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quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Desinformação ainda é um dos grandes entraves para o diagnóstico e tratamento da Esclerose Múltipla

A Esclerose Múltipla afeta cerca de 35 mil pessoas no país. Para conscientizar a sociedade sobre a doença foi criado o Agosto Laranja. Segundo Herval Neto, médico neurologista, a esclerose múltipla é uma doença neurológica crônica, sem causa determinada e sem cura, em que as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando a perda de mielina, uma substância cuja função é fazer com que o impulso nervoso percorra os neurônios de forma rápida. Por isso, quanto antes diagnosticada, mais chances de vida sem limitações importantes tem o paciente.

De acordo com o especialista, apesar de não ter cura, a esclerose múltipla possui tratamento, por meio do controle dos sintomas e da diminuição da progressão da doença. No entanto, mesmo com os significativos avanços da ciência nesta área, o diagnóstico precoce é um dos grandes entraves para que portadores consigam iniciar o tratamento o quanto antes. "A demora é causada principalmente pela falta de informação sobre a esclerose múltipla e seus sintomas, que podem ser confundidos com os de diversas outras doenças --mesmo pelos profissionais de saúde que fazem os primeiros atendimentos", afirma o médico.

Dentre os sintomas mais comuns estão fadiga imprevisível ou desproporcional à atividade realizada; alterações fonoaudiológicas, como fala lenta, palavras arrastadas, voz trêmula e dificuldade para engolir; visão dupla ou embaçada; problemas de equilíbrio e coordenação; sensação de queimação ou formigamento em alguma parte do corpo e de aparecimento espontâneo; perda de memória e raciocínio; transtornos emocionais; e problemas vesicais e sexuais, como perda de libido e sensibilidade.

A EM pode se manifestar de duas principais formas, a recorrente e a primária progressiva. A forma recorrente é a predominante, ocorrendo em torno de 85% dos casos. Já a forma primária progressiva progride independentemente de surtos e é considerada a mais agressiva. "Até poucos anos atrás não havia tratamentos medicamentosos comprovadamente efetivos e aprovados para essa forma da doença. Hoje, felizmente, já existem terapias para os dois tipos de EM. No entanto, esse caminho é longo, a mobilização e a participação da sociedade são imprescindíveis para fomentar o tema junto aos atores envolvidos e fazer com que as novas tecnologias para o tratamento da doença cheguem, de fato, a quem precisa delas", conclui o especialista.


Amamentação reduz risco de AVC e doenças cardiovasculares

Estudos mostram que a prática traz inúmeros benefícios ao bebê e também à mãe.

 

No mês de agosto celebramos o Agosto Dourado, ação conhecida mundialmente que tem como propósito orientar e incentivar o aleitamento materno. A amamentação tem uma série de pontos positivos não somente à saúde do bebê, mas também para a saúde das mamães. 

 

Um deles é a prevenção e a redução de chances de doenças cardiovasculares e acidente vascular cerebral (AVC). Um estudo desenvolvido por pesquisadores dos Estados Unidos e publicado no Jornal da Associação Americana do Coração aponta que as mulheres que amamentaram seus filhos por mais de seis meses tiveram 23% menos chance de sofrer um AVC. Por outro lado, a probabilidade negativa de ter o problema de saúde reduz para 19% para aquelas que provêem o aleitamento aos filhos até os seis meses. Sendo assim, os pesquisadores concluíram que o risco diminui à medida que o período de amamentação se estende.

 

De acordo com a neurocirurgiã Danielle de Lara, que atua no Hospital Santa Isabel (Blumenau/SC), durante a gravidez o metabolismo da mulher é alterado pois o corpo passa a armazenar gordura para fornecer a energia necessária à gestação do bebê. “Ao amamentar, a mulher possibilita que o corpo acelere a perda de peso e a eliminação dessa gordura armazenada de forma mais rápida e efetiva e isso auxilia na melhoria da saúde cardiovascular, evitando doenças cardíacas. Além de reduzir a possibilidade de ambos terem problemas cardíacos, a amamentação auxilia também na redução da mãe desenvolver câncer de mama ou dos ovários, diabetes e artrites”, comenta Danielle de Lara.

 

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o leite materno deve ser a única fonte de alimentação do bebê em seus primeiros seis meses de vida. “O alimento é rico em proteínas, açúcares, gorduras, vitaminas, água e glóbulos brancos o que leva a prevenção de diversas doenças ao bebê como infecções e alergias.

 

 


Danielle de Lara - Médica Neurocirurgiã em atividade na cidade de Blumenau (SC). Atua principalmente na área de cirurgia endoscópica endonasal e cirurgia de hipófise. Dois anos de Research Fellowship no departamento de "MinimallyInvasiveSkull Base Surgery" em "The Ohio StateUniversity MedicalCenter", Ohio, EUA. Graduada em Medicina pela Universidade Regional de Blumenau. Possui formação em Neurocirurgia pelo serviço de Cirurgia Neurológica do Hospital Santa Isabel.

 

Cuidados no parto e no pré-natal podem evitar deficiências

Neuropediatra ressalta importância da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla


O Brasil possui mais de 45,6 milhões de pessoas com alguma deficiência, ou seja, 23,9% da população. Desse valor, a deficiência mental ou intelectual foi declarada por mais de 2,6 milhões de brasileiros, cerca de 1,4% da população, segundo o último censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os números mostram como é importante para a sociedade entender sobre possíveis formas de minimizar os casos, identificar o quanto antes sinais de deficiência intelectual e promover o esclarecimento sobre a condição destas pessoas e contribuir para seu bem-estar.  

Estes temas fazem parte da agenda da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla, celebrada entre 21 e 27 de agosto. A neuropediatra Alinne Rodrigues Belo (CRM 19322), que atende no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, explica que a deficiência múltipla é quando há mais de uma associada. “Pode ser física, sensorial, mental, emocional ou do comportamento”, destaca. 

Segundo a especialista, a deficiência intelectual pode ter diversas causas como a genética, responsável pelas síndromes do x frágil ou a de down, por exemplo. “Outras causas seriam malformações do sistema nervoso central por condições adquiridas por um erro no processo de desenvolvimento; por consequência de fatores teratogênicos, causados pelo uso de álcool, drogas e fumo; a desnutrição materna; infecção no sistema nervoso; problemas durante o parto ou ainda epilepsias que levam a uma deterioração do sistema nervoso. Outras causas que são raras, mas existem, são as intoxicações e doenças metabólicas”, detalha Alinne.

 

Parto e pré-natal

O momento do parto é muito delicado, pois complicações podem surgir. De acordo com Alinne Belo, várias condições podem levar a algum nível de sequela e estresse tóxico para o cérebro da criança, o que pode repercutir em uma deficiência física, uma sequela sensorial ou com comprometimento cognitivo intelectual. “Podem ser crianças que nascem de um parto prematuro ou têm uma assistência perinatal inadequada, o que pode levar a uma falta de oxigênio ou a uma hemorragia intracraniana. Além disso, pacientes que entram em sofrimento fetal por insuficiências placentárias ou que têm um deslocamento prematuro de placenta, infecções perinatais, na placenta, no útero. Ou ainda quando o feto não está em uma posição adequada no canal vaginal e o período expulsivo se torna prolongado”, ressalta a neuropediatra. 

No entanto, Alinne Belo ressalta que um pré-natal adequado pode evitar muitos problemas no hora de dar à luz. “Outras causas muito comuns de complicações no parto que levam à problemas para a criança e podem desencadear uma deficiência podem ser a pré-eclâmpsia materna e a diabetes gestacional. Então se a mãe é acompanhada fará avaliação da pressão e da glicemia. Outras causas podem ser infecções intra uterinas ou doenças infectocontagiosas, como a toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus. Se a mãe fizer o seguimento pré-natal ela fará exames que rastreiam essas doenças. E todo esse acompanhamento é capaz de garantir que o parto seja feito da melhor forma possível”, salienta.

 

Sinais

Caso a deficiência do filho não seja detectada em exames clínicos, seja no período perinatal, que são os 28 dias após o parto, seja ao longo da infância, os pais devem estar atentos a alguns sinais. “Toda criança que tenha algum atraso no desenvolvimento, seja na aquisição dos marcos motores, como sentar, engatinhar, andar, ou a nível cognitivo, como dificuldade na linguagem, para se expressar ou se relacionar socialmente merecem atenção”, destaca a médica. Ela alerta para que os pais estejam atentos à caderneta da criança, que é nacional e contém de forma bem direta e didática os marcos motores esperados para a cada mês e a cada ano da vida criança. 

Ela explica ainda como proceder ao perceber qualquer atraso no desenvolvimento. “A família precisa estar atenta ao comportamento, ao desenvolvimento e diante de qualquer atraso consultar um pediatra, fazer uma investigação e se necessário procurar um especialista para fazer o diagnóstico da melhor forma possível”, reforça Alinne Belo. A médica conta que o tratamento de crianças com qualquer deficiência é feito de forma individualizada, a longo prazo e com uma equipe interdisciplinar, com diversos médicos, e multidisciplinar composta por vários terapeutas. 

A neuropediatra destaca ainda a importância da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. “É fundamental para esclarecer o que é, trazer informações para a sociedade, porque quando existe o conhecimento consequentemente as pessoas avaliam melhor a situação, elas refletem, observam de uma forma diferente do que quando não tem orientação. E despertar na sociedade ainda a necessidade da consciência e do acolhimento.


Proteína que ajuda o vírus zika a entrar na célula pode ser alvo para novos antivirais

Estudo conduzido por grupos da Unicamp e da USP aponta correlação entre as complicações neurológicas do zika e níveis elevados de Gas6 – proteína que facilita a replicação viral. Resultados foram divulgados na revista Brain, Behavior, and Immunity (modelo em 3D do vírus zika; imagem: NIH)


Pesquisa brasileira publicada na revista Brain, Behavior, and Immunity desvenda um dos mecanismos pelos quais o vírus zika causa complicações neurológicas em pacientes adultos e microcefalia em fetos. A descoberta abre a possibilidade para que novos estudos busquem medicamentos capazes de inibir o agravamento da doença.

No trabalho, que teve o apoio da FAPESP, os cientistas demonstraram uma correlação entre as complicações neurológicas do zika com níveis elevados de Gas6, uma proteína que ajuda o vírus a entrar nas células. Mostraram ainda que as principais fontes de Gas6 nesses casos são os monócitos periféricos, um grupo de células do sistema imunológico.

Em sua forma ativa, a Gas6 se liga a receptores da família TAM (Axl, Tyro3 e Mer) e, após a entrada nas células, é capaz de reprimir uma resposta inflamatória do organismo, facilitando a replicação viral e levando ao agravamento da infecção por zika.

“O próprio vírus induz a expressão de Gas6, que aparece em nível maior nos pacientes com a forma grave da doença. Esses níveis estão ligados ao aumento de supressores de sinalização de citocinas [SOCS-1], responsáveis pelo bloqueio das respostas antivirais de interferon tipo 1. Quanto mais potente esse mecanismo, pior o prognóstico do paciente”, explica o professor José Luiz Proença Modena, do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) e um dos orientadores do trabalho.

O estudo teve a participação de três grupos: o coordenado por Modena, que analisou amostras de soro de pacientes com zika, incluindo grávidas; o do professor Fábio Trindade Maranhão Costa, também do IB-Unicamp; e o de Jean Pierre Schatzmann Peron, do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e da Plataforma Científica Pasteur-USP (SPPU, na sigla em inglês), um instituto da Rede Pasteur constituído em parceria com a universidade, que fez testes em camundongos.

Parte dos pesquisadores integra a Rede Zika Unicamp, criada em 2016, após a epidemia no Brasil, para desenvolver pesquisas que contribuam com o enfrentamento dos graves impactos causados na saúde pública pelas doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Também teve a cooperação científica do Laboratório de Doenças Infecciosas A*Star, de Cingapura. Essa parceria já resultou em outros estudos publicados, como o que identificou um marcador para zika.

“A Rede Zika funcionou como um embrião desse tipo de parceria, que continua surgindo e se expandindo. Agregou pessoas competentes e com linhas complementares, unindo expertise, com resultados positivos. A atividade colaborativa contribui com a qualidade do trabalho”, afirma Costa.

Em 2015, o vírus zika se tornou um problema de saúde pública, começando na América do Sul e depois se espalhando para mais de 94 países. Descoberto pela primeira vez em 1947 em Uganda (África), não foi considerado uma ameaça à saúde humana até os surtos registrados nos anos 2000.

No Brasil, houve a notificação de aproximadamente 214 mil casos prováveis de zika em 2016. No ano seguinte, foram 17 mil registros, caindo para 8 mil, em 2018. De janeiro a maio deste ano, segundo o Ministério da Saúde, são 2.006 casos prováveis.

O aumento de registros de zika veio acompanhado do crescimento de microcefalia, um raro distúrbio neurológico no qual o cérebro do bebê não se desenvolve completamente. Somente em 2015 foram mais de 2.400 registros de microcefalia no país. Antes, entre 2010 e 2014, haviam sido notificados 781 casos em todo o período.

A epidemia de zika no Brasil ocorreu em regiões historicamente endêmicas para a dengue. Os dois vírus (ambos do gênero Flavivirus) têm o mesmo vetor de transmissão, o Aedes Aegypti, e os sintomas das doenças também são semelhantes (febre, dor de cabeça, vermelhidão nos olhos, dores nas articulações e manchas no corpo).

Apesar de a infecção por zika ser geralmente assintomática, dados recentes mostram a ligação entre a doença e o desenvolvimento de síndromes neurológicas, como a de Guillain-Barré, encefalite e meningite em adultos e malformações congênitas, como a microcefalia, em recém-nascidos. Ficou demonstrado que o vírus pode atravessar as barreiras cerebrais e placentárias, atingindo nesse caso os tecidos fetais.

Modena lembra que, para a dengue, já havia sido mostrado na literatura que o vírus pode interagir com Gas6 e usar esse mecanismo para entrar em fagócitos e se replicar. E agora a pesquisa desvendou o funcionamento em casos de zika.


Entendendo o caminho

Para correlacionar os níveis de Gas6 com as complicações neurológicas associadas ao zika, os pesquisadores analisaram o soro de pacientes (por meio de um teste imunoenzimático), incluídos em um estudo transversal realizado entre fevereiro de 2016 e junho de 2017 em diferentes hospitais da cidade de Campinas.

Foram avaliadas amostras de 57 pacientes com doença leve (chamados de não neuro), de 19 com complicações neurológicas após infecção por zika (neuro), de 14 com complicações neurológicas, mas sem ligação com a doença, e de 13 saudáveis. Os neuro apresentaram maiores níveis de Gas6, com aumento de supressores de sinalização de citocinas (SOCS-1).

Paralelamente a esses testes das amostras dos pacientes, o grupo orientado por Peron trabalhou com camundongos adultos imunocompetentes, ou seja, com sistema imune capaz de combater o vírus (linhagens C57BL/ 6 e SJL).

“Inoculamos o vírus já recoberto com Gas6 em animais prenhes e em animais adultos não prenhes. Nos adultos, a carga viral no primeiro dia após a infecção era muito maior em comparação aos animais que receberam o vírus sozinho, sem Gas6. O que mostra que a proteína ajuda na infecção. Já entre os filhotes houve um elevado número com malformação congênita, tinham cabeça e tamanho geral menores”, conta Lilian Gomes de Oliveira, primeira autora do artigo juntamente com João Luiz da Silva Filho.

Para conseguir se ligar aos receptores celulares, Gas6 precisa sofrer carboxilação, uma reação química que permite a interação com outras moléculas. Os pesquisadores então testaram in vitro o uso da droga varfarina e perceberam que ela foi capaz de inibir ou diminuir a replicação do vírus.

“Decifrando esse mecanismo abrimos a possibilidade de novas análises que permitam a intervenção por fármacos. Mostramos que o tratamento com varfarina em culturas de células é efetivo para a inibição da multiplicação do vírus. Não avaliamos se vai funcionar na clínica, mas é uma porta que se abre”, diz Modena.

À Agência FAPESP, Peron destaca que os resultados contribuem não só para uma melhor compreensão sobre a patogênese da infecção por zika e seus desfechos graves, como também abrem caminhos que podem mirar o Gas6 como uma ferramenta terapêutica. Atualmente, Peron coordena um projeto que estuda a imunopatogênese da COVID-19 em modelos experimentais, também apoiado pela FAPESP.

No total, o artigo publicado pelo grupo tem 46 autores e recebeu apoio da FAPESP por meio de diversos projetos (16/00194-817/26170-016/12855-916/21259-018/13866-017/02402-016/07371-217/11828-017/26908-017/22062-918/13645-320/02159-017/22504-1 e 20/02448- 2).

O artigo Gas6 drives Zika virus-induced neurological complications in humans and congenital syndrome in immunocompetent mice pode ser lido em www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0889159121002981.

 


Luciana Constantino

Agência FAPESP

https://agencia.fapesp.br/proteina-que-ajuda-o-virus-zika-a-entrar-na-celula-pode-ser-alvo-para-novos-antivirais/36668/


Conheça os cuidados com dreno pós-cirurgia

Especialista ensina como higienizar o dreno em casa

Vermelhidão e dor local podem ser sinais de infecção

 

Seguir as recomendações médicas após uma cirurgia plástica interfere diretamente no sucesso de um procedimento. Uso adequado de cintas e malhas, realização correta de curativos, reabilitação com fisioterapia, realização de drenagem linfática com profissional capacitado e a manipulação correta de drenos, quando indicados no pós-operatório, são considerados fundamentais para atingir com sucesso o resultado final desejado.

 

O uso de drenos dependerá de cada cirurgia, técnica escolhida e até mesmo da rotina do cirurgião. Eles servem, principalmente, para drenar líquidos (sangue, secreções) que possam acumular na região operada. Os procedimentos mais comuns de cirurgia plástica que utilizam o dreno incluem as cirurgias abdominais e as de mama.

O cirurgião plástico, Dr. Fernando Amato, explica que o dreno está indicado para evitar o acúmulo excessivo de líquidos nos primeiros dias de pós-operatório. Ele pode ser inserido abaixo da cicatriz da cirurgia e fixado com pontos, é mantido de acordo com o volume e aspecto do líquido que está saindo.

 

Geralmente, o líquido acumulado na cirurgia pode drenar em quantidade maior, principalmente, nas primeiras 48 horas. “No caso de sentir dor no local do dreno ou qualquer outra alteração, o paciente deverá buscar orientações com o seu médico”, orienta Dr. Amato.

Em casa – Alguns cuidados devem ser ressaltados para as pacientes que recebem alta com o dreno a vácuo. Abaixo, o Dr. Fernando Amato explica como fazer a limpeza do dreno em casa: 

 

  • Lave as mãos antes e depois de manipular o dreno e use luva descartável. 
  • Feche o clampe, limpe a válvula com álcool, abra a tampa do dreno e despreze o conteúdo em um recipiente adequado. 
  • Com uma das mãos comprima o frasco do dreno contra uma superfície firme para expelir o ar e com a outra mão, feche a tampa e abra o clampe, realize esta operação a cada seis horas, ou mais vezes se necessário.
  • Anote o débito do dreno com dia, quantidade e cor.
  • Não lave o recipiente do dreno. Se as conexões derem problema, procure um médico.

 

No banho, deve-se evitar molhar o curativo, pois pode aumentar o risco de infecção. “Caso o curativo molhe durante o banho, será necessário refazê-lo. Não deve ficar com curativos molhados.”, explica Dr. Amato. 

O cirurgião plástico, que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), alerta também para alguns sinais de que algo pode estar errado com o dreno, entre eles estão febre, vermelhidão, aumento do líquido drenado com o passar dos dias, cheiro desagradável, inchaço e dor intensa no local do dreno.



Dr. Fernando C. M. Amato Graduação, Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica e Mestrado pela Escola Paulista de Medicina (UNIFESP). Membro Titular pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) e da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).

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Pandemia dispara espera por transplante de córnea

No primeiro semestre do ano a fila de transplante aumentou 200% em comparação ao mesmo período de 2020. 


 

A pandemia de covid-19 reduziu diversas cirurgias para dar espaço aos pacientes contaminados pelo coronavírus nas UTIs dos hospitais. Dados da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) mostram que já no primeiro semestre do ano passado diminuiu em 44% os transplantes de córnea no Brasil. Pior: O levantamento aponta aumento de 200% na fila de espera pelo transplante. Passou de 5,9 mil inscritos em junho do ano passado para 17,5 mil no final do primeiro semestre deste ano. 

Segundo o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier de Campinas, o enxerto também é realizado em hospitais especializados que não têm covidários ativos, mas o isolamento social somado ao medo do coronavírus fez muitos pacientes falharem no tratamento das doenças oculares. “O transplante é o último recurso para tratar o ceratocone que responde por 7 em cada 10 enxertos de córnea no País”, afirma.  O índice é tão alto, explica, porque no início da doença os sintomas são visão embaçada e desfocada como acontece no astigmatismo. A diferença do ceratocone, ressalta, é o enfraquecimento progressivo das fibras de colágeno da córnea, lente externa do olho que toma o formato de um cone. “Esta deformação faz a luz entrar distorcida nos olhos e resulta em visão desfocada”, afirma.

 

Fatores de risco, sintomas e diagnóstico

Queiroz Neto ressalta que o ceratocone atinge cerca de 100 mil brasileiros. É uma doença multifatorial que geralmente aparece na infância ou adolescência.  Pode estar relacionado à genética quando há casos na família, ser desencadeado por doenças alérgicas na pele ou vias respiratórias que em 70% dos casos causam coceira nos olhos, maior fator de risco do ceratocone.  Locais empoeirados e estiagem prolongada que ressecam a lágrima também funcionam como gatilhos. Um levantamento feito pelo médico com 315 portadores de ceratocone mostra que a incidência de olho seco nos portadores da doença é de 24%, contra 12% em toda população. 

Os principais sintomas do ceratocone elencados pelo médico são:  troca frequente do grau dos óculos, visão de halos noturnos, aversão à luz do sol, maior fadiga visual e olhos frequentemente irritados.

 O diagnóstico não pode ser feito por um exame oftalmológico de rotina sem a tomografia da córnea que avalia a espessura, face anterior e posterior da córnea. Isso porque, as principais características do ceratocone são o afinamento e a deformação da córnea.

 

Tratamentos

Inicialmente a correção visual é feita com óculos, mas conforme a doença progride é necessário substitui por lente de contato rígida que aplana a córnea e permite melhor correção da visão

O oftalmologista afirma que o único tratamento capaz de minimizar a progressão do ceratocone é o crosslinking. Trata-se de uma cirurgia ambulatorial em que o cirurgião aplica na córnea riboflavina, vitamina B2 associada à radiação ultravioleta. Esta associação reticula as fibras de colágeno e aumenta em até 3 vezes a resistência da córnea, visando evitar o transplante. O especialista destaca que nem todos podem passar pela cirurgia. É necessário ter, no mínimo 400 micras de espessura na córnea. 

Nos casos avançados as irregularidades na córnea pode tornar o uso da lente muito desconfortável, pondera. Uma alternativa para escapar do transplante, destaca, é a substituição por lente escleral cuja borda se apoiada na esclera, parte branca do olho, invés de ficar apoiada na borda da córnea. 

Outra alternativa é o implante de anel intercoreano,  comenta. A técnica consiste no implante de dois arcos que pode ser feito manualmente ou a laser. O especialista explica que o dispositivo faz uma pressão sobre a córnea e diminui a alteração na curvatura, melhorando a adaptação às lentes de contato. Na maioria dos casos, comenta, a visão também melhora. Sem estes tratamentos só resta o transplante e depois da pandemia a espera pela cirurgia pode demorar mais de um ano.

 

Agosto dourado: há motivos de sobra para incentivar a amamentação

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Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) reforça importância da conscientização da importância do leite materno para mãe e para o bebê

 

A amamentação traz benefícios não só para o bebê como para mãe. O contato aumenta a conexão, reduz cólicas e fortalece o sistema imune. O Agosto Dourado é o mês dedicado ao incentivo ao aleitamento materno. E motivos não faltam para incentivar a prática. O risco de asma, diabetes e obesidade é menor em crianças amamentadas, mesmo depois que elas param de mamar. A amamentação é um excelente exercício para o desenvolvimento da face da criança, importante para que ela tenha dentes fortes e bonitos, desenvolva a fala e tenha uma boa respiração.

A orientação da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) é de que a mãe amamente os filhos, durante os primeiros seis meses de vida, unicamente com leite materno.

“O aleitamento materno é a única forma de qualidade nutricional garantida, passagem de anticorpos, concentração de proteínas, gorduras e açúcares que são fundamentais para o bebê”, reforça o diretor executivo da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul e coordenador estadual do Programa de Reanimação Neonatal da SPRS, Marcelo Porto.

O especialista alerta para alguns cuidados importantes. Após a mamada, o bebê deve sempre dormir de barriga para cima e não de lado. Segundo o médico para evitar que o bebê regurgite, a orientação é sempre pegar na posição vertical até que ele arrote. A hidratação da mãe também é uma aliada. Beber bastante líquido, especialmente água, ajuda para que haja quantidade sempre suficiente de leite. Sucos, chás e água de coco também são boas opções.

 


Marcelo Matusiak


5 dicas importantes sobre amamentação para mães de primeira viagem

Especialista seleciona dicas de ouro para facilitar o processo de aleitamento

 

O leite materno pode ser considerado um fluido biológico dinâmico que atende todas as necessidades dos bebês até o sexto mês de vida e continua tendo um papel nutritivo e imunoprotetor até o desmame. Ele proporciona proteção contra infecções e alergias, estimula o desenvolvimento do sistema imunológico e auxilia no processo de evolução do sistema digestório e neurológico¹.  

Os benefícios do aleitamento materno são inúmeros tanto para mães quanto para os bebês. A amamentação faz com que o sangramento pós-parto da mãe diminua, acelera sua perda de peso, reduz riscos de câncer de mama, ovário e endométrio, e protege contra doenças cardiovasculares. O bebê amamentado tem menor risco de desenvolver doenças alérgicas na infância, como asma e dermatite atópica e reduz as chances de doenças como otite e pneumonia. Além de prevenir a criança contra doenças futuras como obesidade e diabetes². 

- Para auxiliar as mamães nessa nova prática e garantir um aleitamento materno bem-sucedido, a pediatra Denise Katz - CRMSP 63.548 reuniu dicas importantes: 

- O momento da amamentação deve ser tranquilo e calmo para que os bebês não fiquem agitados. Sente em um lugar confortável, apoiando braços e costas, e posicione a almofada de amamentação de forma adequada. 

- A posição mais comum e assertiva é o bebê de frente para a mãe, com a cabeça na altura do mamilo, encostando barriga com barriga. A criança já nasce com reflexos que facilitam a mamada, a mãe deve usar o bico do seio para abrir a boca e afastar a língua do bebê. 

- Para a primeira amamentação, aproxime o bebê do seu corpo assim que possível, posicione-o, coloque o polegar logo acima da aréola e os outros dedos e toda a palma da mão debaixo da mama; o polegar e o indicador devem formar a letra C, permitindo que o bebê abocanhe o mamilo e boa parte da aréola. 

- Se a pega do peito está doendo, algo pode estar errado, os lábios da criança devem estar voltados para fora, o nariz livre, o queixo tocando o seio e os olhos voltados para a mãe. Quando a pega não está correta pode machucar o seio              e provocar rachaduras e sangramentos. 

-  Para que o bebê consiga mamar bem é importante que suas vias aéreas estejam livres de mucos e secreções, assim, não é exagero dizer que a higienização nasal é recomendada a desde o nascimento. 

- Apesar de ser um momento de conexão entre a mãe e o bebê, a amamentação pode ser um grande desafio, por isso não evite em pedir ajuda de um especialista e de buscar apoio em pessoas queridas. 

“A alimentação saudável possibilita o crescimento e desenvolvimento ideal para a criança, garantindo o funcionamento dos órgãos, sistemas e aparelhos que atuam na prevenção de doenças futuras. Por falta de informação, diversas mulheres não amamentam seus filhos o tempo que gostariam, e isso causa grande desconforto em um dos momentos mais importantes na maternidade. Complicações potencialmente evitáveis no aleitamento materno podem ocorrer com frequência, e isso não deve afetar o vínculo poderoso que existe entre a mãe e o filho”, sinaliza a especialista.

 



Referências consultadas:

1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia. Manual de Alimentação: orientações para alimentação do lactente ao adolescente, na escola, na gestante, na prevenção de doenças e segurança alimentar. 4. ed. São Paulo: SBP, 2018.

2. Gianni ML, et al. Human Milk and Lactation. Nutrients. 2020;12(4):899.

3. Thelancet [Internet]. Series from the Lancet journals: Breastfeeding. January 29, 2016. Disponível em: <https://www.thelancet.com/series/breastfeeding>. Acesso em: agosto, 2021.


Quem é que aguenta as mudanças climáticas repentinas?

Amanhece frio, à tarde faz sol e à noite geada. Quem é que aguenta? Esse inverno está ainda mais confuso que os demais e sem contar com a pandemia de tira-a-colo.  



Vacina contra a gripe e contra Covid-19. Remédios, vitaminas. Como será que dá para se prevenir e cuidar da imunidade com esse tempo tão instável? O Dr. Alexandre Colombini não tem a receita mágica não, mas ele elencou 11 dicas para o dia a dia e alerta sobre os cuidados essenciais para crianças, jovens e idosos, sem contar aquele grupinho que tem alergias e problemas crônicos respiratórios o ano todo.

“É bastante comum no inverno, com as sucessivas frentes frias, muitas pessoas sofrerem com alergias respiratórias, que aumentam em 40% a incidência, por conta das oscilações climáticas e do que o corpo humano tem que fazer para equilibrar sua temperatura interna. O grande vilão aqui não é só o vírus, mas o ar frio e a poluição do ar. Tomar as vacinas é fundamental, por que diminui o risco de complicações como pneumonia ou fatalidades e agora de problemas mais sérios do coronavirus,  mas são a frente fria, o tempo seco e a baixa umidade relativa do ar que contribuem para o aumento das alergias respiratórias devido à alta concentração de poluentes na atmosfera. O que leva à redução dos mecanismos de defesa do organismo, propiciando o aparecimento de doenças respiratórias como rinite, sinusite, asma e bronquite”, alerta o otorrinolaringologista.
 
De acordo com os dados da Organização Mundial de Saúde, as alergias atingem, em média, 30% da população mundial. Porém, durante o inverno a atenção deve ser ainda maior. Por conta da inversão térmica, quando uma camada de ar frio, que é mais pesada, acaba descendo à superfície terrestre e impedindo que o ar quente, mais leve e que por isso fica retido acima, promova a circulação deste ar, aumentando a concentração de poluentes bem próximos de nós, o que resulta na irritação das vias respiratórias. 

Dr. Alexandre explica que, como a temperatura interna do nosso corpo deve ser em torno de 37 graus, em dias muito frios ocorre a vasoconstrição que desloca o sangue para o centro, deixando as extremidades mais frias, a fim de manter os órgãos e músculos em funcionamento, mais aquecidos. Já, através da respiração, há grande perda de água e calor.  Segundo o médico, quando as vias respiratórias são atingidas por um ar mais seco e frio há uma piora do sistema respiratório por que ele deve trabalhar sempre úmido para que haja a correta produção de muco no qual estão as enzimas e anticorpos protetores. 


Segundo ele, estima-se que cerca de 10% dos brasileiros apresentem quadros variados de asma, enquanto 30% sofram com rinite alérgica.

11 Recomendações do Dr. Alexandre Colombini. Confira: 

1- Beba bastante água: o ideal é ingerir dois litros por dia para manter o organismo hidratado. Isso vai ajudar muito a hidratar as vias respiratórias também.


2- Faça limpeza nasal com solução fisiológica ao menos duas vezes ao dia. Caso trabalhe em ambiente com ar condicionado, redobrar o uso por que ele resseca ainda mais as vias respiratórias.


3- Umidifique o ar seja com aparelhos próprios para isso ou mesmo com toalhas úmidas e/ou grandes bacias para que haja uma grande superfície a ser evaporada para tornar o ar mais úmido.


4 – Guarde os brinquedos de pelúcia em embalagens à vácuo depois de higienizados.


5 - Procure manter os ambientes arejados.


6 - Evite usar vassouras para limpar a casa, pois elas podem espalhar a poeira. Prefira panos úmidos.


7 - Troque a roupa de cama a cada semana.


8 – Tente ter uma boa alimentação balanceada com sopas e caldos ricos em verduras e legumes. As frutas são essenciais, principalmente aquelas que contêm vitamina C, como a laranja. Elas ajudam a prevenir gripes e resfriados.


9 - Lave as mãos com álcool gel e evitar o contato com a boca, nariz ou olhos,  por são portas de entradas dos vírus e bactérias.


10- Tenha um bom sono e um bom descanso, se possível.


11- Evite o contato com pessoas gripadas ou com resfriados, pois essas doenças são adquiridas pelo ar. Ao espirrar, coloque um lenço ou a mão só se puder lavá-la em seguida, ou vai transmitir a doença assim que tocar qualquer superfície.
- Mantenha a respiração sempre pelo nariz e não pela boca, pois as narinas têm a função de filtrar o ar e aquecê-lo;
 

Os vírus da gripe podem ficar até cerca de três dias em superfícies impermeáveis como corrimão, metrô, trem, uma maçaneta de uma porta, sabia? Mouses, touchpads e teclados de todo o tipo também armazenam vírus, por isso ele recomenda evitar usarmos de outras pessoas, ou sempre lavar as mãos com álcool gel após utilizarmos.
 
“Já aqueles que são alérgicos ou que têm rinite alérgica, bronquite ou asma são mais sensíveis nessa época do ano e sofrem mais. Devem previamente consultar o médico para poderem se fortalecer, evitando quadros mais graves", finaliza o especialista.




Dr. Alexandre Colombini - Otorrinolaringologista, formado pelo renomado Instituto Felippu e Membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico Facial – ABORL-CCF. Suas áreas de atuação: Otorrinolaringologia clínica e cirúrgica com enfoque nas patologias nasais, cirurgia endoscópica, ronco e apneia.

Atuação não qualificada em saúde mental pode colocar em risco o bem-estar psíquico

Enquanto cresce o número de empresas investindo em saúde mental, especialistas apontam para a necessidade de qualificação para atuar na área

 

Quase 18 meses após o anúncio oficial da pandemia da COVID-19 tornaram-se usuais os debates em torno da promoção da saúde mental do trabalhador. Se de um lado as circunstâncias lançaram luz sobre a temática e reduziram o tabu em torno dos transtornos mentais e comportamentais, do outro proliferam abordagens superficiais. "Como no capitalismo tudo se transforma em mercadoria, o sofrimento psíquico fez surgir a oferta de soluções questionáveis, sem a profundidade necessária para enfrentamento da questão e sem a participação de profissionais habilitados", afirma Carla Furtado, pesquisadora e fundadora do Instituto Feliciência.

Para atuar no campo da saúde mental, devem-se cumprir pré-requisitos. Renata Figueiredo, médica e Presidente da Associação Psiquiátrica de Brasília (APBr), alerta que somente psiquiatras e psicólogos estão habilitados para atuar em saúde mental no que tange a anamnese, diagnóstico e assistência. "Tornou-se usual vermos pessoas falando sobre saúde mental a partir de experiências pessoais. Apesar do desejo de apoiar os outros a partir do funcionou para elas, cada pessoa é única e necessita de avaliação e acompanhamento personalizado e especializado", elucida.

Há diferentes abordagens que parecem, à primeira vista, uma coisa só. "Estamos vendo iniciativas corporativas nas áreas de felicidade, bem-estar e saúde mental. Embora tenham interseção, demandam planejamentos específicos e composição de times com as qualificações necessárias para implementação. Especialistas em psicologia positiva (lato sensu), sendo ou não psicólogos, estão habilitados para atuar em felicidade e bem-estar. Já na saúde mental, é imprescindível a integração de psicólogos e psiquiatras, bem como dos médicos do trabalho", explica Carla.

Não observar esse preceito apresenta riscos. "Quando se trata de saúde mental, partimos do princípio que nenhuma intervenção é inócua, ou seja, se não fizer bem mal também não faz", orienta Renata. Até mesmo a meditação, cujos benefícios são validados em inúmeros artigos científicos, pode trazer efeitos deletérios. "A ciência apresenta evidências de contraindicação de meditação para algumas pessoas, que podem experimentar por exemplo quadro de despersonalização entre outros", exemplica a psiquiatra. Mesmo as intervenções em psicologia positiva, cujo objetivo é fomentar o bem-estar, precisam ser cuidadosamente prescritas e os participantes devem ser acompanhados.

No âmbito organizacional, Carla destaca que há três dimensões de atuação em promoção da saúde mental: prevenção, descompressão e assistência. "Nunca é apenas sobre uma bandeja de frutas", destaca. Já Renata enfatiza o quanto é essencial identificar a situação de cada organização, a partir de um diagnóstico minucioso que pode lançar mão de instrumentos de aferição e indicadores. "Nenhuma empresa é igual à outra, precisa ser avaliada dentro de suas especificidades", reforça a médica.

Com a aproximação do Setembro Amarelo, mês que marca a prevenção ao suicídio, Renata destaca que as organizações também precisam ir além das palestras localizadas, estendendo as ações ao longo do ano, incluindo rastreamento de sintomas, acolhimento e divulgação da assistência oferecida por equipe interna ou plano de saúde. "Cuidar das pessoas é o certo a se fazer, em primeiro lugar por elas e em segundo lugar pela própria organização. Um transtorno mental severo significa, em média, 100 dias de afastamento do trabalho", informa.



Dados Brasileiros

Carla, que integra o Grupo de Pesquisa em Trabalho e Mobilização Subjetiva da Universidade Católica de Brasília, lembra que a escalada de transtornos mentais e comportamentais antecede a pandemia: "O Brasil é líder mundial em transtornos de ansiedade, com 9,3% de incidência, e esse é um dado da Organização Mundial de Saúde de 2017. Também anterior à COVID é o nosso status de incidência de depressão superior à média mundial: 5,8% contra 4,4%".

Pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostrou, ainda em 2020, que houve aumento significativo na demanda por assistência psiquiátrica durante a pandemia. "As pessoas têm procurado mais a assistência especializada, com queixas mais recorrentes de ansiedade e medo. Contudo, ainda não temos dados que sustentem o aumento de diagnósticos. Estudos mostram que o aumento ocorre com o fim da situação adversa, como visto por exemplo do caso de epidemias e guerras", conclui Renata.


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