Endocrinologista explica sobre a
relação entre dieta e disfunções da glândula
Com frequência os pacientes com doenças na tireoide
perguntam sobre mudanças na dieta para ajudar no tratamento ou mesmo reverter a
doença. Será que de fato existe uma dieta para tireoide?
A endocrinologista Dra. Patrícia Peixoto, membro
Sociedade Brasileira de endocrinologia e metabologia, da Abeso
(Associação brasileira para estudos da obesidade) e da Endocrine
Society, explica sobre alguns alguns alimentos e sua relação com
disfunções da glândula.
- iodo
A produção de hormônios tireoidianos requer níveis adequados
de iodo que vem da alimentação. “A recomendação varia, sendo maior em gestantes
e lactantes. As principais fontes de iodo são o sal de cozinha, frutos do mar,
alguns paes e grãos.
Pessoas com dieta restrita, como vegetarianos e veganos têm um risco maior de não obter níveis adequados de iodo e podem precisar se suplementação. No caso de gestantes e lactantes, isso também pode ser indicado, mas sempre pelo endocrinologista”.
Pessoas com dieta restrita, como vegetarianos e veganos têm um risco maior de não obter níveis adequados de iodo e podem precisar se suplementação. No caso de gestantes e lactantes, isso também pode ser indicado, mas sempre pelo endocrinologista”.
Por outro lado, a médica explica que opções de suplementos com iodo vem se tornando comuns e podem ser compradas sem receita. “O risco é que em geram eles contêm níveis muitas vezes maior do que o necessário para o organismo, oferecendo riscos a quem os utiliza. A Suplementação de iodo para tratar ou prevenir doenças da tireoide não é recomendada”, alerta Dra Patrícia . Segundo a médica, em pessoas predispostas a doença, o excesso de iodo pode desencadear hipotireoidismo ou hipertireoidismo e até induzir tireoidite autoimune.
“Por estes motivos, evite suplementos de iodo sem recomendação médica e os que contenham mais do que 500 mcg/dia”, explica.
- Alimentos bociogenicos.
Podem causar aumento de volume da tireoide. Os principais são os Vegetais crucíferos, como Brócolis, repolho, couve de Bruxelas, couve-flor.
“Eles são ricos em glocusinolatos que têm propriedades
anticancerígenas, mas também inibem a produção de hormônios da tireoide. Na
prática - tanto para quem tem ou não hipotireoidismo, grandes quantidades
afetarão sua produção hormonal, mas não há porque parar por completo com o uso.
Não há dados de quantidade máxima recomendada, então vale o equilíbrio de
incluí-los em sua dieta, mas sem exageros.”, detalha Dra Patrícia.
- Soja
Contem isoflavonas, que também podem inibir a síntese de hormônios da tireoide. “Em áreas que não são deficientes em iodo, o uso da soja por pessoas com função da tireoide normal não parece trazer problemas. Para os que têm hipotireoidismo recomendamos consumir com moderação, pois o uso da soja pode inibir a função da tireoide e mesmo aumentar a dose de medicamento necessário para a reposição hormonal”, informa Dra Patrícia.
- Selênio
Micronutriente importante para o metabolismo. Fontes - frutos do mar e vísceras, grãos, ovos, castanhas do Pará. “Embora raro, o consumo excessivo de selênio pode levar a intoxicação
Alguns estudos tem mostrado benefício em suplementar selênio para pessoas com doenças autoimunes da tireoide e baixos níveis de selênio tem sido associados a maior risco de bócio e nódulos, mas a suplementação só e necessária em áreas deficientes.Para as demais, a recomendação é de obter o selênio de fontes alimentares”, destaca Dra Patrícia .
“A única indicação do uso de selênio é como adjuvante para auxiliar na melhora de sintomas da oftalmopatia de Graves, doença oftálmica ligada ao hipertireoidismo de origem autoimune”, completa.
Segundo a médica zinco, cobre e magnésio com frequência são cogitados como benéficos para a tireoide. “Porém, o papel deles é bem menos definido pelos estudos existentes, por isso não se recomenda sua suplementação”, destaca.
- Café, chá e álcool
“Não há evidências de relação de aumento de doenças de
tireoide, nem do risco de câncer de tireoide com seu consumo”, afirma Dra
Patrícia Peixoto .
- Vitamina D
“Também é cogitada como tendo papel protetor, mas nenhum
estudo até a momento confirmou isso”,afirma.
- Sem glúten, sem lactose e sem açúcar
Tratar o intestino com dietas livres de glúten, lactose e açúcar e com probióticos é também algo que vem crescendo, com objetivo de prevenir ou tratar doenças da tireoide. “Embora a importância do intestino só venha aumentando, faltam estudos que confirmem este benefício, por isso não podemos recomendar esta conduta”, finaliza a médica.