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terça-feira, 30 de junho de 2020

Com a volta ao trabalho presencial, tutores devem ficar atentos com a saúde dos pets


Depois de meses de interação intensa, animais podem desenvolver ansiedade de separação pós-quarentena


Com a flexibilização da quarentena, além das preocupações que envolvem a volta ao trabalho, como aglomerações e o perigo da contaminação em meio à pandemia da Covid-19, a atenção com relação aos pets também deve ser redobrada. Isso porque, depois de um longo período em companhia de seus tutores, os animais podem sofrer por ansiedade de separação.

“Esse é um problema que muitos pets vão vivenciar, principalmente os que desenvolvem o que chamamos de hipervínculo afetivo. Sabemos que o vínculo afetivo existe, a relação humana com os animais é muito forte, mas neste momento isso pode trazer consequências muito importantes na questão comportamental”, enfatiza a médica-veterinária Cristiane Schilbach Pizzutto, presidente da Comissão Técnica de Bem-estar Animal (CTBEA) do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de São Paulo (CRMV-SP).

De acordo a zootecnista Paola Rueda, especialista em Bem-estar Animal e membro da CTBEA do CRMV-SP, com a quebra deste contato freqüente, proporcionado pelo isolamento social, tanto o animal como o tutor podem sofrer pela separação. A especialista destaca que os sintomas de ansiedade de separação em cães envolvem a destruição de móveis e objetos e, algumas vezes, até a automutilação na ausência do tutor.

“Observam-se também sinais fisiológicos como salivação, aumento do batimento cardíaco e respiratório, e quadros de pânico. É uma situação complexa e que merece cuidados. Segundo estudo da Universidade Federal de Juiz de Fora, em gatos os sinais da ansiedade de separação foram identificados como comportamento destrutivo, vocalização excessiva, inadequação da eliminação da urina e depressão-apatia”, afirma Paola.

O zootecnista Alexandre Rossi, especialista em comportamento animal e membro da CTBEA do CRMV-SP, lembra que esse fenômeno costuma acontecer quando as pessoas tiram férias ou ficam desempregadas por um longo período. O especialista alerta que, mesmo cães saudáveis, podem apresentar ansiedade de separação, por serem extremamente sociáveis e gostarem muito da companhia das pessoas.

“Os comportamentos mais comuns são os instintivos de reunir o grupo ou de tentar encontrar os outros. Por exemplo, uivar para chamar o grupo, cavar a porta para tirar o obstáculo do caminho, chorar, latir, fazer xixi e cocô em locais que chamem a atenção, como sofás e camas. Tudo isso serve para chamar a atenção do grupo de forma auditiva ou olfativa”, explica Rossi, alertando para o fato de que existem casos em que os cães simplesmente não aceitam ouvir a palavra tchau e atacam até mesmo visitas, outros latem tentando ir junto e alguns chegam a ficar deprimidos e perdem a vontade de comer, beber água, brincar, e, às vezes, até deixam de fazer suas necessidades.


Como minimizar a ausência

Mas se a volta ao trabalho é inevitável, o que fazer para que a ausência do tutor não se transforme em uma rotina estressante para os animais? Para minimizar o impacto da falta do tutor e deixar o pet confortável em sua ausência, segundo o especialista em comportamento animal, existem vários protocolos que podem ser utilizados, que normalmente envolvem acostumá-los a pequenas separações no dia a dia, aumentar a quantidade de exercício e atividade física e criar atividades com brinquedos interativos ou enriquecimento ambiental.

“Nos casos mais extremos, a terapia comportamental pode ser feita em conjunto com uma terapia medicamentosa. Tudo vai depender da gravidade do caso e da resposta ao tratamento. Os comportamentos compulsivos podem ser ‘viciantes’ e quanto antes controlá-los, melhor”, afirma Rossi.

A presidente da CTBEA alerta que é muito importante que não se espere a volta à rotina normal para diminuir o hipervínculo tutor/animal. A recomendação é que sejam criados momentos de isolamento do tutor em relação ao pet ainda durante o home Office. Trancando- se no quarto, por exemplo, para ler um livro ou indo tomar banho sem deixar o cachorro ou o gato entrar. É preciso criar essas situações de isolamento para o animal entender que o tutor não está por perto. Outra recomendação é vestir-se com certa frequência como se fosse sair para que o animal perceba que essa rotina vai começar a ser retomada.

“Uma das técnicas que a gente tem preconizado para as pessoas é que elas comecem a desenvolver alguns enriquecimentos mais sensoriais e menos sociais. Os sociais envolvem a relação intensa, brincadeiras e interação com o animal. Já as sensoriais são quando o tutor oferece enriquecimentos olfativos, alimentares, mas deixa o animal interagir sozinho e permanece distante”, afirma Cristiane, lembrando que quando só há um animal na casa, ele pode passar a frequentar, algumas vezes por semana, hotéis ou o serviço de daycare, lugares onde ele possa se socializar com outros animais e até minimizar o estresse da ausência do tutor com o retorno da rotina normal.

Cristiane destaca que os gatos muito ligados ao tutor também intensificaram esse relacionamento durante a quarentena, por isso, é preciso também se isolar do animal por alguns períodos. “E o gato mais individualista, que gosta da tranquilidade, de repente, com todo mundo em casa o tempo todo, pode ter ficado estressado e, nesse caso, a volta à rotina pode acalmá-lo. Tudo depende bastante do animal.”

Paola concorda que as atividades lúdicas auxiliam para minimizar o impacto no pet, até porque ausência de pessoas e falta do que fazer são a combinação perfeita para a ansiedade de separação se manifestar. “Uma ideia é dar ao seu cão um brinquedo recheado com algo realmente saboroso, pode até ser congelado para que ele leve mais tempo para comer. O ideal é retirar esses brinquedos especiais assim que voltar para casa, para que seu cão só tenha acesso a eles quando estiver sozinho. Este método funciona bem para casos leves”, ressalta a especialista em BEA.

O adestramento também pode ser uma boa saída para auxiliar na retomada da rotina. Rossi lembra que adestrar é fundamental, ensinar o comando “fica” possibilita que o tutor treine essas pequenas separações no dia a dia dentro de casa mesmo, por exemplo, pedindo para o cão esperar no sofá da sala, enquanto vai pegar um copo de água. “O treino também melhora muito a comunicação e as pessoas percebem que estavam reforçando comportamentos errados, como entrar na casa quando o cão começa a latir”, conclui.


Dicas para ajudar na volta à rotina

- Os casos moderados ou graves de ansiedade de separação requerem um programa mais complexo de dessensibilização e contra-condicionamento. Acostume gradualmente o cão a ficar sozinho, começando com separações curtas que não produzam ansiedade, aumentando gradualmente a duração das separações com sessões diárias.

- Crie um ambiente seguro para o animal, com uma caminha confortável e segura, evite deixá-lo na lavanderia com a máquina de lavar ligada. Se o animal for muito sensível, cada movimento da máquina irá assustá-lo e pode ser um gatilho.

- Dê ao seu cão pelo menos 30 minutos de atividade aeróbica, diariamente, pode ser uma caminhada ou brincadeiras de caçar a bolinha. Tente exercitar seu cão antes de deixá-lo sozinho, isso pode ajudá-lo a relaxar e descansar enquanto você estiver fora.

- Todas estas dicas são aplicáveis aos gatos, lembrando que normalmente eles ficam melhor sozinhos durante o dia porque é um período de menor atividade. Mas se você trabalha à noite, pode aplicá-las.

- Cada animal é um indivíduo, tente todas as dicas porque algumas podem funcionar melhor do que outras em seu animal.

- Não faça festa, nem dê bronca ao chegar em casa, essas duas atitudes ou até a combinação delas vão aumentar a ansiedade do cão nas próximas separações. O ideal é chegar e sair naturalmente, só dando atenção ao pet quando ele se acalmar.

- Retome a alimentação e passeios diários na hora de costume e trabalhe essas questões de se ausentar de forma gradativa, não deixe para fazer tudo de última hora para que os animais sintam o menos possível.

- Caso os quadros comportamentais se agravem e, mesmo aplicando todas essas dicas, procure um médico-veterinário comportamentalista que possa auxiliá-lo.





Sobre o CRMV-SP
O CRMV-SP tem como missão promover a Medicina Veterinária e a Zootecnia, por meio da orientação, normatização e fiscalização do exercício profissional em prol da saúde pública, animal e ambiental, zelando pela ética. É o órgão de fiscalização do exercício profissional dos médicos-veterinários e zootecnistas do estado de São Paulo, com mais de 39 mil profissionais ativos. Além disso, assessora os governos da União, estados e municípios nos assuntos relacionados com as profissões por ele representadas.

O seu pet está protegido contra a tosse dos canis?


Muitos tutores não sabem, mas os cães também sofrem com as mudanças climáticas e podem ser afetados pela traqueobronquite infecciosa, popularmente conhecida como tosse dos canis


O inverno chegou e as temperaturas já começaram a cair em diversas partes do país, gerando incômodo para os humanos e também para os animais. Muitos tutores não sabem, mas os pets também sofrem com as mudanças climáticas.
No caso dos cães, por exemplo, é nessa época que os casos de traqueobronquite infecciosa, popularmente conhecida como tosse dos canis, aumentam. Com sintomas parecidos ao da gripe humana, a doença é altamente contagiosa.

“Essa enfermidade possui vários agentes etiológicos que podem agir isoladamente ou em conjunto para contaminação do animal. A bactéria Bordetella bronchiseptica é considerada a principal causadora do quadro, e o vírus causador da parainfluenza canina (adenovírus) um dos agentes complicadores mais comuns”, afirma o médico veterinário e Gerente Técnico da Unidade Pet da Ceva Saúde Animal, Claudio Rossi.

A doença acomete principalmente as vias aéreas superiores dos cães, normalmente causando tosse seca, que pode vir acompanhada por secreção nasal límpida a catarral, espirros e em alguns casos, febre e apatia. “A tosse é resultado da irritação da traqueia, sendo geralmente alta (sonora), sem secreção (seca), e por conta da inflamação e edema local, costuma ser mais evidente em momentos de maior atividade do cão, como na prática de exercício ou em excitação. Os animais doentes também podem apresentar complicações pela evolução do quadro e acometimento das vias aéreas inferiores (brônquios e bronquíolos pulmonares), podendo manifestar dificuldade respiratória”, explica Claudio.

Os pets podem ser infectados de forma direta através do contato com outros cães acometidos, ou de forma indireta, por meio de secreções respiratórias, correlacionadas aos ambientes com áreas de uso comum, como canis, pet shops, hotéis, entre outros. “Para evitar a proliferação da doença, o cão contaminado deve ser isolado do convívio com outros animais por cerca de duas semanas”, conta Claudio.

Caso não seja tratada corretamente, a doença pode causar complicações como broncopneumonia bacteriana. Por conta da imunidade em desenvolvimento, os filhotes, especialmente os recém desmamados e não vacinados, correm mais riscos de contrair a doença.

Caso o animal apresente qualquer manifestação clínica compatível com a enfermidade, a recomendação é procurar o veterinário de confiança. “No atendimento será possível avaliar o cão e realizar exames que confirmem o diagnóstico e permita que se institua o tratamento adequado, além de terapia de suporte e sintomática conforme a necessidade”, relata Claudio.

A vacinação correta é a chave para prevenção da doença. “Os cães devem ser vacinados ainda filhotes contra a tosse dos canis e revacinados pelo menos anualmente para minimizar o risco de ocorrência de doença clínica”, afirma Claudio.

Sempre em busca de soluções que assegurem o bem-estar animal, a Ceva desenvolveu a Bronchimune®. A vacina oferece proteção contra a bactéria Bordetella bronchiseptica, principal agente causador da tosse dos canis, promovendo a imunização sistêmica do cão vacinado, e que pode ser aplicada em filhotes a partir da 6a semana de vida.




Ceva Saúde Animal

Pets exóticos precisam de cuidado redobrado no inverno


Se os humanos de boa parte do país já tiraram agasalhos e cobertores pesados do armário, é hora de lembrar que os animais de estimação também gostam de ficar quentinhos. No caso dos pets exóticos, como calopsitas, jabutis, coelhos e serpentes, entre outros, os cuidados com o manejo devem ser redobrados. Afinal, as baixas temperaturas também mexem com o metabolismo desses animais de estimação, podendo causar desconforto e doenças. 

Membro da Comissão Nacional de Animais Selvagens do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CNAS/CFMV), o médico-veterinário Isaac Albuquerque informa que é importante definir o que é frio para animais silvestres e exóticos: “É a temperatura abaixo de um gradiente de conforto térmico, ideal para ativar o metabolismo dos animais. Cada espécie apresenta uma temperatura ótima. Para uma jiboia, por exemplo, ela fica entre 23oC e 30oC; abaixo disso, já é frio para a espécie”.

Répteis e peixes, segundo Albuquerque, sofrem nesta época do ano, pois são animais exotérmicos, ou seja, necessitam de fontes externas para manter a temperatura corporal num nível de conforto. Por isso, destaca, para manter o metabolismo regulado, quem cria animais como cágados, tigres d’água e serpentes deve manter equipamentos como termostatos e lâmpadas de aquecimento em aquários e terrários.

As aves também são sensíveis às baixas do termômetro, pois possuem temperatura corporal normal de 42 graus. A médica-veterinária Karolina Vitorino, que atende animais silvestres, em Brasília, esclarece: quem tem calopsitas, cacatuas e papagaios, por exemplo, e vive onde o termômetro baixa dos 18 graus, vale investir em aquecedor portátil, cobertores nas gaiolas e manter os animais em ambientes mais aquecidos, longe de janelas abertas, varandas e quintais.

“É recomendado um termômetro de parede, para controlar a temperatura ambiente, colocar as aves para dormir mais cedo e acordá-las mais tarde, isto é, deixar a gaiola coberta por um período maior”, recomenda. A médica-veterinária sugere, ainda, que a gaiola fique parcialmente coberta também durante o dia e nada de banheira de água ou água borrifada nos animais, expedientes necessários e saudáveis em períodos quentes.

Por outro lado, roedores, como chinchilas e hamsters, ficam a mil por hora no frio, mais ativos e brincalhões. Karolina explica que é no calor que sentem desconforto, quando são comuns casos de morte por hipertermia (subida excessiva da temperatura corporal). Como têm metabolismo acelerado, sentem-se bem na temperatura amena. “Mesmo assim, se fizer muito frio, podem se sentir incomodados”, pontua.

Albuquerque relata que as principais doenças observadas nos animais silvestres e exóticos, em decorrência da baixa temperatura, são pneumonia, bronquite, congestão e sinusite. Karolina lembra que, nas aves, o período do inverno coincide com a muda de penas, o que demanda esforço extra do organismo e pode gerar imunodepressão. “A soma de fatores abre portas para o desenvolvimento de infecções oportunistas, não só sinusite e aerossaculite, como até candidíase, caso alimentação e manejo não estejam adequados”, alerta a médica-veterinária.

Alguns sintomas indicam o desconforto com o frio. Por isso, os tutores devem ficar alertas para identificar letargia, redução ou perda do apetite (hiporexia e anorexia) e baixa digestão. No caso das aves, podem ocorrer penas eriçadas (forma de criar uma barreira entre a temperatura corporal e a do ambiente externo), vasoconstrição periférica (patinhas e bico roxos) e tremores.

Outras espécies buscam se entocar para se aquecer. Coelhos e porquinhos da índia, que circulam mais no chão das casas, podem também desenvolver doenças respiratórias, por isso, é importante evitar que permaneçam em ambientes frios e úmidos. “Colocar feno na toca e forrar o chão com tecido soft é uma forma de protegê-los”, aponta Karolina.

Outros cuidados incluem, ainda, oferecer alimentos e água em temperatura ambiente. Caso frutas, legumes e verduras estejam guardados na geladeira, o indicado é retirá-los um pouco antes. Se houver necessidade, o médico-veterinário pode indicar o consumo de suplementos.




“É comum que comam menos no período de temperatura baixa, porque a digestão exige do organismo gasto de energia para o metabolismo. Digerir alimentos gelados demanda ainda mais energia, por isso a importância de evitar oferecê-los dessa forma”, destaca a médica-veterinária.

Karolina assinala que, instintivamente, por autopreservação, animais silvestres e selvagens demoram a manifestar sinais clínicos quando adoecem. Na natureza, as fraquezas se tornam oportunidades para os predadores. Mais um motivo para que os pets exóticos passem, no mínimo, uma vez ao ano, por consulta de rotina com médico-veterinário especializado, para check-up e orientação ao tutor quanto ao manejo e comportamento da espécie escolhida. E, em caso de dúvidas ou sintomas suspeitos, é preciso levar o animal à clínica de confiança.



Temperatura de conforto

Roedores (chinchilas, hamsters, ratos) e lagomorfos (coelhos): 18oC a 24oC

Répteis: 24oC a 28oC, na zona fria; e 35oC a 38oC, na zona quente

Aves: 18oC a 28oC





Fonte: médica-veterinária Karolina Vitorino 



ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO: COMO PREPARAR SEU CÃO PARA FICAR SOZINHO EM CASA NOVAMENTE


Especialista dá dicas para tornar o processo menos doloroso para donos e pets.


Para algumas pessoas, o home office foi um período cheio de novidade e ideal para desfrutar da companhia de seus animais de estimação. Alguns aproveitaram ainda para adotar um novo amigo. No entanto, com a quarentena sendo afrouxada e os tutores precisando retornar as sus atividades longe de casa, os animais podem sofrer com o distanciamento repentino. “Os cães são altamente sociais, e é por isso que nos damos tão bem com eles, por outro lado, se eles se veem em uma situação onde todos estão em casa e de repente não estão mais, isso pode levar a alguns problemas comportamentais” – afirma o adestrador Bruno Moreno.

Alguns, são geneticamente predispostos ao problema, mas a ansiedade de separação pode ser desencadeada a qualquer momento, como consequência de um evento traumático, como ir parar em um abrigo ou por uma mudança drástica e repentina na rotina. De acordo com o especialista os cães se sentem mais seguros quando estão na companhia de membros de sua matilha, seus donos ou outros cães. Por isso, é necessário que o tutor vá deixando o pet sozinho de maneira gradual, até voltar a rotina. Com isso, o momento da separação total não será tão traumático.

A ansiedade de separação é um dos distúrbios comportamentais mais desafiadores para os cachorros. Os pets que sofrem com esse distúrbio não gostam apenas de ficar longe de seus tutores; eles sofrem de ataques de pânico quando deixados sozinhos. “Durante um episódio, o cachorro pode exibir uma variedade de comportamentos induzidos pelo estresse, como uivar ou latir sem parar, destruir móveis, desenterrar o quintal, deixar de comer, ficar paralisado em frente a porta, entre outros” – pontua.

Por isso, uma das coisas mais importantes que os donos podem fazer agora é estabelecer uma rotina que se assemelhe àquela que eles tinham antes da quarentena. “Permita que seu animal de estimação tenha um tempo a sós. Você tem o seu espaço e ele tem o deles. E mesmo que você não saia de casa, coloque o animal atrás de um portãozinho ou em um ambiente separado para a adaptação, mas sempre ofereça algo que ele goste (como petiscos ou brinquedos de roer) para que não pareça um castigo” – resume.

A boa notícia é que, para qualquer cão que demonstre sinais de pânico nessa fase de adaptação, este é um ótimo momento para trabalhar e melhorar a resposta dele ao ficar sozinho, lembre-se que você ainda está em Home-Office e se aproveite disso para iniciar esse processo gradual de usar pequenas ausências que começam a ensinar o pet que ficar sozinho em casa é seguro e tranquilo.

Bruno alerta ainda para o momento do reencontro entre pet e tutor. Geralmente quando o cão encontra o seu dono, ele vai correndo para brincar e ganhar carinho e isso pode gerar uma crise de ansiedade, já que assim que ele notar que está sozinho vai começar a esperar pela chegada de alguém e quanto mais tempo isso durar, pior será para ele. “A dica aqui é, chegue, guarde suas coisas, lave as mãos, espere ele acalmar e aí sim, abaixe e brinque com ele. Não o agrade quando ele estiver pulando igual pipoca” – finaliza.

E embora seja importante dar um pouco de espaço ao cachorro durante o dia, é igualmente importante não reter a afeição quando estão juntos. “Dê amor ao seu bichinho de estimação, dê atenção e não pense que eles precisam pedir tudo sentado. Nada disso tem a ver com o seu cão ter ansiedade de separação. Na verdade, alguns podem até mesmo piorarem sem a atenção dos donos. Isso é estranho para eles e pode causar estresse" – reforça Bruno Moreno.

Outras formas de treinamento em casa podem facilitar a transição do seu cão para um tempo mais frequente sozinho. Aumentar a interatividade e a familiaridade do cachorro com diferentes formas de distração também é valioso. "Crie um ambiente em que o pet realmente goste, com brinquedos interativos para alimentação, por exemplo. Todavia, é importante que o dono não se culpe e lembre que saber deixar o animal sozinho é sinal de cachorro feliz e independe” - finaliza. 

Quer saber mais como o adestrador pode te ajudar?  Siga-o nas redes sociais: @segredodoadestramento


5 CONHECIMENTOS QUE VOCÊ DEVE TER SOBRE ALIMENTAÇÃO DOS PETS


Médica-Veterinária dá dicas para não errar na nutrição do seu
animal de estimação e ajudá-lo a ter uma vida com mais saúde e bem-estar


A qualidade de vida do pet está diretamente ligada à nutrição oferecida a ele, podendo até mesmo influenciar seu comportamento. Um gato e um cão bem alimentados, no sentido literal da expressão, podem ter menos chances de desenvolver uma série de doenças de natureza gastrointestinais, cutâneas, cardíacas e relacionadas à obesidade, por exemplo. Conhecimento e disciplina são as melhores opções para lembrar que amor também é reconhecer a natureza da espécie e tratá-la adequadamente. Por isso, a Médica-Veterinária Natália Lopes, Gerente de Comunicação Científica da Royal Canin Brasil, esclarece 5 dúvidas comuns ligadas à  alimentação de pets. Confira!


1. Deixar a vasilha do alimento sempre cheia e disponível é o recomendado sempre
DEPENDE

Temos duas situações distintas aqui. O comportamento alimentar do cão difere do comportamento alimentar do gato. Embora ambos devam se adaptar à rotina.
No caso dos cães adultos, eles são mais condicionados a realizarem uma, duas ou até três grandes refeições diárias. Já os gatos, possuem a natureza de fazerem pequenas e frequentes refeições ao longo do dia, sendo mais elegíveis ao tipo de alimentação citada. Além do perfil da espécie, também deve ser levada em consideração a rotina do tutor, pois existem aqueles que conseguem estar em casa para fracionar quantas refeições forem necessárias, e aqueles que passam o dia fora, o que torna necessário deixar o alimento disponível para o dia todo ou lançar mão de comedouros automáticos.
E a palavra-chave aqui é o fracionamento. Independentemente de o alimento estar à disposição do cão e do gato durante todo o dia, ele deve ter sua quantidade controlada de acordo com a prescrição do Médico-Veterinário ou recomendação da embalagem do fabricante. Vale se atentar a essa recomendação, pois geralmente ela se refere a uma quantidade de gramas que deve ser distribuída ao longo do dia e não por refeição.
O alimento disponível sem controle da quantidade poderá predispor o gato ou o cão à obesidade e suas doenças secundárias, como problemas ortopédicos ou diabetes. Além disso, é importante ressaltar os possíveis riscos de contaminação, como insetos, caso o alimento fique exposto por muito tempo. Vale saber que alimentos úmidos não são elegíveis a ficarem no ambiente por mais de 30 minutos, aproximadamente.
O estabelecimento de uma rotina é muito importante não só para o comportamento dos pets, como também para a supervisão do tutor de possíveis alterações em sua saúde, como a diminuição do apetite que ocorre em fase inicial de algumas doenças.


2. Alimentos para pets são todos iguais, só muda a marca.       
MITO

A qualidade dos alimentos manufaturados pode variar de acordo com a qualidade dos ingredientes utilizados, assim como com a inclusão de ingredientes funcionais específicos em sua fórmula, fazendo com que o alimento seja mais ou menos digestível. Ou seja, um alimento com alta digestibilidade apresenta maior absorção de nutrientes do que aquele com baixa digestibilidade. 
O tutor também deve optar por linhas de alimentos específicos para as características de raça, idade, estilo de vida, porte e necessidades fisiológicas do pet. Ao longo dos anos, consumir o alimento mais apropriado para a necessidade do pet garante a ele mais qualidade de vida, bem-estar e longevidade. Portanto, oferecer a nutrição correta e precisa também trará resultados positivos ao pet.
É indicado sempre buscar a recomendação de um Médico-Veterinário de confiança para saber qual é a melhor opção de alimento para o pet. Além disso, o próprio tutor pode entrar em contato com as marcas fabricantes e fazer perguntas que ele julgue necessário, como as relacionadas às medidas de segurança de produção, saber quem formula seus alimentos e onde eles são produzidos.


3. O formato e tamanho do croquete do alimento são feitos de forma aleatória
MITO

Dentro da ROYAL CANIN®, os croquetes combinam nutrientes precisos e balanceados com a anatomia do pet. O formato e tamanho da mandíbula e forma de preensão (como ele pega o alimento da vasilha) poderão ser considerados para o seu desenvolvimento, de forma que facilite a preensão e estimule a mastigação, conferindo tamanho, formato, textura e densidade específicos. Outros benefícios que um croquete adaptado proporciona podem ser vistos em relação à aceitação do alimento, saúde oral, controle de velocidade de ingestão e facilidade de digestão.
Podemos citar raças braquicefálicas, como o Pug, que tem mais dificuldade de preensão devido ao lábio superior ser mais espesso. Ou os gatos Persas, que pegam o croquete pela parte de baixo da língua. Um Yorkshire possui uma cavidade oral muito pequena e cálculos periodontais frequentes, sendo importante a penetração do dente nos croquetes. E alimentos voltados para emagrecimento e animais glutões, tendem a ser menos densos, de forma a conferir maior volume de refeição.
Portanto, os formatos dos croquetes não são formulados aleatoriamente! Pelo menos não na ROYAL CANIN®. A marca se dedica a estudar a habilidade de cada animal para desenvolver o formato do croquete que melhor se adapte ao estilo e característica de cada um.


4. O cachorro e o gato têm o paladar aguçado e, portanto, é necessário variar o sabor da comida

MITO
Se compararmos a anatomia dos cães, dos gatos e dos humanos, veremos que o conceito de sabor que nós, seres humanos, temos é bem diferente em relação aos animais. Dentre os 5 sentidos do pet, o paladar é o menos aguçado e o menos eficiente. E a explicação está na quantidade de papilas gustativas, que são responsáveis por permitir a distinção do doce, salgado, amargo e o azedo no alimento. Enquanto os cães contam com cerca de 1.700 papilas gustativas, os gatos possuem 500 e os humanos têm 9 mil!         

Mas então, você pode estar se perguntando como o pet é atraído pelo alimento. Primeiramente, pelo aroma. E aí está um sentido muito mais aguçado nos pets do que nos seres humanos: são de 80 a 220 milhões de células olfativas nos cães, 60 a 70 milhões nos gatos e 2 a 10 milhões no ser humano.   

Outro fator é a sensação que o alimento traz à boca desses pets, como formato, tamanho e textura do croquete, temperatura e o sabor em si, pela sua composição macro nutricional.


5. Para oferecer alimentação natural ao pet, basta selecionar ingredientes que considero saudáveis

MITO     
Alimentação natural ainda é um tema que carece de definições no Brasil. Entende-se por natural aquele alimento composto 100% por ingredientes que somente sofreram processos físicos, ou seja, um suplemento vitamínico já não seria considerado natural, pois pode ter processos químicos envolvidos. Hoje, é frequente que o tutor entenda como alimentação natural aquela que é preparada em casa, de forma artesanal e fora de ambientes industriais.

Apesar do uso de ingredientes considerados saudáveis, alguns riscos devem ser alertados para a prática. Em primeiro lugar, uma alimentação do tipo caseira deve ser sempre prescrita por um Médico-Veterinário e formulada por um Médico-Veterinário Nutrólogo ou Zootecnista. Ainda assim, pesquisadores da Universidade de Davis – Califórnia, analisaram livros didáticos, livros de receitas e blogs para Médicos-Veterinários e tutores, e constataram que em 95% das receitas havia deficiência de pelo menos um nutriente, e em 83% delas, dois ou mais nutrientes, como Zinco, Vitamina E, Vitamina D e Cálcio. Estudos realizados no Brasil pela Universidade Estadual Paulista (UNESP de Jaboticabal/SP), também avaliaram os riscos quando o tutor troca quaisquer ingredientes por conta, acarretando um desbalanço nutricional.

Por isso, se optar por esse caminho, considere falar um Médico-Veterinário especialista em nutrição para pets.



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ROYAL CANIN®

Saiba porque os animais domésticos vão sofrer com o fim da pandemia


O filósofo e neurocientista Fabiano de Abreu aponta porque nossos pets sentirão o efeito pós covid-19.


Por causa da emergência sanitária da covid-19 muitas cidades decretaram quarentena, obrigando assim as famílias a exercerem o isolamento social confinado dentro dos seus lares e, assim, de um momento para o outro, os nossos pets que ficavam sozinhos boa parte do dia enquanto íamos trabalhar, passaram a desfrutar da companhia familiar 24h por dia.

O neurofilósofo Fabiano de Abreu analisa o fenômeno e aponta que quando a pandemia chegar ao fim, nossos pets irão sentir os efeitos: “Os nossos animaissão muito ligados a nós afetivamente e a nossa presença os deixam muito felizes, e para eles, quanto mais tempo ficamos em casa, melhor. Com o fim do isolamento os nossos animais poderão começar a sofrer e sentir muito a nossa falta, pois eles já se habituaram com a nossa presença e a separação poderá ser muito custosa.”

Voltar à normalidade será bom para os humanos mas terrível para os pets

Segundo Abreu, a volta à normalidade pode ser um fator que desencadeie uma síndrome de ansiedade da separação já que eles já estão acostumados com a vida em família: “esteja certo que os seus pets estão adorando poder estar junto com todos os membros da família de uma só vez. Por isso, a ansiedade da separação é uma condição de pânico que podem despertar nos cães e gatos comportamentos destrutivos, como por exemplo, arranhar portas e janelas, latir ou uivar constantemente, urinar e defecar pela casa (mesmo em cães treinados), e, em alguns casos, pode despertar uma ação compulsiva de se machucarem sozinhos.”

O que fazer para amenizar a dor da solidão dos pets

O filósofo acredita que há uma estratégia que pode ser adotada para amenizar o sofrimento do seu pet: "Por conta disso, é imprescindível que voltemos a nossa atenção para eles no momento que tivermos que voltar ao trabalho. Devemos compensar a nossa ausência durante o dia, brincando, passeando, e dando muito carinho para eles quando retornarmos para casa.Eles não entendem muito bem o que está acontecendo, não sabem o que é uma pandemia, mas dá para perceber o tanto que estão felizes com a nossa presença 24h por dia.”


Vacinação dos cães: Você sabe a importância dela?


 Médica veterinária responde as principias dúvidas dos tutores  sobre a imunização dos pets


Os cães são importantes membros das famílias, especialmente no Brasil, onde a população de pets chega aos 54,2 milhões. Mas, apesar do dia a dia cercado de mimos e brincadeiras, a vacinação ainda é uma dúvida recorrente e muitas vezes não faz parte da rotina desses animais, mesmo sendo imprescindível para a segurança e bem-estar dos pets. Afinal, uma série de doenças podem ser evitadas com a imunização adequada.

Para os tutores, os questionamentos são diversos, desde o protocolo adequado, vacinais disponíveis, até a necessidade de revacinação. Pensando em solucionar as principais dúvidas em relação à vacinação dos pets, a médica veterinária e Gerente de Produtos da Unidade Pet da Ceva Saúde Animal, Priscila Brabec, respondeu oito questões sobre o tema. Confira:


1- Quando o cão deve receber a primeira vacina?

Recomenda-se que filhotes iniciem seu esquema de primo-vacinação entre 6 e 8 semanas de vida, com vacinações subsequentes com intervalos de 15 a 30 dias, até que cheguem à idade de 13 a 14 semanas. Atualmente, o guia internacional de recomendação de vacinação (WSAVA Vaccination Guidelines Group - VGG, 2020) sugere que a primo-vacinação seja considerada completa apenas a partir de 16 semanas de vida. Essa recomendação visa imunizar animais com resposta mais tardia e principalmente para minimizar o risco de que anticorpos transferidos pela mãe interfiram na adequada resposta vacinal. A vacinação é extremamente importante para os filhotes, pois será responsável pela resposta imunológica contra os agentes causadores das principais doenças. O tutor deve seguir corretamente o protocolo e o calendário de vacinação determinado pelo médico veterinário.


2 - Existem vários tipos de vacinas para os cães?

Sim! As vacinas consideradas essenciais e recomendadas para todos os cães e que são necessárias para a proteção contra doenças graves ou de potencial zoonótico são: vacinas contra a cinomose (vírus vivo-modificado – VVM ou recombinante), parvovirose (VVM), adenovírus canino tipo 2 (VVM) e raiva (inativada). Vale ressaltar que a vacina antirrábica deve seguir legislações locais, onde no Brasil, seu uso é mandatório anualmente.

Vacinas contra leptospirose, parainfluenza, Bordetella bronchiseptica (principais agentes causadores da tosse dos canis ou traqueobronquite infecciosa canina), e leishmaniose visceral canina, por exemplo, são vacinas consideradas importantes no país e que podem ser recomendadas pelo médico veterinário, levando em consideração os riscos de exposição, o estilo de vida e a faixa etária do animal.


3- Tem problema atrasar a vacina do cachorro?

Para conseguir o nível de proteção desejado, o processo de vacinação deve seguir o calendário estabelecido. No caso dos filhotes, por exemplo, algumas vacinas exigem múltiplas doses para completar o ciclo de imunização. Não seguir o processo corretamente pode acarretar uma série de problemas, como, por exemplo, a redução na eficácia da proteção do pet.


4- Meu cão foi vacinado quando filhote, preciso imunizá-lo novamente?

A revacinação dos animais adultos deve ser feita anualmente ou, de acordo com os riscos de exposição (desafio), o estilo de vida e a faixa etária do animal, conforme recomendação do médico veterinário. O reforço vacinal será responsável pela manutenção da proteção contra essas importantes doenças infecciosas. Esse é um ponto importante, que muitos tutores esquecem, mas é preciso estar atento, pois sem a imunização correta, o animal ficará vulnerável a uma série de doenças.


5- O animal precisa ser examinado antes de tomar vacina?

Sim, a avaliação do médico veterinário previamente a vacinação é muito importante para verificar o estado geral de saúde do cão e verificar se ele está apto ou não para receber a vacina. Algumas vacinas só devem ser aplicadas após a realização de teste sorológico que sugira ausência de infecção, como a de leishmaniose, por exemplo. No caso dela, somente animais assintomáticos e negativos devem ser vacinados. Por isso, é imprescindível que o animal seja examinado antes da imunização.


6- Não sei o histórico de vacinação do pet, e agora? 

Caso o tutor tenha resgatado ou adotado um animal sem que se tenha conhecimento quanto ao histórico de vacinação, é imprescindível realizar a imunização do pet considerando que não tenha sido vacinado anteriormente. Nesse caso, o veterinário irá estabelecer o protocolo ideal de acordo com a idade do cão. Além disso, é importante realizar um check-up para avaliar a saúde completa do cão antes de se proceder a sua vacinação.


7- As vacinas oferecem algum risco para o pet?

As vacinas são responsáveis pela imunização adequada dos pets, com o intuito de protegê-los contra as principais doenças infecciosas. Para tanto, os produtos disponíveis no mercado seguem a regulamentação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), e devem apresentar estudos de segurança e eficácia para a espécie a qual se destina o uso. Vale ressaltar que o processo de vacinação deve ser realizado por um médico veterinário.


8- A vacina causa alguma reação no pet?

Alguns cães podem ser mais sensíveis devido a resposta individual. Após a vacinação, o pet poderá apresentar uma reação inflamatória no local da vacinação, o que pode causar dor, apatia, diminuição do apetite, e até febre. A reação é semelhante ao que ocorre em crianças quando vacinadas. Caso ocorra, o médico veterinário pode indicar procedimentos que aliviem a dor ou sintomas apresentados pelo pet. Ainda, embora sejam de rara ocorrência, há animais que apresentam quadros mais importantes (alérgicos e/ou anafiláticos), os quais devem ser imediatamente levados para atendimento veterinário.



Ceva Saúde Animal


O resgate dos rituais, símbolos, brincadeiras, história e tradição



No último dia 31 de dezembro, quando fazíamos nossas reflexões sobre o ano que se encerrava e os votos, desejos e planos para o novo ano que estava prestes a começar, dificilmente alguém previu o cenário que estamos vivendo agora. Com a pandemia de COVID-19, enfrentamos uma situação de muitas mudanças, preocupações e incertezas coletivas. Esse contexto mais amplo se manifesta dentro das casas e das famílias, que agora tendem a conviver de maneira mais próxima do que nunca, diante da necessidade de isolamento social.

Dessa forma, o caldeirão de sentimentos e emoções em casa tende a estar especialmente efervescente. Em momentos como esse, podemos evitar falar sobre situações difíceis, para poupar aqueles que estão próximos. Mas por outro lado, o silêncio tende a aumentar preocupações e fantasias, gerando tabus, bem como alimentar a sensação de isolamento. A ideia de se falar com os filhos sobre situações cheias de dúvidas e incertezas frequentemente gera a questão: “O que dizer?”. Mães e pais podem estar acostumados a fornecer respostas, e esse é um papel importante da parentalidade. Mas, o diálogo não se resume a isso, e vou explicar. A importância do diálogo está, na verdade, mais atrelada à possibilidade do compartilhamento e da troca.

Tampouco acontece apenas por meio da fala, mas também por meio de rituais, tradições, brincadeiras e outras formas de estarmos verdadeiramente juntos. A comunicação significativa não requer alguém que tenha todas as respostas, mas que esteja aberto e atento ao outro. Se pensarmos em momentos marcantes em que nos sentimos em franca comunicação com nossos familiares, talvez possa vir à mente uma refeição compartilhada, uma brincadeira, uma tradição, uma música ou história que ouvimos de alguém e que levamos para o resto da vida.

Foi pensando em promover oportunidades para essas trocas significativas que a equipe da IS desenvolveu uma proposta de utilização da cápsula do tempo: uma atividade guiada para a família realizar em casa, com materiais simples e disponíveis, onde o que conta é a presença de cada um. A proposta é a de construir, por meio de atividades lúdicas, pequenas heranças do momento atual para a posteridade, cultivando assim a memória e, ao mesmo tempo, a possibilidade de fazermos juntos projeções para o futuro. Você pode acessá-lo por aqui.

Nesse momento, também a escola pode ter uma grande importância, não apenas enquanto lugar de transmissão de conhecimento, mas também enquanto lugar de encontros, socialização e suporte daqueles que estão em seus processos de desenvolvimento: as crianças e os adolescentes. Curiosamente, tenho ouvido relatos por parte de alunos, professores e pais a respeito da sensação de sobrecarga diante da nova rotina escolar, surgindo a pergunta: se todos estão se sentindo excessivamente cobrados, quem é que está cobrando demais?

Talvez, esse excesso que todos parecem estar sentindo se trate, em parte, de uma série de “penduricalhos” que se acrescentam às tarefas escolares propriamente ditas. Desde a dificuldade para lidar com tecnologias que não nos eram tão familiares assim, até a necessidade de adaptar uma rotina já conhecida a um novo contexto. A falta do contato presencial, a incerteza quanto a um futuro que se tornou mais nebuloso, entre tantos outros fatores estressantes que estão em jogo, e dos quais às vezes não nos damos conta.

É importante termos clareza de que, esperar de nós mesmos e dos outros o mesmo nível de produtividade de outrora, e o mesmo funcionamento que tínhamos antes, em um contexto que já não é o mesmo, é uma exigência injusta e não cabe mais. Quais são os recursos que temos para encarar tantos desafios que nos tomam de assalto dessa forma e nos lançam ao novo?

Uma boa dica está naquela cena, do nosso último réveillon: um momento de reflexão, de rituais, de símbolos, de brincadeiras e de estarmos rodeados pelas pessoas que importam, seja presencialmente, virtualmente ou em pensamento; nos instrumentalizando dos aprendizados trazidos pelo que já passamos e nos preparando para o que está por vir. 





Fernanda Tomie Icassati Suzuki - psicóloga, com graduação pela USP em 2011 e pós-graduação em psicologia em saúde pela UNIFESP. Atualmente, atende em instituição de saúde, em escola e em consultório. É parceira de conteúdo da International School, programa de educação bilíngue para escolas.


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