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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Psicopedagoga alerta sobre disgnósticos errados


A psicopedagoga Lidiane Leite alerta que muitas vezes as crianças recebem diagnóstico de um transtorno , entretanto, muitas vezes são crianças que não foram estimuladas e desenvolvidas.

A alfabetização atinge 85% da população mundial, de acordo com dados da ONU. Sendo que 3 em cada 10 brasileiros são considerados analfabetos funcionais. E para que essa realidade mude, as crianças devem na primeira infância, desenvolver a memória, atenção, a lateralidade e a motricidade. Sem ter essas habilidades desenvolvidas será muito difícil a criança ler, escrever e interpretar corretamente, diz a psicopedagoga Lidiane Leite.

De acordo com Lidiane Leite algumas atitudes dos pais durante a infância vão refletir no processo de alfabetização. "Uma criança que aprende a andar sem ter engatinhado provavelmente vai ter problemas para escrever pois não trabalhou corretamente o tônus, a postura e a equilíbrio. No engatinhar a criança esta desenvolvendo o movimento do punho que é primordial na hora de escrever."

Segundo a psicopedagoga Lidiane Leite desenvolvimento não tem salto. "Todas as etapas devem ser desenvolvidas. Muitos pais cortam o bico da mamadeira para facilitar e agilizar o processo. Está simples atitude prejudica muito o desenvolvimento da criança, pois o tamanho do furo tem um motivo, a criança precisa sugar e não engolir o conteúdo. O movimento de sugar e mastigar é importante no desenvolvimento da fala."

Lidiane Leite afirma que crianças que não têm rotina e que não conseguem dormir, terão problemas na alfabetização. "Crianças que tiveram problemas durante a sua gestação ou no parto, crianças que possuem um ambiente perturbador ou que os pais estão se divorciando, encaminho para uma psicóloga. Pois muitas dessas crianças estão sofrendo, silenciosamente, não conseguem dormir direito e portanto vão ter problemas de memorizar as informações e de ter atenção na hora de estudar. Dependendo do trauma ou do medo pode até gerar uma gagueira."

A psicopedagoga Lidiane Leite recomenda a todos os pais que façam check-up infantil. "Muitos pais me procuram imaginando que seus filhos têm algum transtorno ou síndrome, porém, na maioria das vezes, o que ocorre é a falta de desenvolvimentos de algumas habilidades, ou não escutam direito, ou não enxergam bem ou ainda não foram alfabetizados corretamente e passaram de ano. Sugiro marcarem uma consulta com uma fonoaudióloga, com um oftalmologista e um psicomotricista para avaliar os processos auditivos, visuais e as bases psicomotoras da criança."

Lidiane Leite alerta que é preciso ter muita cautela e cuidado para determinar algum diagnóstico. "É preciso investigar, avaliar todas as possibilidades antes de concluir que a criança tenha alguma síndrome ou transtorno. Precisamos ter a certeza de que a criança possui todas as funções e habilidades desenvolvidas para ler e escrever."
A especialista finaliza dizendo que é muito diferente a criança não executar por ter um problema, da que ainda não aprendeu a fazer.






PSICOPEDAGOGA LIDIANE LEITE - Jornalista, pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia e atualmente cursando neuropsicopedagogia. Possui vários cursos de aperfeiçoamento na área da Educação e da Psicologia. Ministra palestras sobre educação e comportamento infantil.


Problemas de coordenação motora afetam até 10% das crianças


Atrasos ou déficits motores podem ser sinais do Transtorno da Coordenação Motora

Já ouviu falar em criança desajeitada? Alguns pequenos podem apresentar dificuldades na parte motora durante o desenvolvimento, que por desconhecimento dos pais, podem passar despercebidas. Em alguns casos, essas crianças são consideradas desastradas ou desajeitadas.

Entretanto, quando a criança apresenta alguma dificuldade para realizar tarefas simples, como amarrar o tênis, fechar botões, apontar ou segurar um lápis, escrever seguindo a linha do caderno, recortar, segurar o garfo para comer sem derrubar a comida e participar de jogos e brincadeiras que exigem as funções motoras, é preciso avaliar se há algum tipo de atraso ou déficit no desenvolvimento na coordenação motora.

Segundo a terapeuta ocupacional Márcia Strabeli, alterações da coordenação motora estão associadas a diversos distúrbios do sistema nervoso central. Assim, crianças com paralisia cerebral, síndromes genéticas e deficiência intelectual, por exemplo, podem apresentar essas alterações que são conhecidas e esperadas. “Entretanto, quando não há nenhuma causa aparente para o déficit motor, ou seja, nenhuma condição que explique o problema, o ideal é consultar um especialista para uma avaliação”.

“A avaliação de um especialista poderá indicar se o déficit está ligado ao Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC). A condição se aplica quando na ausência de transtornos físicos ou neurológicos, há um desempenho abaixo do esperado para a idade e nível cognitivo da criança nas atividades que exigem coordenação motora”, explica a terapeuta.
 


Não existe criança desajeitada

 
“A falta de jeito é um sinal bem característico do TDC, assim como uma coordenação motora abaixo do esperado para a idade. Problemas de ritmo, tensão corporal e excesso da atividade muscular durante a execução de tarefas motoras são outros sinais importantes. É interessante observar que quando os pais contam a história da criança, quase sempre relatam que houve atraso nos marcos do desenvolvimento motor, como engatinhar, ficar de pé e andar”, comenta a fisioterapeuta Walkiria Brunetti.

Walkíria diz ainda que é comum que essas crianças tenham menos interesse por esportes ou ainda por brincadeiras que exigem coordenação motora grossa ou fina mais desenvolvida. “Como são crianças com habilidades motoras restritas, em alguns casos podem até ser excluídas das brincadeiras pelos colegas, o que também afeta a interação social e o desenvolvimento emocional, podendo levar à ansiedade, baixa autoestima e depressão”.
 


Funções motoras e aprendizado

 
Segundo estudos, o TDC afeta entre 6 a 10% das crianças em idade escolar, portanto é um problema frequente na infância, que pode ter grande impacto no desempenho escolar e nas relações sociais. Entre as causas, alguns estudos apontam que problemas na gravidez, parto, prematuridade, baixo peso no nascimento e fatores ambientais podem estar ligados ao déficit motor.

“Além disso, os problemas motores quase sempre aparecem associados a dificuldades de aprendizagem e em crianças com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)”, diz Márcia.   



Como a Terapia Ocupacional pode ajudar

 
O tratamento do TDC é multidisciplinar, ou seja, é feito por diversos profissionais, entre eles o terapeuta ocupacional. A terapia ocupacional é uma intervenção fundamental, pois ajuda os pais, professores e cuidadores a compreenderem melhor as dificuldades da criança.

“Na terapia são estabelecidas estratégias para contribuir e para compensar o déficit motor. Assim, a criança tem oportunidades de praticar e de aprender novos caminhos para executar as tarefas que exigem a coordenação motora, graças a neuroplasticidade cerebral. A criança se torna mais consciente de seus pontos fortes e podemos trabalhar de forma positiva para que ela vença suas dificuldades”, ressalta Márcia.

“O objetivo final do tratamento é que a criança ganhe autonomia, aprenda a executar as tarefas escolares e as atividades da vida diária, como comer sozinha, vestir-se e, claro, participar das brincadeiras e esportes visando sua inclusão social. Em geral, a terapia ocupacional é realizada em conjunto com a fisioterapia, que irá trabalhar também as questões musculares envolvidas na coordenação motora”, comenta Walkíria.

Portanto, o alerta para os pais é prestar atenção aos marcos do desenvolvimento para entender o que é esperado para cada fase da vida da criança. Embora o diagnóstico do TDC só pode ser feito na idade escolar, ou seja, depois dos 6 anos, é possível intervir de forma mais precoce para aproveitar a neuroplasticidade que é mais intensa nos primeiros anos de vida.


Dificuldade em aprender rimas na pré-escola pode ser sinal de dislexia

Você acha engraçado quando seu filho fala errado? Ele costuma inverter as sílabas das palavras, como salada por sadala? E quanto às rimas, ele tem dificuldade para aprendê-las? ‘Um dois, feijão com arroz’, por exemplo? Estas podem ser algumas manifestações iniciais da dislexia, um Transtorno Específico da Aprendizagem, cuja origem é neurobiológica e afeta cerca de 7% da população em geral.

De acordo com a neuropediatra Dra. Andrea Weinmann, a dislexia se caracteriza pela dificuldade em reconhecer as palavras, ler e escrever. “A condição não está relacionada à inteligência, pois são crianças com as funções intelectuais normais. Também não está relacionada à falta de oportunidades ou ao ensino inadequado”.

“A dislexia está ligada a um déficit fonológico, ou seja, ela não desenvolve a consciência de que a linguagem é formada por palavras, as palavras por sílabas, as sílabas por fonemas e que os fonemas são as letras do alfabeto que representam os fonemas. Para que a leitura e a escrita ocorram, é necessário que todo esse processo seja entendido de uma forma automática”, explica a neuropediatra.


Dislexia, cérebro e genética
 
Vários estudos de imagem ao longo dos anos revelaram que pessoas com dislexia apresentam ativações anormais de estruturas cerebrais envolvidas no processamento da linguagem. Além disso, pesquisas genéticas já identificaram mutações genéticas envolvidas na dislexia, presentes em vários membros de uma mesma família. Há ainda os fatores ambientais, como nível socioeconômico dos pais, estimulação ao letramento, entre outros, que podem levar à condição.  


Atraso na fala é sinal de alerta
 
O diagnóstico da dislexia só é feito depois dos 6 anos, idade em que a criança começa a ser alfabetizada. Entretanto, na idade pré-escolar, algumas manifestações podem sugerir um quadro de dislexia. “Em alguns casos, a criança pode apresentar atraso no desenvolvimento da fala, ter um comportamento mais desatento ou disperso, pode ter mais dificuldade em aprender músicas ou rimas simples, por exemplo”, cita a neuropediatra.

A dislexia também pode afetar a pronuncia de palavras mais complexas. A criança pode omitir ou inverter os sons das palavras. “Alguns pais, por desconhecimento, podem achar engraçado quando a criança diz uma palavra errada. Claro que na aquisição da linguagem isso vai acontecer. Porém, é preciso dar o modelo correto da palavra. Se mesmo assim, os erros de pronúncia se repetirem ou a fala estiver atrasada ou defasada, o ideal é consultar um especialista”, comenta Dra. Andrea.

Já na fase escolar, os sinais ficam mais evidentes e a escola certamente irá transmitir aos pais informações importantes. “Além da dificuldade de ler e escrever, são alunos com níveis mais altos de distração, costumam confundir as direções, esquerda com direita, podem ter mais dificuldade para copiar tarefas de livros ou do quadro. Também podem apresentar um vocabulário mais empobrecido, usando frases curtas ou ainda muito longas e vagas”, diz a especialista.
 

Dislexia e Comorbidades
 
Na última versão do DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, todos os transtornos de aprendizagem foram classificados dentro do diagnóstico geral do Transtorno Específico de Aprendizagem, incluindo dislexia, discalculia, disgrafia, disortografia, entre outros.

Isso porque em cerca de metade dos casos, a criança pode apresentar mais de um transtorno. Outro diagnóstico muito prevalente nessa população é o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Estima-se que de 25 a 40% das crianças apresentam os dois diagnósticos, ou seja, de TDAH e de dislexia, concomitantemente.  


Diagnóstico e Tratamento 
 
O diagnóstico é feito pelo neuropediatra, em parceria com uma equipe de profissionais, como um neuropsicólogo, um geneticista, entre outros. Quanto ao tratamento, é importante dizer que a dislexia não tem cura. Mas, a intervenção precoce é fundamental para ajudar a criança no processo da aprendizagem.

“Essas crianças podem e conseguem aprender, mas para isso é preciso adaptar os materiais, o método de avaliação e de ensino, assim como é preciso que os pais façam treinamentos específicos e estejam engajados no processo de aprendizagem para contribuir para o sucesso na vida acadêmica da criança e do adolescente”, conclui Dra. Andrea.

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