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sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Os perigos da ansiedade



Não há quem nunca tenha se sentido ansioso ao menos uma vez na vida. O dicionário Aurélio define o sentimento como uma “comoção aflitiva do espírito que receia que uma coisa suceda ou não”, ou um “sofrimento de quem espera o que é certo vir”. Provas, reuniões e apresentações importantes, a chegada de filhos, jogos de futebol e incertezas em relação ao futuro, todos causam ansiedade. Porém, se a emoção é tão natural, por que ela é conhecida atualmente como “o mal do século”? 

A ansiedade não é totalmente maléfica. Ela serve como uma proteção e um alerta de nossos próprios corpos para nos prepararmos para grandes desafios. O alto número de pessoas ansiosas, porém, assusta. De acordo com relatório lançado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na publicação “Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates”, o número estimado de pessoas que vivem com transtornos de ansiedade no mundo é de 264 milhões. Este total para 2015 reflete um aumento de 14,9% desde 2005.  O Brasil lidera o ranking de maior taxa de transtornos de ansiedade: são 18,6 milhões de pessoas afetadas, cerca de 9,3% de sua população total. 
                            
A ansiedade, quando exagerada, pode causar diversos sintomas, tanto físicos quanto psicológicos, como contrações musculares indesejadas, tonturas, formigamento e perda de sensibilidade nos membros extremos, tensão e dores musculares persistentes, necessidade frequente de urinar, dificuldade para respirar, falta de controle de pensamentos e insônia. Este último pode ser especialmente prejudicial, já que o sono está diretamente relacionado com a qualidade de vida de uma pessoa. Uma noite mal dormida pode causar, além de um maior cansaço físico, um aumento do estresse, uma porta aberta para novas complicações no futuro. Além disso, a ansiedade pode chegar a um nível no qual a pessoa não consegue mais reagir às dificuldades da vida, em uma espécie de paralisia. Aí, não restam dúvidas: é necessário buscar ajuda profissional.

Mas, afinal, quais são as causas da ansiedade? O gatilho pode ser qualquer influência externa ou interna que afete o indivíduo - ou seja, elas são extremamente variáveis e mudam de pessoa para pessoa. Assim, a verdade é que é difícil prevenir a ansiedade. Em nosso mundo atual, com demandas de trabalho, pessoais e também expectativas elevadas para todos os lados, os gatilhos são cada vez mais comuns e frequentes. Praticamente tudo pode afetar nossa psique e causar as tão temidas noites mal dormidas.

O segredo, então, é almejar sempre viver de maneira equilibrada. Excessos na alimentação e pouca atividade física são sempre nocivos à nossa saúde e podem, sim, intensificar os sintomas da ansiedade. Inclusive, alimentos com altos índices de triptofano, como banana e chocolate, são especialmente recomendados nestes casos. É importante também saber identificar seus gatilhos pessoais e buscar evitá-los.

O noticiário está causando parafusos na sua cabeça? Busque outro, talvez menos sensacionalista. O trabalho está te deixando louco? Pode ser a hora de desligar o celular após o expediente. Você perde o sono quando seus filhos saem de casa? Encontre maneiras de amenizar a preocupação, por exemplo, tentando saber melhor onde eles estão e quem os acompanha. O primordial, porém, é procurar ajuda em caso de extrapolo dos sintomas. Profissionais da psiquiatria são os mais indicados para cuidar da ansiedade e o tratamento pode, inclusive, envolver medicamentos para colocar a química do cérebro em ordem.

É importante lembrar que você não está sozinho na luta contra a ansiedade. Literalmente, centenas de milhões de pessoas no mundo sofrem com ela todos os dias, não importa o sexo, idade, cor ou credo. Busque ajuda se você acredita estar passando por alguns dos sintomas descritos aqui. O ganho em qualidade de vida será imensurável. 







 Dra. Hanah Mustapha Abou Arabi - médica coordenadora de interconsultas psiquiátricas do HSANP, centro hospitalar localizado na zona Norte de São Paulo.


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