis para o seu dia a
dia, há também resultados animadores: os jovens analisados, com exceção dos
haitianos, têm muita facilidade de lidar com dispositivos tecnológicos, como
também possuem altas habilidades socioemocionais. Os jovens da região
apresentam altos níveis de autoestima e de autoeficácia (capacidade de se
organizar para atingir seus próprios objetivos).
Nesse contexto, o estudo pontua a necessidade
de investimentos em treinamento e educação dos jovens. Nas conclusões, os pesquisadores
sugerem a adoção de políticas públicas que ajudem os jovens a fazer uma
transição bem-sucedida de seus estudos para o mercado de trabalho. As
autoras responsáveis pelo estudo com os jovens brasileiros, as pesquisadoras do
Ipea Enid Rocha e Joana Costa, destacam que no Brasil há cerca de 33 milhões de
jovens com idade entre 15 e 24 anos, o que corresponde a mais de 17% da
população.
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