Você sabia que cerca de 20% dos posts
no feed nas redes sociais são anúncios? Todos os dias somos impactados por
centenas a milhares de propagandas, representando mais de 120 bilhões de
dólares que devem ser investidos em mídia ainda este ano nas plataformas como
Instagram e Facebook.
Mas a verdade é que a grande maioria desses anúncios não vai converter, e são
poucos aqueles que conquistam a nossa atenção no meio do chamado "doom
scrolling". Diferente de apenas vender e subir anúncios nas redes, as
empresas estão passando a investir em social selling, que parte da premissa de
encontrar, engajar e construir os relacionamentos certos para que seus
consumidores se lembrem da sua marca dentre tantas outras nas redes.
Por isso, trago algumas dicas que uso
no meu dia a dia de marketing e social selling para inspirar a fazer a
diferença.
Seja autêntico com a sua audiência
Gosto de lembrar que ser autêntico não
é o mesmo que ser o diferentão ou o mais criativo. Copiar jargões, brincar com
memes e disseminar as mesmas táticas promocionais com letras miúdas um pouco
diferentes pode acabar mais confundindo do que trazendo credibilidade. É fácil
perder a mão disso nas redes sociais, e as pessoas percebem a diferença quando
uma marca é condizente ou não com os próprios valores e narrativa.
Portanto, não tenha medo de assumir a persona da sua marca e trazer isso com
transparência e consistência nas redes sociais. O importante mesmo é que você
saiba quem é seu público para direcionar a eles os esforços de relacionamento.
E um levantamento recente da Edelman mostrou que 60% dos brasileiros fazem
compras baseadas na identidade deles com os valores e crenças de uma
marca.
Não deixe de fazer conteúdos em vídeo
Não é mero acaso que o WhatsApp acaba
de lançar um recurso para trocar mensagens em vídeos curtos. Se teve algo que o
sucesso estrondoso do YouTube, do Tik.Tok e do Instagram nos ensinou é que
nenhum conteúdo engaja mais do que o vídeo. Seja para uma dancinha no Tik.Tok
ou um preview de produtos no Reels, esse formato se tornou, segundo a Getty
Images, o preferido de 88% dos times de marketing para anunciar nas
redes.
Inspiradas ainda nos influenciadores digitais, vejo muitas indústrias apostando
na interação em vídeo para impulsionar vendas de lojas. No Carrefour, por
exemplo, vi campanhas em vídeo nas páginas das filiais trazerem taxas de quase
30% de engajamento. Muito disso, acredito, vem da necessidade de nos
conectarmos, de olharmos um para o outro e de sentirmos que aquele vídeo - e
aquela pessoa - estão falando conosco.
Invista na personalização dos anúncios
Estamos passando por uma transformação
em que a personalização é muito mais que tratar um cliente pelos dados que ele
preencheu em formulários. Acredito que uma marca não existe para todos os seus
clientes, mas para cada um deles. E para 59% das pessoas, ter esse atendimento
personalizado em toda a jornada é importante, como mostrou a nossa pesquisa
"Omnicanalidade no Brasil".
A Netflix, por exemplo, estuda os seus
hábitos e gera listas cada vez mais assertivas do que pode te interessar.
Grandes varejistas, como Magalu, estão fazendo o mesmo e usando a inteligência
artificial para lançar projetos como o "Cérebro da Lu" para trazer
respostas, sugestões e jornadas cada vez mais alinhadas com as necessidades
individuais.
Plataformas como o Instagram e o Facebook permitem ainda que
você alcance um público que está a poucos quilômetros do seu ponto de vendas,
que compartilha interesses específicos da sua marca ou que já busca elementos
que você pode oferecer. Ao utilizar isso de forma correta, seus anúncios se
tornam cada vez menos em barreiras da jornada e passam a fazer parte de uma
experiência.
Dê valor ao storytelling
Estava lendo uma pesquisa da BCG que
dizia que 81% dos consumidores consideram anúncios com storytelling e conteúdos
educacionais mais atraentes. Mas por que isso? Têm uma frase do Seth Godin que
diz tudo: "marketing não é mais sobre o que você faz, mas sobre as
histórias que você conta".
Uma das principais razões é que nos
identificamos ao ver a experiência do outro, ao ver as aplicações daquilo com
problemas que já enfrentamos e entender o motivo de algo existir, especialmente
se aquilo faz parte da nossa realidade. Afinal, o que leva você a ficar horas
na fila para comprar um iPhone recém-lançado: o preço ou a história de inovação
da marca? Quem já assistiu a uma apresentação do Steve Jobs vai entender que
histórias despertam emoções!
Tire o seu vendedor de trás do balcão
Sabia que 46% dos brasileiros sentem
mais confiança em comprar um produto ao ver o vendedor de loja física
anunciando-o nas redes sociais? Usar vendedores e promotores das marcas para
falar com o público nas mídias sociais foi primordial para devolver a interação
humana na tecnologia.
A grande maioria acredita que a
presença destes consultores traz mais credibilidade e ajuda na jornada digital,
seja ela finalizando nas redes sociais ou nos pontos físicos. Inclusive, 55%
acredita que consultas via WhatsApp influenciam na decisão de compra.
A Casas Bahia, por exemplo, utilizou durante a pandemia cerca de 900 páginas
individuais das lojas físicas nas redes sociais para promover produtos aos
públicos locais. A campanha "Me chama no Zap" promoveu o papel deles
para apoiar clientes nas decisões de compra à distância. Juntos, os vendedores
subiram mais de 800 vídeos e alcançaram 30 milhões de pessoas em suas
regiões.
Entre estas e outras estratégias de
social selling, é possível ver que não são necessários meses de planejamento e
que podemos colocá-las em prática agora mesmo. A sua audiência está vivendo um
cenário digital saturado de anúncios superficiais e aleatórios, e os esforços
que colocar para mudar esse cenário podem transformar as redes sociais em
pilares de diferenciação e sucesso dos negócios. Bora fazer a sua marca ser
lembrada?
Karina Kotake - Atualmente atua como head de Marketing e Aquisições da Bornlogic e lidera os esforços de crescimento da empresa. A executiva possui 15 anos de experiência em marketing digital com marcas inovadoras de diferentes segmentos, como Natura, Arezzo, Diageo, Fini, Americanas, Renner, Dafiti, Gympass, Adyen, Huawei, MSD, Nissan, Kroton e muitas outros. Em 2011, fundou a KOK Fashion Lab, uma agência renomada de marketing digital especializada em ecommerces, e que se tornou uma das 10 agências mais desejadas para se trabalhar. Também foi professora de marketing, mídia e métricas na escola de negócios digitais do Magalu, a ComSchool.