Uso de protetores auriculares, manter a distância das
caixas acústicas, além da ingestão cautelosa de bebidas alcoólicas e alimentos
gordurosos evitam danos auditivos
Claudia Leitte em ensaio técnico com protetor
auricular (Foto: Rodrigo Gorosito/G1)
No período de Carnaval algumas pessoas ‘extravasam’
mais do que de costume o que pode trazer prejuízos à saúde, como, por exemplo,
aos ouvidos, pois elas passam a ter um sintoma muito comum na população: o
zumbido. “O zumbido é uma indicação de que algo de errado está acontecendo
no organismo, como se fosse um desajuste, devido ao excesso de som alto,
ingestão de gordura, cigarro, álcool e até alguns medicamentos ingeridos. E é
neste período que as consultas no consultório com pessoas com o zumbido e
outros problemas aumentam”, explica Dra. Tanit Ganz Sanchez, Otorrinolaringologista
com doutorado e livre-docência pela FMUSP e diretora-presidente do Instituto
Ganz Sanchez.
O som alto dos ensaios das Escolas de Samba, dos shows
e das baladas podem causar o chamado “Trauma Acústico”, que é uma lesão no
ouvido interno frequentemente causada pela exposição a ruídos com decibéis
elevados. A dica, segundo a especialista, para evitar isso é colocar os
protetores auriculares, já usados até pelas celebridades do carnaval, e fazer
um intervalo de hora em hora do barulho, além de manter distante das caixas
acústicas.“Esse cuidado é necessário para manter que os tímpanos não sejam
afetados e nenhuma outra parte do canal auditivo, pois temos pacientes sendo
tratados devido a essas exposições e o som alto, que pode até causar danos
irreversíveis”, complementa a Profa Dra. Tanit Ganz Sanchez.
Os números do zumbido no ouvido:
O zumbido no ouvido ocorre com pessoas de todas as
idades, inclusive crianças e adolescentes, podendo comprometer o sono, a
concentração na leitura, o equilíbrio emocional e até a vida social e familiar.
Aumento progressivo do número de pessoas com Zumbido:
Um levantamento do Instituto Ganz Sanchez
estima que no Brasil ha de 34 a 48 milhões de pessoas com zumbido no ouvido,
tratando-se de um aumento expressivo em relação aos 28 milhões estimados há
quase 20 anos.
Surdez antes dos 40 anos:
A pesquisa “Prevalência e causas de zumbido em
adolescentes de classe média/alta”, realizada com apoio da FAPESP e
publicada na revista Scientific Reports, do grupo Nature, mostrou que,
entre 170 adolescentes de 12 a 17 anos de uma renomada escola privada de São
Paulo, 54,7% confirmaram ter ou já ter tido zumbido nos últimos 12 meses.
Desses, mais da metade percebia ou piorava do zumbido após exposição a música
alta.
Para a Dra. Tanit, essa porcentagem surpreendeu, já
que a expectativa era de um resultado semelhante aos 37% revelados em seu
estudo prévio com 506 crianças. Considerando que o zumbido afeta os ouvidos
mais vulneráveis, esse achado aponta para uma situação mais grave: “Se essa
geração de adolescentes continuar se divertindo na presença de níveis elevados
de ruído, provavelmente apresentará perda de audição antes dos 40 anos, mesmo
que a estimativa de vida chegue a perto dos 100 anos”, estimou a médica.
12 dicas para evitar o zumbido nas festas e
comemorações:
1. Em locais barulhentos: use protetores
de ouvido e faça intervalos de 10min/h. Não ache “normal” sair da balada com
zumbido!
2. Com fones de ouvido: evite ultrapassar
a metade da potência ou usar mais que 2 horas.
3. Alimente-se 4 a 6 vezes ao dia,
evitando abuso de cafeína, doces, sal, álcool e nicotina.
4. Hidrate-se bem para seus rins
eliminarem melhor as toxinas.
5. Exercite-se 5 vezes por semana: seu
metabolismo e circulação vão melhorar.
6. Troque o silêncio por estimulação com
baixo volume de sons suaves, mesmo durante a leitura ou o sono. Isso ajuda no
controle do zumbido e da hipersensibilidade aos sons.
7. Diminua o tempo de celular direto no
ouvido, pois a radiação eletromagnética pode ser prejudicial.
8. Evite automedicação: certos remédios
podem agredir os ouvidos.
9. Alivie seu estresse com atividades
relaxantes eficazes: yoga, meditação, Tai-Chi-Chuan, Chi-Cong etc.
10. Incorpore mais momentos de prazer na
sua vida para restaurar a função dos órgãos.
11. Visite seu médico regularmente para
exames preventivos gerais e auditivos.
Profa
Dra. Tanit Ganz Sanchez -
Otorrinolaringologista com doutorado e
livre-docência pela USP, Fundadora do Instituto Ganz Sanchez, Criadora da
Campanha Nacional de Alerta ao Zumbido (Novembro Laranja) e do Grupo de Apoio
Nacional a pessoas com Zumbido (GANZ). Assumiu a missão de desvendar os
mistérios do zumbido e é pioneira nas pesquisas no Brasil, sendo reconhecida
por sua didática, objetividade e compartilhamento aberto de ideias. Realiza
pesquisas sobre Zumbido e Intolerância a Sons (Hiperacusia e Misofonia).
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