Recentemente, o Governo Federal lançou o programa
“Cidades Inovadoras”, uma iniciativa que contempla financiamento para
modernizar os municípios brasileiros com o objetivo de construir políticas
públicas sustentáveis. Os recursos vão ser distribuídos de forma prioritária
para alguns setores básicos, como saneamento e mobilidade urbana, além do
investimento em energias renováveis e eficiência energética. Entretanto, a
proposta tem como propósito colocar o País no século XXI quando se fala de tecnologia
– o que ainda é um grande gap enfrentado pela nação. Apesar de o
Brasil estar entre os 10 maiores mercados do mundo na área, com destaque para o
uso de soluções inovadoras em setores como o bancário e da agricultura, ainda é
preciso investir muito para que a tecnologia facilite o acesso aos serviços
públicos, para o exercício pleno da cidadania.
Avanços já foram vistos nos últimos anos, com a
disponibilização de ferramentas que permitem um melhor acompanhamento da gestão
pública. Por exemplo, o Portal da Transparência trouxe um acesso mais próximo
para verificação do uso de recursos públicos. Também pelos sites governamentais
é possível checar os projetos de lei propostos pelos representantes eleitos,
assim como seus posicionamentos nas votações realizadas. A tecnologia acaba
sendo uma ferramenta imprescindível para a democracia, aproximando a informação
a quem quiser obtê-la.
Porém, ainda há muito que se investir para que a
tecnologia também aja como facilitadora da vida dos cidadãos e para as tarefas
que envolvem a administração pública. A portabilidade de serviços ainda é uma
área pouco explorada, com algumas iniciativas que têm se destacado por
desburocratizar serviços e solicitações. Um exemplo nesse âmbito é o aplicativo
Saúde Já, de Curitiba, que disponibiliza o agendamento do primeiro atendimento
em um posto de saúde. Outra solução de destaque lançada há pouco tempo foi o
App 190, da Polícia Militar, que permite a solicitação do acompanhamento
policial para grande parte dos delitos mais atendidos pelas equipes na rua.
A gama a ser explorada ainda é muito grande. Desde
a integração de aplicativos que disponibilizem em tempo real informações sobre
o transporte coletivo até o agendamento online da maioria dos serviços
públicos, a tecnologia acaba sendo a infraestrutura necessária para agilizar
processos e facilitar acessos. Além disso, em era de Big Data, a coleta,
processamento e análise de informações podem identificar exatamente os pontos
críticos, indicando os caminhos preferenciais para atividades e investimentos.
Ainda é importante ressaltar que ela também pode ser vital para que o cidadão
consiga ser vigilante e possa exercer seu papel com mais facilidade. Com meios
de atuar de maneira empoderada, ele pode comentar, apontar falhas e exigir com
mais efetividade que as mudanças sejam realizadas.
A grande verdade é: sem tecnologia usada de maneira
efetiva, as cidades enfrentam um caminho brusco para atingirem seus potenciais.
Sem facilidade de acesso, os cidadãos contemplam barreiras para um melhor
equilíbrio de vida. E sem inteligência nesses processos, o desenvolvimento
esbarra – assim como um futuro sustentável para todos.
Amilto
Francisquevis - assessor de mercado do Instituto das Cidades
Inteligentes (ICI)