Muitos problemas de infertilidade
masculina poderiam ser detectados ainda no útero – desde que estivessem
relacionados apenas a alterações genéticas. Mas evidências sugerem que fatores
ambientais acabam comprometendo não só a fertilidade dos homens como a dos
fetos também. Um time de especialistas em Medicina Reprodutiva da Dinamarca, Finlândia
e Estados Unidos fez uma revisão detalhada de estudos nesse sentido e chegou à
conclusão de que disruptores endócrinos presentes em diversas substâncias
químicas a que os jovens estão expostos pode comprometer não só sua capacidade
de procriar, bem como a de seus futuros filhos.
Os pesquisadores investigaram a incidência
de câncer nos testículos e desordens no desenvolvimento de órgãos masculinos,
além do nível de testosterona, qualidade dos espermatozoides, proporção no
nascimento de meninos e meninas, e demanda por técnicas de fertilização
assistida. Além de mutações genéticas, também estudaram o impacto de fatores
ambientais e de estilo de vida moderno na capacidade reprodutiva masculina – o
que incluiu exposição a produtos químicos, ocorrência de eventos traumáticos,
nutrição e prática de esportes.
As análises mostraram que a queda na
qualidade do sêmen contribuiu muito para o aumento da infertilidade e para um
aumento de demanda por tratamentos de fertilização assistida. Também ficou
evidente o aumento de casos de câncer testicular, principalmente na população
formada por brancos caucasianos (descendentes de europeus). Por fim, também
notaram aumento de anormalidades congênitas dos órgãos reprodutivos masculinos
em recém-nascidos. “Fiquei surpreso com tantos casos de queda na qualidade do
sêmen de homens jovens, entre 20 e 25 anos. Aparentemente, trata-se de um
problema sério relacionado a países industrializados”, disse Niels Skakkebaek,
da Universidade de Copenhagen, na Dinamarca.
Segundo Edson Borges Junior, especialista
em Medicina Reprodutiva e diretor científico do Fertility Medical Group,
um disruptor endócrino pode ter muitos alvos no sistema reprodutivo masculino.
“Os disruptores endócrinos costumam estar presentes em fórmulas de detergentes,
produtos de higiene pessoal, resinas plásticas, tintas, agrotóxicos,
fertilizantes etc. Eles conseguem mimetizar os hormônios naturais, inibindo a
ação deles e desregulando todo sistema endócrino – o que, em muitos casos,
acaba resultando em infertilidade”.
Borges alerta para o fato de que esses
componentes estão muito presentes no dia a dia das pessoas, tanto que elas nem
se dão conta de sua agressividade ao respirar, ingerir ou entrar em contato com
eles. O grande problema é que, ao entrar na corrente sanguínea, passam a
interagir com o organismo de forma agressiva. “O homem ainda não se deu conta
do quanto a natureza está dando o troco às agressões sofridas. Um dos maiores
desafios que encontramos é o impacto direto de determinadas substâncias sobre a
espermatogênese e a produção de andrógenos. Por conta dessa contaminação,
muitos homens – até mesmo aqueles bastante jovens – não produzem quantidade
suficiente de espermatozoides para engravidar a parceira. Quando têm
quantidade, a qualidade dos espermatozoides é baixa demais ou eles apresentam
defeitos. Os efeitos disso no longo prazo serão devastadores para a raça
humana”.
Agressões ao solo, água e ar têm sido tema
de algumas discussões globais acerca do impacto sobre a vida na Terra. Estudos
indicam que os disruptores endócrinos alteram o sistema endocrinológico de
homens e mulheres, comprometendo a regulação dos hormônios e influenciando
diretamente testículos, ovários, tireoide, metabolismo, desenvolvimento fetal
etc. Sendo assim, o sistema reprodutor está sob ameaça constante.
Fontes:
Dr.
Edson Borges Junior - medico urologista, especialista em Medicina
Reprodutiva, sócio-fundador e diretor científico do Fertility Medical Group.
www.fertility.com.br
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