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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

Quatro pontos de como a Reforma Administrativa irá impactar os concursos públicos

 

Na última semana, o relator da Reforma Administrativa, deputado Arthur Oliveira Maia, apresentou o texto que altera parcialmente a proposta original.

 

Diante desse novo texto, o que podemos concluir é que, se aprovada, a Reforma Administrativa vai gerar grandes impactos, principalmente, no âmbito dos concursos públicos.

 

Após analisar o texto, identifiquei inicialmente quatro pontos fundamentais que podem gerar esse impacto. Confira abaixo

 

1) O concurso deixará de ser regra para ingressar na Administração Pública: de acordo com o art. 37, inciso IX, que visa alterar a Constituição Federal, o que vai ser priorizado para preencher as vagas envolvendo servidores públicos serão somente os cargos envolvendo funções exclusivas de Estado. 

 

Ou seja, muitos cargos meramente administrativos, principalmente no âmbito municipal e estadual, vão ter sua estrutura impactada.

 

As funções finalísticas de Estado que devem priorizar a realização de concurso público são:cargos relacionados a segurança pública (PF, PRF, Policia Penal); representação diplomática; inteligência de Estado (ABIN, por exemplo); gestão governamental; advocacia pública; defensoria pública; cargos envolvendo elaboração orçamentária; cargos envolvendo processo judicial (a lei não deixa claro se técnico de tribunal e os analistas vão estão envolvidos); atuação institucional do Ministério Público. Porém, os outros tipos de cargos que não envolvem essas funções previstas poderão ser preenchidos por meio de contrato temporário. 

Sendo assim, pelo contexto da Lei a gente pode concluir que o concurso público vai deixar de ser uma regra para a maioria dos cargos e será preferencialmente obrigatório apenas para os cargos exclusivos de Estado.

 

2) As hipóteses de contratação temporária serão ampliadas: a lei anterior, no âmbito federal, que trata de contratos temporários fala da necessidade temporária e excepcional interesse público. Já na Reforma Administrativa, o texto não traz essa questão do excepcional interesse público. Ou seja, basta uma necessidade temporária.

 

Nesse sentido, isso vai impactar a quantidade de concursos públicos, porque a Administração poderá priorizar os contratos temporários. Principalmente, para aquelas funções que não são ligadas diretamente à atividade do Estado.

 

Além disso, de acordo com a nova lei o contrato para os cargos temporários pode durar até 10 anos. Após esse período, o contrato vai ter que ser rescindido e a pessoa só vai poder novamente celebrar um novo contrato depois de 24 meses.

 

Diante disso, nota-se que a Reforma Administrativa está mudando toda a lógica envolvendo o ingresso na Administração Pública.

 

3) A possibilidade de terceirização dos serviços públicos: o terceiro ponto que quero trazer sobre o impacto da Reforma Administrativa nos concursos públicos se encontra no artigo 37-A do projeto de lei.

 

A reforma traz de forma bem consistente a possibilidade até de terceirização de serviços públicos por meio de um instrumento de cooperação com os órgãos e entidades. 

Esse instrumento de cooperação, com o objetivo de execução do serviço público, vai poder ser utilizado entre os órgãos e entidades públicas ou até mesmo entre órgãos públicos e instituições privadas.

 

Além disso, pode haver o compartilhamento da estrutura física e utilização de Recursos Humanos de particulares com ou sem contrapartida financeira.

 

Ou seja, essa cooperação é como se fosse uma terceirização: órgãos públicos (ou as iniciativas privadas) estarão fazendo um termo de cooperação para atender finalidades que visam suprir os serviços públicos.

 

Obviamente esse tipo de situação não se aplica aos cargos públicos exclusivos de Estados. Para esses cargos, não poderá ser utilizada a contratação temporária, nem o termo de cooperação entre os órgãos.

 

4) A obrigatoriedade de utilização de plataforma eletrônica de serviços públicos para a automação de procedimentos: a própria Reforma Administrativa no inciso 34 traz a previsão que será obrigatória a utilização de plataforma eletrônica de serviço público, principalmente para automação de procedimento a ser executado pelos órgãos públicos.

 

Portanto, essa automação vai reduzir a necessidade de mais servidores, gerando mais um impacto na quantidade de concurso público.

 


Agnaldo Bastos - advogado, atuante no Direito Administrativo, especialista em causas envolvendo concursos públicos e servidores públicos e sócio-proprietário do escritório Agnaldo Bastos Advocacia Especializada

 

Futuro sem senha: será que já podemos sonhar com o fim das palavras-passe longas e complicadas?


O Brasil é um dos países que mais expõe seus órgãos públicos a vazamentos de senhas e deixa os sistemas que contêm informações de milhões de brasileiros descobertos contra o ataque de criminosos que operam na internet. 

Um ranking organizado pela empresa de cibersegurança Syhunt, aponta que o país ficou em quarto lugar entre as nações que mais tiveram senhas de e-mails vazados desde janeiro deste ano, quando começou a temporada de vazamentos em massa que expôs os dados de 3,2 bilhões senhas de usuários em todo o mundo. 

Entre os países que mais sofreram com vazamentos de senhas de órgãos públicos estão Austrália, com mais de 136.000 senhas vazadas, Reino Unido, com 205.000, e - liderando o ranking - Estados Unidos, com 625.000 vazamentos, incluindo dados de importantes órgãos federais e, até mesmo, da NASA.

 

E este não é um problema exclusivo dos órgãos de governos 


Como as ameaças evoluíram nos últimos anos, as senhas tiveram que ficar mais longas e complicadas. Infelizmente, eles também são mais difíceis de lembrar e mais estressantes para os usuários. Senhas complexas não criam a melhor experiência do usuário, além de serem facilmente comprometidas e caras.

 

As senhas são a porta de entrada para todas as nossas informações pessoais e corporativas, mas também podem deixar os dados vulneráveis se não forem fortes o suficiente. Senhas vulneráveis podem significar bilhões de dólares em perdas, sem mencionar um declínio na confiança digital, transações online e uma perda de reputação para as organizações afetadas. Talvez seja o momento de parar de promover as senhas tradicionais por completo, e aqui está o porquê.


 

É um fato: as senhas tradicionais são vulneráveis

 

Não é mais suficiente apenas ter uma política de senha forte. A maioria das senhas não é forte o suficiente para resistir a hackers: 90% das senhas geradas por usuários são fracas e vulneráveis. Além disso, os usuários geralmente esquecem as senhas e alguns ainda as anotam com papel e caneta. Essas senhas podem ser encontradas, perdidas ou roubadas, ouvidas ou mesmo adivinhadas e não são seguras por conta própria.

 

Os ataques a senhas só aumentaram com o trabalho remoto. Aplicar políticas de senha em um ambiente remoto é ainda mais difícil; além disso, os funcionários podem ter senhas extras para controlar enquanto acessam o software de trabalho e arquivos remotamente. Gerenciar uma grande quantidade de senhas é um fardo para os usuários e eles provavelmente estão reutilizando a mesma senha, ou aspectos da mesma senha, apenas para lembrá-la. No entanto, isso os torna ainda mais vulneráveis, porque se uma senha pode ser hackeada, as outras são facilmente adivinhadas. Isso levanta a questão: por que ainda dependemos desse método antiquado?

 

Além disso, os tomadores de decisão de TI estão focados na implantação de novas tecnologias para navegar em um ambiente de trabalho remoto, que pode estar aqui para ficar mesmo após a pandemia. Essa transição é o momento perfeito para considerar um futuro sem senha para garantir a continuidade dos negócios. Em meio à transformação digital, é hora de transformarmos as senhas tradicionais também. As tecnologias mais recentes, como cartões inteligentes, leitores de impressão digital e reconhecimento facial, estão mudando as preferências das senhas.

 

As senhas tradicionais são onerosas

 

Além disso, as senhas são mais estressantes para os usuários. De acordo com uma pesquisa da Visa, 86% dos consumidores estão interessados ​​em mudar para a biometria, 70% acreditam que a biometria é mais fácil e 46% acreditam que são mais seguras do que senhas ou pins. Atualmente os usuários precisam se lembrar (e ser lembrados) de redefinir senhas, alterar senhas vulneráveis ​​e criar novas credenciais para cada conta, o que é uma tarefa cansativa.

 

Além disso, as equipes de TI estão gastando um tempo crítico gerenciando senhas (seis horas por semana em média), quando eles poderiam estar se concentrando em projetos de prioridade mais alta. Portanto, a remoção de senhas aumentará a produtividade e aliviará o estresse nas organizações.

 

Como substituir senhas em um curto período de tempo

 

Logins sem senha ou qualquer sistema que não exija uma senha, como biometria ou tokens físicos, são o futuro da experiência do usuário para funcionários e usuários finais. De acordo com uma pesquisa LastPass, 92% dos profissionais de TI acreditam que os sistemas sem senha são o futuro a melhor saída. A autenticação sem senha reduzirá os riscos de segurança, a carga sobre os funcionários, as equipes de TI e protegerá as organizações.

 

No entanto, fazer a transição pode levar algum tempo, e um futuro completamente sem senha provavelmente ainda levará alguns anos. Para isso as empresas devem implementar a autenticação multifator (MFA) usando uma senha e biometria para camadas adicionais de autenticação e segurança. Além disso, adicionar essa camada adicional de segurança torna o MFA eficiente na proteção de senhas. De acordo com a Microsoft, o MFA bloqueia 99,9% dos ataques automatizados. Além disso, as organizações podem aplicar uma política de senha forte e usar um gerenciador de senhas.

 

DigiCert

@digicert.liente

 

Pandemia da exclusão: momento de reassegurar direitos com base no Estatuto da Criança e do Adolescente

As políticas públicas e a atuação das instituições que trabalham para garantir os direitos da criança e do adolescente, tema debatido há vários anos no meio público, ganharam um novo sentido durante a pandemia. Conselhos tutelares, de direitos, escolas, poder público e instituições sociais, se viram diante de um desafio jamais visto por nossa geração: assegurar os direitos de crianças e adolescentes em meio a uma crise sanitária mundial.

Nesse contexto, parte da população infanto-juvenil encontrou no ensino remoto a possibilidade de permanecer com os seus processos de aprendizagem. Porém, essa não é a realidade para uma parcela significativa dos brasileiros, que não contam com recursos suficientes para ter acesso à internet, computadores e smartphones. Para eles, as aulas remotas não fizeram e continuam a não fazer parte da rotina escolar. Além disso, a identificação das violações de direitos e as estratégias de levar informação e proteção para dentro dos lares também representam desafios cotidianos para as instituições que compõem a rede de proteção.

Como forma de enfrentar o problema, inúmeras iniciativas procuraram garantir os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA): à Liberdade, ao Respeito, à Dignidade, à convivência familiar e comunitária, à profissionalização e à proteção no trabalho, à educação, cultura, esporte e lazer. Professores, educadores, instituições sociais, poder público e comunidades organizadas se uniram para que crianças e adolescentes pudessem ter os direitos fundamentais garantidos e buscaram formas de assegurar o princípio da Prioridade Absoluta e o desenvolvimento do público infanto-juvenil com dignidade. 

A mobilização para garantir os direitos desse público abriu ainda mais uma ferida que já era aparente. Se antes tínhamos uma lacuna entre teoria e prática, agora lidamos com um desafio ainda maior na garantia dos direitos de crianças e adolescentes. E o primeiro passo para enfrentar esse longo caminho é a compreensão de que toda criança e adolescente é um sujeito de direitos e, por isso, ressignificar o olhar para que esse público seja protagonista e participe dos processos de decisão no núcleo familiar e demais espaços de convivência é fundamental. 

Em um panorama que já não era positivo, a pandemia deixou sinais ainda mais preocupantes. Segundo uma estimativa publicada na Revista Lancet em julho deste ano, ao menos 130.363 crianças brasileiras de até 17 anos ficaram órfãs por causa da covid-19 entre março do ano passado e o final de abril deste ano. São os “órfãos da pandemia”, acolhidos pelas chamadas “famílias extensas”, que são do núcleo familiar ou agregado que compartilham do mesmo lar. Sem falar no luto, que tem um impacto inegável no desenvolvimento psicológico dessas crianças e adolescentes.

É sob esse cenário que o Estatuto completa 31 anos. Considerado um marco para a evolução dos direitos civis no país nas últimas três décadas, o ECA foi o responsável por uma mudança considerável nos indicadores da violência e exploração infantil no Brasil, mas se vê diante de um novo desafio: continuar a promover os direitos à educação, saúde e segurança, previstos pela Lei federal n. 8.069/1990, em um momento de distanciamento social.

Além do déficit na formação educacional de crianças e adolescentes, a pandemia também criou outro problema alarmante relacionado ao afastamento da escola e da sociedade em geral: de acordo com o Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, as denúncias de violência contra crianças e adolescentes apresentaram queda de 12% durante os meses da pandemia em 2020. Os dados também explicam o motivo desta queda ser um problema: 69% dos casos registrados pelo “Disque 100”, do governo federal, mostram que familiares e conhecidos são os principais agressores. Sem o contato com professores, colegas e demais membros da comunidade, as oportunidades de denúncia reduzem consideravelmente. 

O caminho para a solução desses problemas passa pela compreensão do contexto no qual estão inseridos a partir de uma perspectiva global, ao compreender onde vivem estas crianças e adolescentes, de que forma vivem e, principalmente, com quem estão enfrentando a pandemia em reclusão domiciliar. Os direitos da criança e do adolescente são inter-relacionados, interdependentes e indivisíveis. Cada direito precisa de outro para sair da teoria e entrar na prática. Precisamos atuar em todas as frentes, garantindo que o ECA seja aplicado de forma integral e faça valer cada uma de suas linhas.

A gestão pública, governos municipal, distrital, estadual e federal, precisa reafirmar seu compromisso com a prioridade absoluta em suas leis orçamentárias para o adequado investimento no público infanto-juvenil. É necessário garantir condições seguras para o funcionamento de escolas,  assim como assegurar direitos básicos e a preservação de políticas de proteção social voltadas a crianças e famílias em situação de vulnerabilidade.

A solução também vai além de leis e políticas públicas. É hora de recuperarmos aquilo que é da natureza humana: o afeto, o acolhimento, a empatia. Precisamos ver no outro um irmão, alguém que tem a mesma origem e também vive desafios. É hora de ser menos artificial e individual. E, principalmente, de valorizarmos os extremos da vida. Assim como a terceira idade, a infância tem seu valor e não deve ser apressada. Temos que viver cada fase em sua plenitude, sem arrependimentos e possibilitar que todos tenham essa mesma chance. O ECA já nos mostrou o caminho - cabe a nós seguirmos o exemplo e exigir o seu pleno cumprimento.



Clemilson Graciano Silva - Analista de Missão e foi Presidente do Conselho Distrital dos Direitos da Criança e do Adolescente no Distrito Federal; Débora Reis é Analista de Projetos do Centro Marista de Defesa da Infância e Conselheira do CEDCA no Paraná e Ir. Sandro Bobrzyk é coordenador do Centro Marista de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente no Rio Grande do Sul. 

 

quarta-feira, 8 de setembro de 2021

SARS-CoV-2 afeta testículos, reduzindo hormônios e a qualidade dos espermatozoides, apontam estudos


Micrografia de amostra testicular de paciente com COVID-19, obtida por autópsia minimamente invasiva. A imagem denota infecção de diversos tipos celulares pelo SARS-CoV-2. As setas apontam antígeno do vírus marcado em vermelho, no citoplasma das células infectadas (crédito: Cristina Kanamura e Amaro N. Duarte-Neto/FMUSP e IAL)

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Ao acompanhar, desde o início do ano passado, pacientes homens que tiveram COVID-19, o andrologista Jorge Hallak, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP) e coodernador do Grupo de Estudos em Saúde do Homem do Instituto de Estudos Avançados (IEA-USP), começou a observar que os resultados de exames de fertilidade e hormonais deles permanecem alterados mesmo meses após se recuperarem da doença.

Apesar de ser um teste inicial e não ter condições de diagnosticar fertilidade ou infertilidade, o espermograma de vários pacientes tem indicado, por exemplo, que a motilidade espermática – a capacidade de os espermatozoides se moverem e fertilizarem o óvulo, cujo índice normal é acima de 50% – caiu para entre 8% e 12% e permaneceu nesse patamar quase um ano após terem sido infectados pelo SARS-CoV-2. Já os testes hormonais apontam que os níveis de testosterona de muitos deles também despencaram após a doença. Enquanto o nível normal desse hormônio é de 300 a 500 nanogramas por decilitro de sangue (ng/dL), em pacientes que tiveram COVID-19 esse índice chegou a variar abaixo de 200 e, muitas vezes, ficou entre 70 e 80 ng/dL

“Temos visto, cada vez mais, alterações prolongadas na qualidade do sêmen e dos hormônios de pacientes que tiveram COVID-19, mesmo naqueles que apresentaram quadro leve ou assintomático”, diz Hallak à Agência FAPESP.

Alguns estudos feitos pelo pesquisador em colaboração com colegas do Departamento de Patologia da FM-USP, publicados nos últimos meses, têm ajudado a elucidar essas observações feitas na prática clínica.

Os pesquisadores constataram que o SARS-CoV-2 também infecta os testículos, prejudicando a capacidade das gônadas masculinas de produzir espermatozoides e hormônios.

“É muito preocupante como o novo coronavírus afeta os testículos, mesmo nos casos assintomáticos ou pouco sintomáticos da doença. Entre todos os agentes prejudiciais aos testículos que estudei até hoje, o SARS-CoV-2 parece ser muito atuante”, afirma Hallak. “Cada patologia tem particularidades que a prática e a experiência nos demonstram. O SARS-CoV-2 tem a característica de afetar a espermatogênese. Estamos descobrindo os mecanismos envolvidos, como motilidade progressiva persistentemente muito baixa e morfologia bem alterada, sem mudança da concentração espermática significativa”, diz.

Em um estudo com 26 pacientes que tiveram COVID-19, os pesquisadores verificaram por meio de exames de ultrassom que mais da metade deles apresenta inflamação no epidídimo – estrutura responsável pelo armazenamento dos espermatozoides e onde eles adquirem a capacidade de locomoção.

Os pacientes têm idade média de 33 anos e foram atendidos no Hospital das Clínicas da FM-USP e no Instituto Androscience de Ciência e Inovação em Andrologia. Os resultados do estudoapoiado pela FAPESP, foram publicados na revista Andrology.

“Ao contrário de uma infecção bacteriana clássica ou por outros vírus, como o da caxumba, que causa inchaço e comumente desconforto ou dor nos testículos em um terço dos acometidos, a epididimite causada pelo novo coronavírus é indolor e não é possível de ser diagnosticada por apalpamento [exame físico] ou a olho nu”, explica Hallak.

Por isso, segundo ele, seria interessante ensinar o autoexame dos testículos como política de saúde pública no pós-pandemia.

“É ideal que os adolescentes, adultos jovens e homens em idade ou com desejo reprodutivo, após serem infectados pelo SARS-CoV-2, procurem um urologista ou andrologista e façam uma consulta com mensuração do volume testicular, dosagem de testosterona e de outros hormônios, além de análises do sêmen com testes de função espermática, seguidos de um exame de ultrassom com Doppler colorido, para verificar se apresentam algum tipo de acometimento testicular que pode afetar a fertilidade e a produção hormonal”, sugere Hallak.

“Esses indivíduos devem ser acompanhados por um a dois anos após a infecção, pelo menos, pois ainda não sabemos como a doença evolui”, aponta.

Invasão de células testiculares

Outro estudo recém-publicado pelo mesmo grupo de pesquisadores e também apoiado pela FAPESP indicou que o SARS-CoV-2 invade todos os tipos de células testiculares, causando lesões que podem prejudicar a função hormonal e a fertilidade masculina.

Por meio de um projeto coordenado pelos professores da FM-USP Paulo Saldiva e Marisa Dolhnikoff, foram empregadas técnicas de autópsia minimamente invasivas para extrair amostras de tecidos testiculares de 11 homens, com idade entre 32 e 88 anos, que morreram no HC-FM-USP em decorrência de COVID-19 grave.

Os resultados das análises indicaram uma série de lesões testiculares que podem ser atribuídas a alterações inflamatórias que diminuem a produção de espermatozoides (espermatogênese) e hormonal.

“O que nos chamou a atenção de imediato nesses pacientes que morreram em decorrência da COVID-19 foi a diminuição drástica da espermatogênese. Mesmo os mais jovens, em idade fértil, praticamente não tinham espermatozoides”, conta Amaro Nunes Duarte Neto, infectologista e patologista da FM-USP e do Instituto Adolfo Lutz e coordenador do estudo.

Segundo o pesquisador, algumas das prováveis causas da diminuição da espermatogênese nesses pacientes foram lesões causadas pelo vírus nos vasos do parênquima testicular, com a presença de trombos, que levaram à hipóxia – ausência de oxigenação nos tecidos –, além de fibroses que obstruem os túbulos seminíferos, onde os espermatozoides são produzidos.

Uma das razões prováveis para a diminuição hormonal é a perda de células de Leydig, que se encontram entre os túbulos seminíferos e produzem testosterona.

“As funções dos testículos de produzir espermatozoides e hormônios sexuais masculinos são independentes, mas há uma interconexão entre elas. Se a produção de hormônios pelas células de Leydig estiver prejudicada, a fertilidade também será diminuída”, afirma Duarte Neto.

Alguns dos sintomas da deficiência de testosterona (hipogonadismo) são perda muscular, cansaço, irritabilidade, perda de memória e ganho de peso, que podem ser confundidos como efeitos de longo prazo da COVID-19.

“Uma parte importante desse quadro clínico seguramente está relacionada a uma baixa função testicular. Mas isso ainda não tem sido abordado porque os pacientes não têm dor e não se costuma dosar os hormônios e nem fazer análise dos espermatozoides após eles se recuperarem da COVID-19”, alerta Hallak.

Os pesquisadores pretendem realizar um estudo de acompanhamento de pacientes homens que tiveram a doença com o objetivo de avaliar em quanto tempo as lesões testiculares causadas pelo SARS-CoV-2 podem ser revertidas naturalmente ou por meio da administração de medicamentos.

“Ainda não sabemos se essas lesões testiculares poderão ser revertidas e quanto tempo levará para isso acontecer”, afirma Hallak.

As principais preocupações do pesquisador são em relação a homens em idade reprodutiva, adolescentes e pré-púberes, sobre os quais ainda não há dados sobre lesões testiculares causadas pela COVID-19. Não se sabe quais serão os impactos na puberdade em relação à capacidade fértil, se a produção de hormônios será afetada de forma transitória, prolongada ou definitiva e qual o grau de lesão residual irreversível.

Como não há dados de pré-infecção pelo SARS-CoV-2 de cada indivíduo, os estudos prospectivos deverão incluir um grupo controle para efeitos de comparação, sugere Hallak.

“Esses indivíduos podem ter problemas de infertilidade e alterações hormonais no futuro e não saberem que isso pode ter sido causado pela infecção pela COVID-19, porque apresentaram sintomas leves ou foram assintomáticos”, pondera.

Aumento da infertilidade masculina

O pesquisador estima que a COVID-19 poderá causar um aumento na infertilidade masculina. Atualmente, entre 15% e 18% dos casais enfrentam dificuldades para conceber – por problemas masculinos em 52% dos casos.

Esse cenário pode desencadear uma busca maior por técnicas de reprodução assistida que, de acordo com ele, é realizada por vezes de forma apressada no Brasil para causas masculinas, sem avaliação inicial adequada e padronizada e, muitas vezes, sem que seja estabelecido o diagnóstico causador inicial e sem tempo hábil para se propor condutas com base em melhor custo-benefício e a aplicação de tratamentos específicos que podem curar a causa ou restabelecer a capacidade fértil natural.

“Será preciso tomar muito cuidado com a reprodução assistida pós-pandemia de COVID-19, pois não se sabe as consequências disso nos meses subsequentes à infecção”, ressalta Hallak.

Uma vez que o SARS-CoV-2 tem sido detectado em todos os tipos de células dos testículos, que participam de todas as etapas da espermatogênese, não se sabe se o vírus também pode estar presente em espermatozoides de pacientes que tiveram COVID-19 e se permanecem quiescentes nos tecidos meses depois de terem se recuperado da doença.

"Esses espermatozoides podem ter sido afetados pelo vírus e, idealmente, deveria preventivamente se esperar, no mínimo, um ciclo de espermatogênese – ao redor de 90 dias – antes de prosseguir com técnicas de reprodução artificial, em que a seleção dos espermermatozoides é feita por análises por microscopia e não pelo processo de seleção natural testado ao longo de milhões de anos", avalia Hallak.

“Temos visto lesões de DNA causadas pelo novo coronavírus muito elevadas, ao redor de 60% a 80%, enquanto o normal é de até 25% e, o aceitável, até 30%”, compara.

Outra preocupação do pesquisador é com a reposição de testosterona nesses pacientes que tiveram COVID-19 e queda hormonal, que, segundo ele, é uma medida desnecessária no período imediato pós-COVID-19, principalmente para adultos jovens e em idade reprodutiva.

“A reposição de testosterona em um paciente já afetado vai inibir ainda mais a função testicular. Os testículos têm mecanismos de reparação para voltar a produzir hormônios e existem tratamentos medicamentosos que aumentam a produção natural dos hormônios esteroidais, restabelecendo progressivamente a função testicular intrínseca do indivíduo. Isso também vai depender se houve lesão às células de Leydig e em qual grau, que é algo que não sabemos ainda”, pondera.

"Na Faculdade de Medicina da USP, estamos reunindo especialistas de diversas especialidades médicas para estudar um grupo de 749 pacientes homens que tiveram COVID-19 que serão submetidos a uma primeira avaliação ao longo dos próximos quatro anos com o objetivo de obtermos mais conhecimento sobre a síndrome pós-COVID-19", diz Hallak.

O artigo Radiological patterns of incidental epididymitis in mild-to-moderate COVID-19 patients revealed by colour Doppler ultrasound (DOI: 10.1111/and.13973), de autoria de Felipe Carneiro, Thiago A. Teixeira, Felipe S. Bernardes, Marcelo S. Pereira, Giovanna Milani, Amaro N. Duarte-Neto, Esper G. Kallas, Paulo H.N. Saldiva, Maria C. Chammas e Jorge Hallak, pode ser lido em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/and.13973.

O artigo Testicular pathology in fatal COVID-19: a descriptive autopsy study (DOI: 10.1111/andr.13073), de Amaro N. Duarte-Neto, Thiago A. Teixeira, Elia G. Caldini, Cristina T. Kanamura, Michele S. Gomes-Gouvêa, Angela B. G. dos Santos, Renata A. A. Monteiro, João R. R. Pinho, Thais Mauad, Luiz F. F. da Silva, Paulo H. N. Saldiva, Marisa Dolhnikoff, Katia R. M. Leite e Jorge Hallak, pode ser lido em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/andr.13073.

O artigo SARS-CoV-2 and its relationship with the genitourinary tract: Implications for male reproductive health in the context of COVID-19 pandemic (DOI: 10.1111/andr.12896), de Jorge Hallak, Thiago A. Teixeira, Felipe S. Bernardes, Felipe Carneiro, Sergio A. S. Duarte, Juliana R. Pariz, Sandro C. Esteves, Esper Kallas e Paulo H. N. Saldiva, pode ser lido em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/andr.12896.

E o artigo Viral infections and implications for male reproductive health (DOI: 10.4103/aja.aja_82_20), de Thiago A Teixeira, Yasmin C Oliveira, Felipe S Bernardes, Esper G Kallas, Amaro N Duarte-Neto, Sandro C Esteves , Joël R Drevet e Jorge Hallak, pode ser lido em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33473014/.

 

Elton Alisson

Agência FAPESP

https://agencia.fapesp.br/sars-cov-2-afeta-testiculos-reduzindo-hormonios-e-a-qualidade-dos-espermatozoides-apontam-estudos/36763/

Setembro Amarelo e o estresse laboral na pandemia

Assédio moral, burnout e até mesmo medo do desemprego estão entre os fatores que merecem atenção especial das empresas

 

O mês de setembro é marcado pela conscientização e prevenção do suicídio. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), a cada ano, cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida e um número ainda maior de indivíduos tenta suicídio. No Brasil, de acordo como Boletim Epidemiológico de Tentativas e Óbitos por Suicídio, cerca de 11 mil pessoas tiram a vida por ano, a maioria homens.

A pesquisa detectou também o aumento na taxa entre 2011 e 2015, bem como um crescimento nas lesões autoprovocadas — 69% das tentativas ocorrem entre mulheres ante 31% em homens, e os meios mais utilizados são envenenamento e intoxicação. Apesar dos homens serem minoria nas tentativas, são mais amplos entre as vítimas fatais por empregarem métodos mais letais, como armas de fogo e enforcamento.

“Hoje em dia, percebemos um movimento maior nas redes sociais, plataformas digitais e imprensa, mas ainda é pouco. Precisamos abrir as portas e estabelecer um diálogo mais aberto sobre este tema. É urgente quebrar este tabu e falar sobre suicídio.” – comenta Dr. Claudio Cohen, psiquiatra credenciado Omint, professor Associado da Faculdade de Medicina da USP e coautor dos livros “Bioética” e “Bioética direito e Medicina”.


Suicídio e trabalho

A ligação entre suicídio e ambiente corporativo é complexa. Entre 2003 e 2010, nos Estados Unidos, de acordo com o American Journal of Preventive Medicine, um total de 1.719 pessoas tiraram a própria vida no trabalho.  Fatores como lesões por esforço repetitivo (LER), dores crônicas, depressão, assédio, síndrome de burnout e até medo do desemprego podem levar o indivíduo a um ato extremo, se não diagnosticadas e tratadas adequadamente.

“Depressão é tratável e o suicídio pode ser prevenido. Devemos alertar as empresas sobre a importância do atendimento primário aos funcionários e, também, sobre a importância da promoção de um ambiente de trabalho saudável, seja ele presencial ou remoto. É urgente a criação de programas privados e políticas públicas robustas que fortaleçam a pauta.” – afirma Cohen.


Como identificar e lidar com fatores desencadeantes no ambiente de trabalho?

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o contato inicial com o suicida ocorre em clínicas, em casa ou no ambiente de trabalho. Ainda segundo o órgão, os sinais que merecem atenção são: comportamentos que denotam sofrimento emocional intenso, como quadros de depressão; comportamentos afastados e instáveis; mudanças drásticas de humor sem motivos aparentes; desesperança; avisos verbais que impliquem uma busca inconsciente de ajuda; entre outros.

Para prevenir o suicídio, a OMS explica que o primeiro passo é achar um lugar adequado onde uma conversa tranquila possa ser mantida com privacidade razoável e tempo necessário. “Conseguir estabelecer o primeiro contato e ouvir é, por si só, o maior passo para reduzir o nível de desespero suicida. O objetivo é preencher uma lacuna criada pela desconfiança, desespero e dar à pessoa a esperança de que as coisas podem mudar para melhor. Além disso e se possível, encaminhar a pessoa para um profissional de saúde mental ou a um médico para o atendimento primário, dentro ou fora da empresa, é fundamental.” – explica Dr. Claudio Cohen.

A Omint desenvolveu e aplica desde 2015 o Programa de Saúde Emocional nas empresas clientes, apoiando os RHs a propagarem a prevenção da saúde mental aos seus colaboradores, por meio do processo de fortalecimento da saúde emocional e que busque a conscientização dos fatores e níveis de estresse na vida dos participantes e, principalmente, como combatê-los. Por meio da ótica de que a saúde compreende o bem-estar físico, mental e social das pessoas, a Omint, nesse programa, identifica casos que necessitam de acompanhamento específico e busca desmistificar a saúde mental para as pessoas nos ambientes de trabalho, mostrando o quanto ela gera um impacto direto na produtividade e bem-estar de todos.

 

COVID LONGA - Uma Condição Muito Mais Prevalente e Com Um Leque Muito Variado de Sintomas , a Covid Longa Traz Muitas Perguntas e Poucas Resposta

Drama e Desafios Para Pesquisadores Em Todo Mundo Que Vem Se Debruçando Para Entender A Dinâmica Da Então Chamada Covid Longa.


Trata-se de uma condição da doença muito mais prevalente e com um leque muito variado de sintomas. Ainda não se tem um nome oficial, mas deverá ser definido pela OMS, que está estudando e reunindo informações pelo mundo. Sabemos que há um leque de sintomas, mas o principal é a fadiga acentuada; por volta de 62% dos pacientes tem apresentado esse sintoma. Fadiga essa que faz com que o indivíduo não consiga nem mesmo realizar as tarefas simples do dia-a-dia.

A Dra. Gesika Amorim, Mestre em educação médica, Pediatra pós graduada em Neurologia e Psiquiatria, com especialização em Tratamento Integral do Autismo, Saúde Mental e Neurodesenvolvimento, traz o seu testemunho:- Eu tenho recebido muitas mães de paciente com diagnóstico de covid, que vem trazer seus filhos para consultar, e acabam falando comigo sobre as complicações pós-covid, e mesmo aquelas que não tiveram covid grave observam sequelas cognitivas muito importantes depois da infecção.

Muitos pesquisadores acreditam que 01 para cada 10 pacientes da covid19 poderão apresentar os sintomas 12 semanas depois. Uma curiosidade é que enquanto algumas pessoas apresentam anomalias leves e de curto prazo, outras pessoas acabam desenvolvendo complicações graves, e existem aquelas pessoas que, aparentemente, não apresentam nenhuma condição.

"Toda essa incerteza com relação aos sintomas ainda está sendo discutida. Fato é que ainda não há um consenso de quem poderá ter as sequelas provocadas pela doença por um período de tempo longo." - diz Gesika Amorim

Outro ponto importante é que existe dois grupos de pacientes; os que foram hospitalizados e os que não foram. E cada grupo apresenta diferentes causas subjacentes.

1-No primeiro grupo, os pulmões ou o coração foram prejudicados pela infecção viral aguda ou pela explosão de citocinas, como resposta inflamatória extrema e pode obrigar o sistema imunológico de um paciente a atacar os próprios tecidos.

2-Já o grupo dos não hospitalizados, os sintomas aparecem e somem em três ondas distintas, começando com tosse seca e febre, depois a segunda onda com outros sintomas. Um mês depois da primeira infecção, surge uma terceira onda com dores musculares, erupções cutâneas, névoa cerebral e alergias.

 

Mulheres a Covid Longa

Vocês sabiam que as mulheres podem ter maior probabilidade de desenvolverem Covid Prolongada?

Pesquisadores como David Strain, da faculdade de medicina da Universidade de Exeter, no Reino Unido, tem apresentado indícios de que as mulheres são mais suscetíveis a desenvolverem Covid longa, ainda sem causas definidas. Segundo o instituto de estatísticas do país, a probabilidade está em torno de 74%.

A pesquisa ainda aponta que a maioria dos pacientes com a Covid Longa são mulheres com menos de 50 anos, ou seja, ainda jovens, enquanto os demais doentes se dividem entre homens e mulheres com mais de 50 anos.

No entanto, é preciso atentar que, em se tratado de cuidados com a saúde, as mulheres sempre estiveram à frente dos homens, o que significa que os homens podem não estar aparecendo nas estatísticas por não procurarem ajuda médica, isso deve ser considerado dentro das estatísticas e pesquisas – Alerta a Dra. Gesika Amorim.


Os Sintomas e Tratamento


Segue abaixo os principais sintomas:

  • Fadiga acentuada
  • Falta de ar
  • Dor de cabeça
  • Perda de paladar e olfato
  • Ansiedade
  • Depressão
  • Falta de memória
  • Insuficiência cardíaca
  • Palpitação
  • Perda de cabelo

 

A covid longa apresenta sequelas que, geralmente, persistem por mais tempo, causando desconforto. Ao se diagnosticar essa condição, se faz necessário acompanhamento médico para tratar ou minimizar os sintomas dessas sequelas.

 


Dra Gesika Amorim - Mestre em Educação médica, com Residência Médica em Pediatria, Pós Graduada em Neurologia e Psiquiatria, com formação em Homeopatia Detox (Holanda), Especialista em Tratamento Integral do Autismo. Possui extensão em Psicofarmacologia e Neurologia Clínica em Harvard. Especialista em Neurodesenvolvimento e Saúde Mental;  Homeopata, Pós Graduada em Medicina Ortomolecular - (Medicina Integrativa), dentre outros títulos.


Sanofi apoia projeto nacional que alerta sobre prevenção da saúde do coração dos brasileiros

 Promovido pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e pela Secretaria da Cultura, e com realização cultural da Malagueta Brand Live, o “Movidos pelo Coração” traz iniciativas que destacam a importância da prevenção de doenças cardiovasculares


Educação em prol da saúde é um dos pilares sociais da Sanofi e, pelo quinto ano consecutivo, a farmacêutica apoia o maior evento nacional com o propósito de conscientizar a população sobre a importância da prevenção de doenças cardiovasculares. Junto com o Ministério do Turismo e a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), realizado pela Malagueta Live Brand por meio da Lei Federa de Incentivo à Cultura, o projeto Movidos pelo Coração (www.movidospelocoracao.com) foi iniciado no último dia quatro e segue por todo o mês de setembro.

Totalmente on-line nesta edição, com transmissão em canal do YouTube (https://www.youtube.com/channel/UCuDAnCJWecPWgS8d0LtxivA), a programação cultural interativa contará com a realização de oficinas para crianças e apresentações artísticas.

 “Valorizamos como missão gerar impacto positivo na sociedade por meio de iniciativas de educação em prol da saúde, conscientizando e empoderando a população. Uma das ambições que temos na Sanofi é reverter o curso da epidemia de doenças crônicas até 2030, transformando inovação científica em soluções de cuidados com a saúde”, afirma Luciana Miranda, diretora de Comunicação e Responsabilidade Corporativa da Sanofi.

A iniciativa da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) tem o objetivo de valorizar as ações dedicadas à saúde do coração e contribuir para a diminuição dos casos de infartos, derrames e outras complicações cardiovasculares, que ainda são uma das maiores causas de morte no Brasil e no mundo (1,2,3). Em quatro anos, a iniciativa já percorreu diferentes cidades do país, como Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP) e Campinas (SP), levando informação e conscientização por meio de cultura a diferentes públicos.


As doenças cardiovasculares no Brasil

O “Movidos pelo Coração” é motivado pela alta prevalência das doenças cardiovasculares no Brasil. Até o final deste ano, o Cardiômetro (www.cardiometro.com.br), indicador da SBC que contabiliza o número de mortes causadas pelas doenças do coração no país, deve registrar mais de 400 mil óbitos¹. As mortes causadas por doenças cardiovasculares representam o dobro das causadas por todos os tipos de câncer juntos, são 2,3 vezes mais que as por causas externas (acidentes e violência), 3 vezes mais que as mortes por doenças respiratórias e 6,5 vezes mais que todas as causadas por infecções, incluindo a AIDS¹. Segundo o Ministério da Saúde, 34 pessoas morrem por hora em decorrência de doenças cardiovasculares no país, que são a principal causa de mortalidade no Brasil e no mundo1.

 

Sanofi

 

Referências:

  1. Cardiômetro. Disponível em:  https://www.cardiometro.com.br/. Acesso em: 17 Ago.2021
  2. WHO Global Health Observatory (GHO) data. The top 10 causes of death. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/the-top-10-causes-of-death; Acesso em: 17Ago.2021
  3. Roth GA, Mensah GA, Johnson COet al. Global Burden of Cardiovascular Diseases and Risk Factors, 1990-2019: Update From the GBD 2019 Study. J Am Coll Cardiol. 2020 Dec 22;76(25):2982-3021. doi: 10.1016/j.jacc.2020.11.010. PMID: 33309175; PMCID: PMC7755038.

 

Hospital Paulista mantém serviços do Ambulatório de Olfato inaugurado para auxiliar pacientes com sequelas da Covid-19

 

Shutterstock

Levantamento da área indica que 84% dos pacientes conseguiram recuperação total dos sintomas após tratamento


O Hospital Paulista de Otorrinolaringologista decidiu manter os serviços disponibilizados pelo ambulatório especializado, inaugurado em meio à pandemia, para atender pacientes com alteração no olfato ou paladar e entender melhor os impactos da Covid-19.

O Ambulatório de Olfato, como é conhecido, tem como objetivo ampliar e qualificar o diagnóstico e o tratamento destes sintomas. Além disso, no atendimento, os pacientes são estimulados a sentir diferentes cheiros e sabores, como uma terapia para quem perdeu um ou os dois sentidos após contrair a doença.

"Na consulta, fazemos o questionário de Triagem de Olfato e Paladar (TOP) e um exame básico com um cheiro característico. Dependendo do resultado, complementamos com exames específicos, como o teste da Universidade da Pensilvânia (EUA), baseado em quatro cartelas com 40 odores diferentes. Assim, conseguimos identificar de forma precisa o tipo de cheiro que foi perdido e acompanhar, com a mesma cartela, a evolução da recuperação do paciente", explica o diretor clínico e responsável pela área, Dr. Gilberto Ulson Pizarro.

Segundo o especialista, o ambulatório foi acelerado pela Covid-19, mas já estava sendo desenvolvido há dois anos para atender a profissionais que utilizam o olfato e o paladar como instrumentos de trabalho, como degustadores, sommeliers e perfumistas, entre outros.

"O olfato já era algo que me fascinava e ver as pessoas perdê-lo é terrível. Estamos tendo muito trabalho, mas estamos conseguindo recuperar o olfato e o paladar das pessoas. Dos pacientes atendidos, apenas 2% permanecem inalterados após o tratamento; e temos ainda 14% com sequelas. Mas conseguimos a recuperação em cerca de 84%, em um ano de ambulatório", comemora.

Dr. Gilberto ressalta ainda que, apesar da diminuição nos casos de Covid-19 e dos avanços no diagnóstico dos sintomas, a permanência dos serviços do ambulatório é essencial porque o olfato e o paladar também são responsáveis pela segurança.

"Os dois sentidos estão intimamente relacionados. Alguns gostos podem ser reconhecidos sem a influência dos odores, porém sabores mais complexos requerem o olfato para serem identificados. Por meio deles, é possível identificar incêndios ou verificar se um alimento está estragado, por exemplo, evitando, assim, o seu consumo. O olfato e o paladar ainda nos dão prazer na alimentação e nos instiga sexualmente, ambos importantes para a qualidade de vida", reitera o otorrinolaringologista.

Os serviços do ambulatório continuarão a ser prestados pelo Centro Médico com Subespecialidades em Otorrino do hospital.

Causas que podem levar à perda de olfato

A perda de olfato é um dos sintomas mais característicos da contaminação pela Covid-19, mas o problema pode ser consequência também de doenças como H1N1, polipose nasal e traumas na região da cabeça, além de más formações, como meningoceles e meningoencefaloceles, e tumores específicos, como o esteioneuroblastoma.

A anosmia, como é conhecida, contempla dois tipos característicos de perda olfatória: condutiva, quando a passagem de ar no nariz é impedida, como em casos de gripe e rinite; e neurossensorial, resultado do comprometimento de células específicas ou nervos que levam a informação do cheiro para o cérebro.

"Caso o problema persista por cerca de 14 dias, o recomendado é procurar um otorrinolaringologista. O paciente pode buscar diretamente o ambulatório do Hospital Paulista, onde será atendido de forma mais completa, por uma equipe multidisciplinar apta, inclusive, para procedimentos clínicos e cirúrgicos, se necessário", explica o Dr. Gilberto.

Após o tratamento inicial da causa, se o problema persistir, ainda é possível administrar um tratamento utilizado mundialmente, conhecido como Treinamento Olfatório. "Importante saber que neste tipo de tratamento não há melhora imediata. É preciso que o paciente saiba disso, persista e não desanime ou desista. Ele deve encarar como uma fisioterapia olfatória", ressalta.

O médico alerta, no entanto, que a prática sem o acompanhamento de um especialista não é recomendada. "O uso incorreto de produtos e essências, diretamente no nariz, sem a concentração, distância e intervalos adequados, pode prejudicar o órgão, já que alguns componentes podem ser tóxicos e levar a lesões irreversíveis", finaliza.



Hospital Paulista de Otorrinolaringologia


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