Para aproveitar a data, especialistas trazem dicas importantes para que os pequenos comecem a ter responsabilidade sobre o próprio dinheiro
É muito comum ver
pais que dão mesadas aos filhos como forma de incentivá-los a gerenciar o
próprio dinheiro, enquanto outros recompensam as crianças com bonificações ao
atingir metas - como alcançar certa nota em uma prova ou ajudar com as tarefas
de casa. Um levantamento deste ano realizado pelo PicPay, porém, mostrou que a
prática da mesada só é realidade para 12,5% dos pais.
Oferecer mesada é
uma das formas de ensinar educação financeira aos pequenos, conforme aponta
Marcello Marin, contador, administrador, Mestre em Governança Corporativa e
especialista em Recuperação Judicial. “É extremamente importante mostrar para
as crianças questões ligadas à moeda, a compras e a guardar capital. Muitas
pessoas acham que isso é prejudicial para os pequenos, mas eu discordo
totalmente, visto que essas crianças, quando crescerem, serão adultos mais
conscientes com o próprio dinheiro e saberão como evitar ciladas relativas a
isso”, defende ele.
Igor Lucena,
economista, Doutor em Relações Internacionais e CEO da Amero Consulting, também
compartilha da visão sobre educar as crianças em relação à administração do
próprio dinheiro. “É importante que, conforme cresçam, elas tenham consciência
do que é e quanto vale o salário-mínimo no Brasil, a fim de compreenderem de
forma literal a dimensão de valores na realidade do país”, diz.
A
mesada pode se transformar no presente
Às vezes, um
presente pode não caber no orçamento atual dos pais naquele momento, o que é
perfeitamente normal, apesar de gerar certas dores de cabeça - como a
frustração dos filhos. Dessa forma, é possível usar essa situação como gancho
para conversar sobre a educação financeira e orientar os pequenos a guardarem a
mesada para comprarem o que querem assim que possível.
Para ajudar a
falar desse assunto com as crianças, os especialistas dão dicas importantes a
seguir; confira-as:
1.
Abra uma conta para seus filhos. “Se
os filhos já tiverem consciência de responsabilidade, abra uma conta para que
eles recebam os valores repassados, sejam de mesada ou de algo específico que
fez para ganhar o dinheiro. Desse modo, assim como todo adulto, eles terão a
responsabilidade de usar os valores disponibilizados como se fosse um salário,
com dia certo para depósito. Mas atenção: evite adiantamentos e valores extras
sem motivo”, ensina Marcello.
No entanto, Igor
alerta para o uso excessivo de dinheiro digital. “Já está provado que a
digitalização, seja por cartões ou celulares, faz com que pessoas que não têm
um controle financeiro estabelecido percam essa noção. Portanto, é importante
que as crianças usem dinheiro físico, pois ele dá uma noção mais clara de
quanto se tem e quanto foi gasto. Até mesmo as nações mais desenvolvidas
mostram que, quando se perde totalmente o controle do dinheiro físico, o grau
de endividamento das pessoas realmente aumenta”, diz,
2.
Ensine a importância do valor do dinheiro. “Reforce a importância do controle financeiro. O valor da
mesada deve ser gasto de maneira correta e deve durar pelo menos o período do
mês. É importante que os filhos entendam que o dinheiro pode acabar, ou seja,
que tenham a ideia de escassez”, complementa Igor.
3.
Recompense pela ajuda. “Criança não deve
trabalhar, mas pode ajudar em casa. Os filhos podem ser melhor estimulados a
ajudar nas tarefas domésticas se forem ‘recompensados’ por isso. Tente definir
um valor para cada atividade; você pode, inclusive, estipular uma ‘multa’ para
coisas erradas que eles façam, pois isso trará também bastante
responsabilidade”, pontua o contador.
4.
Ensine o valor das coisas. “É
importante que compreendam que 10 reais não são 100, mil reais. Elas precisam
começar a saber quanto custam coisas básicas, como uma coxinha, um
refrigerante, uma água, e quanto custa um brinquedo. Também é essencial que
elas tenham noção de quanto é, por exemplo, um salário mínimo e que entendam a
grandeza dos valores”, explica o economista.
5. Incentive o interesse sobre o assunto. “Se seu filho já lê, mostre para ele livros e outras leituras sobre o tema. Há também diversos influenciadores financeiros que estão criando conteúdos para as crianças. É importante que os pequenos tenham acesso ao assunto, pois pode ajudar demais no seu crescimento como pessoa”, finaliza Marcello Marin.
Igor Lucena - economista, Doutor em Relações Internacionais na Universidade de Lisboa e CEO da Amero Consulting. Membro da Chatham House – The Royal Institute of International Affairs e da Associação Portuguesa de Ciência Política
Marcello Marin - contador, administrador, Mestre em Governança Corporativa e especialista em Recuperação Judicial.
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