Iniciativa do Ministério da Saúde em parceria com o Hospital Sírio-Libanês acompanha pacientes recuperados do vírus, mas ainda acometidos por sequelas físicas e mentais
Indicadores como tempo de permanência
no leito de UTI, velocidade na recuperação e sequelas identificadas mesmo nos
casos mais leves da Covid-19 foram fundamentais para a construção do Ciclo 1 do
Projeto de Reabilitação Pós-Covid-19, realizado por meio do PROADI-SUS e em
parceria com o Hospital Sírio-Libanês (HSL). Até dezembro de 2021, cinco
hospitais do SUS – um de cada região do País – trabalharão lado a lado de uma
equipe especializada do HSL para aprimorar os cuidados relacionados aos
desdobramentos da pandemia.
Os
hospitais escolhidos são:
- Hospital Regional Público Dr. Abelardo Santos (PA)
- Complexo de Doenças Infecto Contagiosas Clementino Fraga (PB)
- Hospital e Pronto Socorro Municipal de Cuiabá (MT)
- Hospital Municipal Ronaldo Gazolla (RJ)
- Hospital de Clínicas de POA (RS)
A expectativa de melhora é grande. No
Ciclo 0, hospitais de Tocantins, Ceará, Distrito Federal, Paraná e Minas Gerais
registraram resultados animadores. Por exemplo, os participantes atingiram 80%
de evolução na adesão aos protocolos de altas seguras e 26% na taxa de
independência funcional de acordo com o índice de Barthel, além de melhorarem o
tempo médio de permanência nas UTI.
Ao longo dos próximos meses, a equipe
do HSL realizará 15 ações presenciais e remotas que vão do diagnóstico do
hospital até a tutoria de ferramentas e projetos de gestão médica capazes de
melhorarem a vida dos pacientes recuperados da Covid-19. “Muitos pacientes
sobreviveram por causa da dedicação de equipes multidisciplinares, de gente que
foi de hospital em hospital ajudando outras equipes. Durante a pandemia, vimos
a força da união do nosso sistema de saúde”, afirma Sérgio Okane, secretário de
atenção especializada à saúde no Ministério da Saúde.
“Os
pacientes precisam continuar vendo essa união presente na reabilitação. Mas
onde estão eles? Não há demanda. Um projeto como o esse mostra aos hospitais
como pensar no modo como o paciente recebe a alta e como ele será acompanhado
dali para frente. Aprimorar a saúde é uma obrigação e dados oriundos desse
projeto serão fundamentais”, complementa o secretário.
O Projeto de Reabilitação pretende reduzir o tempo de permanência do paciente
com Covid-19 nas UTIs. “Menor tempo na UTI significa menos sequelas”, concordam
as doutoras Christina May e Amanda Pereira.
De acordo com os estudos do HSL, a
média de permanência do paciente na UTI do SUS é de 9 dias, praticamente o
dobro da média nos leitos privados. “Oferecer uma assistência de qualidade
durante a internação e girar o leito permite maior qualidade de vida ao
paciente. Muitos médicos sentem receio de tirar o paciente da UTI e arriscar
uma reinternação e o resultado é uma reabilitação clínica acontecendo no
próprio leito de terapia intensiva”, explica a Dra. Amanda.
“O importante não é apenas o paciente
sobreviver, ele tem que sobreviver com qualidade de vida, com condições de se
recuperar e ser independente e feliz. Muitos falam em retomada, mas retomar é
olhar lá para trás. Temos que coexistir com as novas características do cuidado
médico. Temos que dar as boas-vindas ao mundo da melhoria contínua”, diz.
Para o Secretário Sérgio Okane, o
próximo desafio é ir além destes dez hospitais e oferecer um tratamento de
excelência na reabilitação a todos os hospitais do SUS. “Todos devemos ser
replicadores para a informação chegar ao paciente, que, hoje, sobre a sequela, mas
não sabe que pode ser atendido pelo SUS. Do mesmo modo que não podemos baixar a
guarda com as práticas de prevenção, devemos olhar a atenção do paciente de
forma integral”. Ao longo dos próximos 3 anos, o Projeto de Reabilitação
atenderá cinco instituições selecionadas a cada 6 meses.
PROADI-SUS
O Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde
(PROADI-SUS) foi criado em 2009 com o propósito de apoiar e aprimorar o SUS
(Sistema Único de Saúde) por meio de projetos de capacitação de recursos
humanos, pesquisa, avaliação e incorporação de tecnologias, gestão e
assistência especializada demandados pelo Ministério da Saúde. Hoje, o programa
reúne seis hospitais sem fins lucrativos que são referência em qualidade
médico-assistencial e gestão: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Beneficência
Portuguesa, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento
e Hospital Sírio-Libanês.
O PROADI-SUS é mantido com recursos
dos hospitais participantes como contrapartida da isenção fiscal. Os projetos
levam à população a expertise dos hospitais em iniciativas que atendem
necessidades do SUS. Entre os principais benefícios do PROADI-SUS, destacam-se:
redução de filas de espera; qualificação de profissionais; pesquisas do
interesse da saúde pública para necessidades atuais da população brasileira;
gestão do cuidado apoiada por inteligência artificial e melhoria da gestão de
hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil.
Ministério da
Saúde