Pesquisas
Datafolha
A Associação Paulista de Medicina, por intermédio
do Datafolha, realizou entre abril e julho de 2018 duas pesquisas conhecer melhor os problemas enfrentados por
pacientes e médicos na relação com os planos de saúde e no SUS.
Os dados apontam dificuldade gigantesca para o
acesso à assistência, além de obstáculos de toda a ordem para a realização de
exames laboratoriais, cirurgias e internações.
Pesquisa população
Captar a opinião dos cidadãos usuários sobre o
atendimento de planos ou seguros de saúde do Estado de São Paulo foi o objetivo
da pesquisa número 1. As entrevistas foram realizadas de 25 de abril a 2 de
maio, para uma amostra total de 836 pessoas, com 18 anos ou mais de todas as
classes econômicas. A margem de erro é de 3 pontos percentuais.
Só para ter uma ideia de grandeza numérica, a
população adulta do estado hoje é de 34,5 milhões (fonte IBGE). Os
usuários de planos de saúde são aproximadamente 40% deste universo, ou seja, 13,7
milhões. A pesquisa ouviu aqueles que utilizaram a rede suplementar nos últimos
24 meses: 11,2 milhões de pacientes.
O índice de
usuários com algum problema na utilização dos serviços teve um salto
estrondoso. Cresceu 25%, passando de 77%, em 2012, para 96% atualmente. Isso
significa que as dificuldades com os planos de saúde praticamente são
universais, pois beiram os 100%.
Outra vez
uma ideia de grandeza: enfrentarem problemas 10,8 milhões de pessoas, entre
11,2 milhões dos utilizaram a rede suplementar nos últimos 24 meses.
Consultas
médicas e exames diagnósticos foram os serviços mais usados pela população. Em
todos eles, o índice de problemas aumentou de seis anos para cá, em especial no
pronto atendimento (pronto socorros).
Nas
consultas médicas, as dificuldades passaram de 64%, em 2012, para 76% agora.
Para um paciente conseguir exames e diagnósticos, está virando milagre. As
queixas aumentaram em quase 50%, pulando de 40% para 72% no período. No pronto
atendimento, 8 em cada 10 pacientes de planos de saúde que utilizaram serviços
enfrentaram algum um tipo de problema.
De 2012 para 2018 também ficou mais difícil liberar
uma guia junto aos planos de saúde, o que pode ser indicativo da criação de
barreiras. Neste quesito, as dificuldades eram relatadas por 59% há seis anos e
atualmente por 71%.
Por falta
de opções/dificuldades para o atendimento nos planos de saúde, os usuários,
mesmo pagando altas mensalidades, vêm sendo empurrados para o SUS ou para o
atendimento particular.
Há seis
anos, 15% engrossavam as estatísticas dos que se viam obrigados a buscar
tratamento na rede pública. Hoje, são 19%. Já aqueles que tiveram de recorrer a
serviços particulares, por absoluta falta de opção do sistema suplementar,
aumentaram em mais de 100%: eram 9% em 2012 e são 19% em 2018.
A pesquisa
1 Datafolha-APM também aponta que os usuários desconhecem os prazos máximos
para atendimento estabelecidos pela Agência Nacional de Saúde Suplementar.
Aqui fica evidente que a ANS não tem cumprido adequadamente seu papel de órgão regulador.
Aqui fica evidente que a ANS não tem cumprido adequadamente seu papel de órgão regulador.
Outra percepção importante dos pacientes é a de que
as empresas dificultam a realização de procedimentos de custo maior, colocam
restrições ao trabalho dos médicos, inclusive pressionando-os a antecipar altas
(reduzir tempo de internação), postergam a autorização de exames e
procedimentos, além de não cumprir todas as regras do contrato.
Pesquisa médicos
A segunda pesquisa
Datafolha-APM tem como público-alvo os médicos. Foi realizada entre 12 de junho
e 2 de julho, para levantar a percepção dos profissionais quanto aos planos de
saúde e a assistência na rede pública (SUS). A amostra total é de 615
entrevistas no Estado de São Paulo, a margem de erro, de 4 pontos percentuais.
Nove
em cada dez médicos (90%) declaram que há interferência das empresas da área
suplementar no exercício da medicina. Seis em cada dez apontam restrições
quanto à solicitação de exames para o diagnóstico e alternativas de tratamento.
Ficam evidentes também entraves para a prescrição de medicamentos de alto
custo, tempo de internação e de pós-operatório, entre outros.
Sessenta
por cento dos entrevistados trabalham no Sistema Único de Saúde. Só 2 entre
cada 10 declaram conseguir internar um paciente com facilidade. Quanto ao tempo
para internação, há queixas de 9 entre cada dez.
Oitenta e
cinco porcento dos médicos que atendem SUS não vêm facilidade para obter uma
sala de cirurgia. Dificuldade excessiva é relatada por 91%. Também são 9 em
cada 10 profissionais os que apontam que o SUS não possui equipamentos
adequados para exames e diagnósticos.
Mais um
dado alarmante: cerca de 7 entre 10 médicos (64%) já sofreram algum tipo de
agressão no exercício da medicina. O mais grave é que 12% denunciam que já
foram vítimas de agressão física, como tapas, chutes e socos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário