A Dermatologista
Denise Steiner explica as características da doença e aponta as principais
formas de tratamento
O melasma é uma mancha acastanhada que aparece
geralmente no rosto, mas pode ocorrer com menos frequência nos braços e no
colo. É mais comum em mulheres, porém também pode se manifestar em homens.
Apesar de ter diversos tratamentos para o controle dos sintomas, o melasma não
tem cura.
Características da mancha:
- Acastanhada;
- Sem inflamação;
- Sem avermelhamento;
- Pode ou não ter vascularidade.
“Basicamente, é uma mancha castanha que compromete
o rosto como uma máscara, que é o que diferencia o melasma das demais manchas”,
explica a coordenadora do Departamento Científico da Sociedade Brasileira de
Dermatologia, Denise Steiner.
Existem inúmeras teorias a respeito do aparecimento
de melasma, pois muitos fatores estão implicados no aparecimento destas
manchas. “Sem dúvida nenhuma, o que causa o melasma é a produção excessiva de
melanina pela célula chamada melanócito, que é uma célula que está localizada
na camada basal da epiderme e distribuída por toda nossa pele”, explica a
especialista.
O que interessa a respeito do melasma são os
estímulos relacionados com o potencial dessa célula de produzir mais melanina.
O sol, ou seja, a radiação ultravioleta, é o principal estímulo, mas existem
outros como hormonais, o estresse e até alguns tipos de medicações.
“Trabalhos mais recentes têm apontado a importância
dos vasos. Considera-se que na região do melasma haja também uma maior
quantidade de vasos e que eles estejam dilatados. Desta forma, há aumento dos
fatores de crescimento endoteliais, que são fatores diretamente estimulantes
dessa vascularização”, acrescenta a dermatologista.
Existem estudos mostrando uma grande relação do
melasma com o fotoenvelhecimento, ou seja, a pele onde está localizado o
melasma também é mais envelhecida e tem mais elastose. Além disso, também pode
haver uma correlação do melasma com a atividade dos estrógenos e progesterona,
justificando seu aparecimento na gravidez.
O tratamento do melasma é complexo. São utilizadas
substâncias clareadoras, porém as mesmas não devem ser agressivas, para evitar
inflamação. O potencial clareador deve existir, porém a pele deve permanecer
normal e não vermelha ou inflamada.
A hidroquinona é cada vez menos utilizada devido ao
seu potencial tóxico. Hoje, são utilizadas substâncias como ácido tranexâmico,
arbutin, ácido azelaico, vitamina C, retinol, ácido tioglicólico, dando preferência
para combinações potencializadoras do clareamento.
No Congresso do IMCAS 2017
- International Master Course on Aging Science. Os principais tratamentos
indicados para o melasma foram:
* Ácido tranexâmico via oral, sendo usado 250mg 2x
ao dia, a glutadiona na dose de 500mg 3x ao dia. A ideia é que esses ativos
bloqueiem o estímulo do sol e evitem a maior formação de melanina.
* O laser Nd Yag Q-switched, com energia baixa e
pulso ultrarrápido, destrói o pigmento sem causar queimadura. Este laser é
especificamente aprovado para o tratamento do melasma, pois libera pouco calor
e agride muito menos a pele. São necessárias 12 sessões, sendo que a pele fica
ligeiramente rosada após a aplicação. Ele é feito em todo o rosto, melhorando
também olheiras e o tônus da cútis.
* O microagulhamento da pele, com ou sem associação
de medicamento, provoca o aumento de fatores de crescimento, clareando a cútis.
A pele fica avermelhada e levemente machucada por 3-4 dias, sendo necessário o
uso de bases com filtro solar. Essa técnica também melhora a cútis e são
necessárias de 4 a 6 sessões com intervalos mensais.
O melhor momento para tratar o melasma é após o
alto verão. Lembrando que o filtro solar nunca deve ser esquecido, sendo
necessária proteção alta (UVA e UVB), bloqueio da radiação com reflexão da luz
“filtro físico” e cor com pigmentos como, óxido de ferro, que protegem da luz
visível, como lâmpadas e computadores.
O melasma apesar de não ser grave e nem contagioso,
deve ser tratado por um médico especialista.
Dra. Denise Steiner - médica pela Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e especialista em Dermatologia
pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da qual foi presidente entre
os anos de 2013 e 2014. Atualmente, a dermatologista é Coordenadora
Científica da Sociedade Brasileira de Dermatologia. Dra. Denise Steiner também é
especialista em Hansenologia, em Saúde Pública e em Medicina do Trabalho,
além de ser Doutora em Dermatologia pela Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP). Também é autora de várias publicações
de reconhecimento nacional e internacional, entre elas: “Calvície – Um
assunto que não sai da cabeça”, “Beleza sem Mistério” e “Envelhecimento
Cutâneo”.
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