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quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Pais devem ficar atentos à depressão em crianças e adolescentes



Karin Kenzler, psicóloga e orientadora educacional do Colégio Humboldt, explica causas, sintomas e tratamentos para a depressão em crianças e adolescentes



O Brasil é o país mais deprimido da América Latina. Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) confrontam a imagem do brasileiro feliz e apontam que 5,8% dos habitantes do país sofrem de depressão, maior taxa do continente latino-americano. Já para os mais jovens, a OMS estima que a depressão seja a terceira maior doença entre adolescentes e a segunda principal causa de morte de pessoas entre 15 e 25 anos no mundo.

Para Karin Kenzler, orientadora educacional do Colégio Humboldt e psicóloga, a depressão na adolescência deve ser diagnosticada e tratada o quanto antes. Porém, fazer um diagnóstico nesta fase torna-se mais complicado, uma vez que é preciso diferenciar as crises normais da adolescência de um quadro patológico. “A depressão, quando não tratada, torna-se cada vez mais grave e mais intensa, conduzindo a diversos casos de suicídio, e esta é a consequência mais grave da doença, mas não é a única, pois ela afeta múltiplas funções e causa danos psicossociais significativos”, afirma.

Entender os sintomas que a desordem pode causar nos jovens é o primeiro passo para dar início ao diagnóstico. “Meninos e meninas reagem de forma diferente na depressão”, conta a psicóloga. Segundo ela, os meninos tendem a assumir uma postura mais agressiva, de desdém pelos outros, tornando-se violentos e com problemas de conduta dentro de casa e na escola. Já as meninas costumam se sentir extremamente entediadas, tristes, ansiosas e com baixa autoestima.

Apesar de mais frequente na adolescência, é preciso que os pais deem atenção aos indícios da doença que podem surgir já na infância. De acordo com Karin, crianças deprimidas costumam exibir comportamentos de irritabilidade, mau humor e falta de prazer em atividades habituais, além de apresentarem timidez e fugirem da companhia dos demais. “A escola vai exercer um papel importante no diagnóstico, pois os primeiros sinais são o baixo rendimento escolar e a dificuldade em realizar as tarefas, devido à falta de concentração. A criança não consegue verbalizar que está deprimida, por isso a constatação vem por meio de testes e desenhos”, explica.

Entre os principais fatores que desencadeiam a depressão infantil e juvenil estão problemas conjugais na família, cobrança exagerada por parte dos pais e da sociedade em relação ao desenvolvimento ou desempenho escolar, bullying, falta de contato com os pais e traumas significativos, como o falecimento de um ente querido ou maus tratos na família.


Como tratar?

O papel da família é fundamental para contornar a situação. Para a psicóloga, é preciso que os pais acolham e compreendam os sentimentos do filho. “Acolher é entender que cada um tem o seu próprio tempo e seus valores. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra”, frisa. Além disso, o diálogo é extremamente importante, principalmente para que a família escute e preste atenção no que a criança e o jovem têm a dizer.

Negar a existência do problema pode ser um grande obstáculo. “Para quem está em um quadro de depressão profunda, procurar ajuda é muito difícil, por isso muitos não o fazem. Jogar tudo nos ombros de quem passa por uma crise é injusto, e cabe também aos amigos e familiares a responsabilidade de dividir os problemas”, destaca Karin. “Não contrarie, negando ou minimizando o que a criança sente. A hora não é apropriada para sermões e brigas. Se não tiver o que dizer, apenas fique em silêncio”, completa.

Para superar a doença, em qualquer idade, procurar um psicólogo ou psiquiatra é essencial. Com os adolescentes, o tratamento envolve sessões de terapia e, se necessário, também medicamentos antidepressivos. Com crianças, o tratamento da depressão é amplo e envolve a família, escola, pediatra e psicólogo. “É possível para os pais e professores auxiliarem no tratamento e principalmente em sua prevenção, estimulando a criança a brincar, participar de atividades recreativas para que possa melhorar seu humor e interagir com outras crianças. Nesse sentido, é fundamental uma dinâmica familiar afetiva, com pais presentes e envolvidos na criação dos filhos”, finaliza.



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