Além de auxiliar no ganho de massa magra e na melhora de
sintomas, a atividade física pode ter impactos psicológicos positivos para os
pacientes
A prática
de exercícios físicos é uma recomendação médica na maioria dos casos. Seja para
evitar o desenvolvimento de doenças, para manter o organismo saudável ou até
mesmo pelo bem-estar mental. Porém, durante o tratamento de um câncer,
principalmente quando se trata de um tipo que atinge predominantemente jovens
adultos ativos, como o linfoma de Hodgkin, muitas incertezas e inseguranças
podem surgir.
O linfoma
de Hodgkin é um tipo de câncer que atinge os gânglios do sistema linfático.
Caracterizado pela multiplicação descontrolada dos linfócitos do tipo B,
responsáveis pela defesa do organismo, é considerado um câncer raro¹. Todavia,
é um dos tipos mais comuns entre jovens adultos², com uma incidência maior em
indivíduos entre os 15 e 40 anos, especialmente na faixa dos 20 anos³.
Entre os
principais sintomas estão o aumento dos linfonodos, febre, perda de peso,
sudorese noturna, coceira e fadiga4. E é exatamente na redução
dessas manifestações que o exercício físico pode se tornar um grande aliado ao
tratamento medicamentoso. “Existem benefícios das atividades físicas
descritos para vários tipos de câncer, incluindo o linfoma de Hodgkin. Há
estudos mostrando melhoras na composição corporal, qualidade de vida, fadiga e
diminuição da ansiedade”, afirma o Dr. Guilherme Fleury Perini,
hematologista do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
Um desses
estudos é o HELP (Healthy Exercise for Lymphoma Patients), conduzido pela Fundação
Lance Armstrong e pela Universidade de Alberta, no Canadá. Feito com 122
pacientes em tratamento ou não para diferentes linfomas, demonstrou que o grupo
submetido a uma série de treinos aeróbicos, durante 12 semanas, teve resultados
positivos com relação à qualidade de vida, como melhora da fadiga, preparo
cardiovascular, aumento de massa magra e em aspectos psicológicos como
depressão, em comparação ao grupo que não foi submetido a essas condições5.
E o mais
importante, de acordo com o Dr. Perini, é que as atividades não impactaram no
tratamento da doença. “Talvez os principais benefícios estejam relacionados
aos aspectos psicológicos, como sensação de bem-estar e menor incidência de
depressão. A fadiga, além do componente físico, também apresenta o fator
psicológico e é uma das manifestações que mais demonstraram melhora em
pacientes praticantes de atividades físicas”, comenta.
Entre os
exercícios indicados, os aeróbicos ou os que visam o ganho de massa magra, como
a musculação. Além disso, há ainda estudos que demonstram benefícios em outras
atividades, como caminhadas, corridas e ciclismo. Algumas limitações podem
ocorrer devido aos efeitos colaterais da quimioterapia, como náusea, queda da
imunidade e presença de cateteres.
Portanto,
para pacientes com câncer, exercícios supervisionados em academia podem ser
mais adequados. Já para os que estão em remissão, ou seja, sem os sinais da
doença, a orientação é outra. “Os que tratam do linfoma podem ter um risco
maior de doença cardiovascular. Portanto, antes de iniciar é importante
conversar com o médico e fazer os exames solicitados”, explica Dr. Perini.
Ainda segundo o especialista, atividades que envolvam impacto devem ser
evitadas, devido ao risco de plaquetopenia, nível extremamente baixo de plaquetas
no sangue, principalmente em pacientes com cateteres totalmente implantáveis.
Atualmente,
o tratamento medicamentoso do linfoma de Hodgkin apresenta grandes taxas de
cura, chegando a até 90% dos casos6. Em recidivas ou pacientes
refratários, ou seja, que nunca responderam a outros tipos de terapia ou a
doença tenha retornado depois do último tratamento, a terapia-alvo é uma das
alternativas existentes. De toda forma, o especialista aponta que o papel do
educador físico pode ser importante também ao pensar no tratamento como um
todo. “Se pensarmos que se trata de uma população jovem, com uma grande
expectativa de vida, faz sentido prestarmos mais atenção nos exercícios e
incluirmos um educador físico no manejo destes pacientes”, finaliza.
Takeda
Referências
1.
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da Silva [Internet]. linfoma de Hodgkin. [cited
2017 aug 14]. Available from: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/linfoma_hodgkin
2.
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2016. Cancers That Develop in Adolescents. cited
2016 sep 29] Avaiable from: https://www.cancer.org/cancer/cancer-in-adolescents/what-are-cancers-in-adolescents.html
3.
Instituto
Oncoguia [Internet]. Dados Estatísticos sobre o Linfoma de
Hodgkin. [cited 2015 jun 6] Avaiable from: http://www.oncoguia.org.br/conteudo/dados-estatisticos-sobre-o-linfoma-de-hodgkin/7705/321/
4.
Instituto
Oncoguia [Internet]. Sinais e sintomas do linfoma de
Hodgkin. [cited 2015 jun 6]. Available from:
http://www.oncoguia.org.br/conteudo/sinais-e-sintomas-do-linfoma-de-hodgkin/1473/322/
5.
US National Library of Medicine [internet]
Healthy Exercise for Lymphoma Patients - [cited Aug 2018] Avaiable from https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT00111865
6.
Fundação do Câncer [internet] Um linfoma menos
traumático [cited 2013 aug 29] Avaiable from https://www.cancer.org.br/um-linfoma-menos-traumatico/
7.
IMS Health do Brasil Classe N02b – MAT
Mai/16
8.
IMS Health do Brasil - MAT Mai/16
9.
IMS Health do Brasil Classes D06A0; D08A0 e D04A0
- MAT Mai/16
10. IMS Health do Brasil Classe
R05A0- MAT Mai/16