O ano de 2021 já chegou. Com ele, a vacinação para Covid-19 começa a bater em nossa porta. No Brasil a situação ainda depende da aprovação da ANVISA, órgão que regula a administração de vacinas no país.
Em um cenário como
esse, repleto de informações e fake News, é normal que surjam dúvidas em
relação à vacina, afinal, todos nós queremos saber se nossas vidas voltarão
"ao normal" em breve. Por isso respondo abaixo as principais
perguntas sobre este assunto tão urgente.
Quais são as vacinas
que estão em estágios finais e preparadas para aplicação?
Registradas na OMS
existem, hoje, 222 vacinas em desenvolvimento, sendo 166 em fase pré-clínica
(ainda não estão em testes em humanos) e 56 em fase clínica, sendo que 14 estão
na fase 3 (última fase clínica).
Entre as vacinas já
aprovadas, algumas se destacam, sendo elas:
• Pfizer/BioNTech
• Oxford-AstraZeneca
• Sinovac (CoronaVac)
• Sinopharm
• Sputnik V (Russa)
Vou aproveitar e
explicar um pouco mais sobre a CoronaVac e as outras vacinas que possivelmente
estarão disponíveis no Brasil.
A CoronaVac é uma
vacina inativada, ou seja, age utilizando partículas virais mortas para expor o
sistema imunológico do corpo ao vírus, sem arriscar uma resposta de doença
grave. Esse método é mais tradicional e usado em vacinas bem conhecidas, como a
da poliomielite e dengue.
Uma das principais
vantagens da CoronaVac é que pode ser armazenada em uma geladeira padrão a 2 a
8 graus Celsius, como também acontece com a vacina Oxford, que é feita de um
vírus geneticamente modificado que causa o resfriado comum em chimpanzés.
A vacina da Moderna
deve ser armazenada a -20C e a vacina da Pfizer a -70, ou seja, tanto a
CoronaVac quanto a vacina de Oxford-AstraZeneca são úteis em países em
desenvolvimento e não possuem infraestrutura adequada.
Quais vacinas serão
aplicadas na população brasileira?
No Estado de São Paulo
foi negociada uma parceria entre o Instituto Butantã e a empresa chinesa
Sinovac para desenvolvimento e distribuição da CoronaVac. O governo do estado
anunciou a chegada de 2 milhões de doses no dia 18 de dezembro e o início da
vacinação em 25 de janeiro. O governador do Estado de São Paulo pretende pedir
à Anvisa uma autorização especial para uso da CoronaVac até o dia 7 de janeiro.
O governo federal
sinalizou também a possibilidade de importação das vacinas da Astra Zeneca (em
conjunto com a Fiocruz) e da Pfizer.
A Anvisa autorizou o
uso emergencial e temporário de vacinas para Covid-19 no Brasil, desde que
enviada documentação ao órgão, mas ainda não há outras vacinas registradas na
agência para aplicação no país.
Como vai funcionar a
vacinação no Brasil?
Inicialmente a vacina
será destinada a profissionais de saúde e grupos de risco (idosos, indígenas e
portadores de doenças crônicas), sendo então organizado um cronograma para
incluir cada grupo da população. Deve ser algo parecido com as campanhas de
vacinas de gripe.
Qual a importância
dessa vacinação e como funciona a imunização de rebanho?
É importante que a
maior parcela possível da população seja vacinada, alguns estudos sugerem que
mesmo quando uma pessoa vacinada pega a doença, os sintomas tendem a ser mais
leves.
No nível populacional,
conforme as pessoas vão sendo vacinadas, a circulação do vírus começa a
diminuir, até um momento em que a doença pode ser erradicada. A imunidade de
rebanho que impede a circulação do vírus depende da eficácia da vacina e da
porcentagem da população vacinada. Considerando a eficácia das vacinas
desenvolvidas, será necessário vacinar entre 75% à 80% da população, para
combater a pandemia.
Todas as vacinas podem
ter efeitos colaterais (desde uma leve indisposição, até febre ou reação
alérgica). As vacinas em fase final de estudo, apresentaram efeitos colaterais
leves, principalmente relacionados à ativação do sistema imunológico.
A vida vai voltar ao
normal depois da vacina? Por que é necessário continuar usando máscara e
mantendo distanciamento social, mesmo após a vacinação?
A vacinação não
garante o retorno à vida como era antes da pandemia, já que não temos a certeza
do nível de proteção que a vacinação traz (qualquer uma das vacinas já
liberadas ou em fase final) quanto à infecção ou ao desenvolvimento de sintomas
graves. Esse é o principal motivo para manter as medidas preventivas até que se
observe a redução de casos e óbitos a níveis não epidêmicos.
Também seria
impossível controlar quais pessoas já foram vacinadas e quais não,
enfraquecendo as ações populacionais de reforço na utilização de máscaras,
distanciamento social e higienização.
Felipe Folco - diretor
médico da Cia. da Consulta