No Brasil, 92,3 mil crianças e adolescentes
convivem com o diabetes, que não tem cura ou prevenção, mas tratamento evita
complicações
No mês em que se
comemora o Dia Mundial do Diabetes, a Sociedade Brasileira de Diabetes alerta
que o número de casos de crianças e adolescentes com Diabetes Mellitus tipo 1
vem crescendo. De acordo com o Atlas da Federação Internacional de Diabetes
(IDF), no Brasil 92.300 crianças e adolescentes têm diabetes tipo 1. O país
ocupa o terceiro lugar no ranking de incidência de DM1 infantil no mundo,
ficando atrás apenas da Índia (229.400) e Estados Unidos (157.900).
Esses números
crescem assustadoramente em todo o mundo. Em 1990, eram 2,3 milhões de crianças
e adolescentes afetados. Em 2020, já eram 8,8 milhões. As projeções para 2040
indicam que serão 17,4 milhões. O mais alarmante é que a cada 2 pessoas com
DM1, uma morre sem ser diagnosticada.
“A incidência do
diabetes tipo 1 aumentou de 3% a 4% nas últimas três décadas, o que sugere a
influência de fatores ambientais”, afirma dra. Solange Travassos,
vice-presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD). “Embora vários
fatores tenham sido associados ao diabetes tipo 1, nenhum deles consegue
explicar por si só esse aumento.”
Para reverter esse
quadro, é necessário o diagnóstico precoce e tratamento ao alcance de todos. O
diagnóstico deve ser feito assim que surgem os primeiros sintomas, como sede
excessiva; perda de peso sem um motivo aparente, pois a pessoa tem fome o tempo
todo; vontade de urinar diversas vezes, inclusive durante a noite; formigamento
nas pernas e pés. Este mês a SBD lançou a campanha “Pode ser diabetes”, que
orienta pais para ficarem atentos aos sintomas da doença, como sede exagerada,
voltar a fazer xixi na cama, muita fome e perda de peso, entre outros.
O diabetes tipo 1
é uma doença autoimune que impede o pâncreas de produzir insulina. Pode surgir
em qualquer fase da infância, ou na vida adulta, sendo mais comum entre os
quatro e seis anos e entre os dez e 14 anos. “Há alguns fatores de risco que
devem ser observados, como predisposição genética e algumas infecções na
infância”, explica dra. Solange.
Por ser uma doença autoimune com gatilhos ainda não totalmente conhecidos, não há medidas de prevenção que possam evitar o diabetes tipo 1. “Mas é possível evitar complicações do diabetes, como doenças renais, cardíacas e oculares com um bom tratamento e com o auxílio da tecnologia.” No Brasil, o diabetes tipo 1 causa complicações em cerca de 30% dos jovens entre 13 e 19 anos diagnosticadas com a doença, pois a maioria não tem acesso a recursos tecnológicos modernos que facilitam o controle da glicose.
O tratamento do diabetes é sempre feito com o uso de insulina, já que o pâncreas para de produzir o hormônio. Nos últimos anos, uma série de inovações passaram a ajudar os pacientes, como o sensor de glicose, as bombas de insulina e os diversos tipos de insulina disponíveis, entre outros. “Uma das lutas da Sociedade Brasileira de Diabetes junto aos governos é que todos, pacientes particulares e usuários do SUS, tenham acesso aos mesmos tratamentos e equipamentos que possam melhorar a qualidade de vida dos pacientes.”
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