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segunda-feira, 2 de abril de 2018

Alta do desemprego e a baixa qualificação profissional


O desemprego no Brasil atingiu a taxa de 12,6% no trimestre encerrado em fevereiro, ou seja, 13,1 milhões de pessoas estão desempregadas no país, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em Minas Gerais, o índice de desemprego alcançou a taxa de 10,6%.
Em um cenário econômico incerto e em recuperação, o mercado de trabalho conta com um grande número de pessoas a procura de uma recolocação profissional; trabalhadores dedicados a manter suas posições; e por fim, organizações compostas por gestores e recrutadores muito exigentes e específicos quanto aos perfis profissionais demandados por suas empresas. 
Neste panorama o essencial é que trabalhadores empregados ou desempregados saibam o que uma organização ou empresa querem dos mesmos. Para orientar estes profissionais quanto as habilidades e competências fundamentais para o desenvolvimento de suas carreiras, algumas atitudes e comportamentos devem ser adotados e colocados em prática.
O profissional atualizado deve ser altamente proativo, aberto a mudanças e ter inteligência emocional. Também é preciso que o trabalhador tenha o domínio sob novas tecnologias; comunicação fluente em pelo menos dois idiomas; dedicação no desenvolvimento de suas qualificações; capacidade de reconhecimento e resolução de problemas complexos; competência na gestão e coordenação de pessoas; aptidão na avaliação de dados e casos, e a posterior tomada de decisão; e a flexibilidade e agilidade cognitiva.
Sabe-se que o mercado de trabalho ainda sofre com o recuo econômico do país, mas as empresas estão à espera pela recuperação do crescimento para voltar a investir e contratar funcionários. Com a necessidade de redução de custos, escolha de projetos prioritários e a reestruturação de departamentos por parte de empregadores nos últimos anos, houve por consequência, a diminuição do quadro de funcionários. No entanto, a partir deste ano, o âmbito empresarial está começando a prospectar a continuidade de seus projetos e a expansão de atividades, e este panorama acaba por favorecer a criação de novas vagas.
Uma considerável causa do desemprego atual, que abrange ampla parcela da população, é a necessidade de profissionais mais capacitados. Ressalto que existem vagas em aberto para diversos cargos em grandes empresas do país, mas que não são ocupados por falta de qualificação. É preciso investir mais em capacitação acadêmica e na especialização, para que a empresa almejada veja em seus potenciais funcionários, um possível colaborador.

Dados recentes de recrutamento apontam que neste ano haverá alta de contratações, principalmente, nas áreas de engenharia, finanças e contabilidade, jurídica, mercado financeiro, recursos humanos, seguros, tecnologia, vendas e marketing, entre outras.




Astrid Vieira - diretora e consultora da empresa Leaders HR Consultants

Insatisfação no trabalho. O que fazer?


Dicas de coaching ajudam a diagnosticar o motivo da desmotivação na carreira 


As incertezas econômicas afetam diretamente o mercado de trabalho, e as consequências podem ser drásticas. Para manterem-se ativas, as empresas adotam planos de contingência e, na maioria das companhias, o corte de efetivo é inevitável. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em fevereiro de 2018, atingimos o maior nível de desemprego desde 2012.

Embora o papel das empresas mereça uma análise detalhada, gostaria de abordar os grandes reflexos deste momento para quem deveria ser protagonista no mercado, mesmo que muitas vezes seja tratado como coadjuvante: o empregado.

Há quem critique as estratégias das organizações, que demitem profissionais com 12 anos de casa, e que custam R$ 10 mil no orçamento da organização, para contratar outro profissional pela metade deste valor ou, às vezes, nem contratar. O ponto é que os profissionais precisam estar preparados para transformações. A frustração e os traumas vêm, principalmente, quando processamos as mudanças de maneira negativa, quando deveríamos ter uma visão mais holística e entendermos as causas das angústias. Levo como lição meus oito anos de carreira dedicados a Odebrecht.

Além do preparo, manter-se atualizado e curioso perante o mercado e os concorrentes é fundamental, soma-se a isto a necessidade de trabalhar as suas cargas emocionais.

O seu currículo tem que estar no mercado. É fundamental participar de processos seletivos e ser visto. Já me dizia uma professora que os profissionais precisam estar preparados para tudo. Esta iniciativa é um exercício, mas, mais do que isso, um alento. Uma confirmação de que as (novas) oportunidades estão aí.

Em paralelo, temos também os profissionais inseridos nas empresas que estão desmotivados. Querem mudar de setor ou, muitas vezes, até de profissão. Nesses casos, a autoavaliação é o primeiro passo para entender o real estímulo para esta insatisfação. É importante reconhecer o valor do seu trabalho, para se sentir mais estimulado. Valorizar o aprendizado. Todo o trabalho, por mais duro e difícil, deve trazer algum proveito e cedo ou tarde as oportunidades dentro ou fora da empresa vão surgir.

Estudos de RH mostram que a principal razão para funcionários saírem das empresas não é a promessa de um salário maior em outra companhia, mas sim, as dificuldades de trabalhar com seus atuais gestores. Em muitas situações, a relação empregado/líder não vai bem, porém, o profissional acha mais fácil desligar-se da empresa alegando ter recebido uma oportunidade melhor em outro lugar. Deixo a reflexão: Precisa chegar a esse extremo? Será que, para melhorar a convivência com o gestor, um movimento lateral não basta? E o que pode ser feito agora para melhorar o seu futuro?

A grande dica é chegar ao verdadeiro causador da desmotivação na carreira. Na primeira sessão dos meus clientes faço a chamada "Roda da Vida" – uma técnica de avaliação pessoal separada em setores que são essenciais para encontrarmos um equilíbrio pessoal. Ao final do exercício, é bastante comum diagnosticarmos que o problema está em outra área da vida que não a carreira, como finanças, no relacionamento, com a saúde ou então até com o seu lado emocional e espiritual, enfim. A boa notícia é que o processo de coaching serve para todos os campos de sua vida e que você pode sempre refletir, resignificar e ser um criador de soluções.



Léo Alves é empresário - coach de vida e carreira e autor do livro Abismo – Quando o Fim se torna recomeço

Não me convidaram para esta festa


A atividade econômica no Brasil é pautada pelo fomento do Estado. Ou é o Estado financiando, ou desonerando, ou isentando, ou imunizando. Da mesma forma, as relações sociais são pautadas pelo Estado, partindo da perspectiva de que os cidadãos são incapazes de conciliar seus interesses por conta própria. Ou o Estado media ou será o caos. Igualmente, o Estado financia as atividades religiosas, criando verdadeiros oásis de isenções e imunidade para templos e atividades vinculadas aos ofícios religiosos, como se o ministério de Deus só fosse possível com a mão santa do poder público (e laico!). E não esqueçamos das empresas de comunicação – jornais, revistas, tevê, editoras etc. – que, igualmente, recebem benesses do Estado para o exercício de sua atividade cidadã de informar e instruir. Também as escolas e universidades têm apoio do poder público. Da mesma forma, o chamado Sistema S (Senai, Senac, Sesi, Sesc, Sebrae, Senar) recebe auxílio do Estado.

Na verdade, a lista não tem fim. Somos uma sociedade enredada aos recursos do Estado e aparentemente incapazes de nos livrar desse engodo. Um vício de nascença. Praticamente toda iniciativa tem o dedo do Estado. Privatizações? O BNDES foi o maior “comprador”. Financiamento da cultura e artes? A Lei Rouanet troca o “apoio” da iniciativa privada por isenções. Ampliação de vagas nas faculdades, maior oportunidade de formação para os jovens pobres? O governo paga essas vagas por meio do ProUni. Mesmo assim, muitas empresas não recolhem as contribuições previdenciárias, não pagam o FGTS devido, não honram suas dívidas com juros subsidiados do BNDES ou Caixa Econômica. E o que acontece? O Refis. O governo abate até 90% das dívidas em troca de um novo acordo de pagamento.

Recentemente descobriu-se que as ONGs entraram nessa festa. Muitas delas, fortemente subsidiadas por patrocínios ou repasse de verbas, cresceram à sombra do poder público. Um verdadeiro oxímoro. Pegaram carona no que muitos institutos, fundações, associações de assistência já faziam há muito tempo. Ninguém vive sem o governo.

Diante desse cenário do que se pode chamar de capitalismo de laços, esse patrimonialismo de anfitriões e convivas às custas dos impostos diretos e (principalmente) indiretos, pagos pela imensa maioria da população, não deveriam ser de estranhar os escândalos de corrupção. Eles são a rombuda ponta do iceberg de uma cultura econômica e política na qual o desenvolvimento de qualquer atividade – com raras e honrosas exceções – acaba esbarrando na possibilidade de um enquadramento em uma lei ou portaria ou decreto ou resolução na qual é possível obter um financiamento subsidiado ou uma desoneração ou isenção ou uma renegociação da dívida. Se o presidente da ONG Afroreggae, José Junior, não consegue mais pagar as contas porque a Petrobras não financia mais o seu projeto social, ele não é exceção. Ele é apenas mais uma cara desse país descarado.





Daniel Medeiros - doutor em Educação Histórica pela UFPR e professor do Curso Positivo.


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