Especialista
indica que a prática de esportes seja incorporada ao tratamento de pacientes
com asma e DPOC para reabilitação pulmonar e aumento da qualidade de vida
A realização de
exercícios físicos é benéfica para fortalecer a musculatura, aumentar a
resistência física, proporcionar melhora na postura corporal e é importante no
tratamento de doenças crônicas como depressão, diabetes e asma. De acordo com
Dr. Clystenes Odyr Soares Silva, pneumologista professor da Unifesp
(Universidade Federal de São Paulo), a prática de atividades físicas regulares
traz inúmeras vantagens: “Diversos estudos mostram que a vida sedentária não
é boa e que a pessoa que se exercita é mais saudável, vive mais, adoece menos e
tem uma melhor qualidade de vida”.
Ainda é comum
acreditar que pessoas acometidas por doenças respiratórias devem evitar
realizar esforço físico e que a prática de esportes seja perigosa. Porém, Dr.
Clystenes esclarece que os exercícios são indicados: “Tudo depende da
condição de saúde do paciente, mas na maioria dos casos as atividades físicas
são indicadas como parte do tratamento para melhorar o condicionamento físico e
a capacidade respiratória. A prática de exercícios físicos pode ser uma grande
aliada para diminuir os riscos de complicações, crises e internações de
pacientes com doenças respiratórias”.
Confira abaixo as dicas e
recomendações do especialista para incluir atividades físicas no cuidado com as
doenças respiratórias crônicas.
ASMA
A asma caracteriza-se pela inflamação
crônica dos brônquios de causa alérgica e leva à falta de ar e chiado no peito.
É uma doença crônica, comumente diagnosticada na infância, mas que pode afetar
pessoas de todas as idades, culturas e localizações geográficas. Quando tratada
adequadamente, os sintomas da asma podem ser controlados e não ocasionam
impactos na rotina do paciente. Porém, é comum que os asmáticos considerem que
a doença está sob controle, ainda que sintam limitações ao realizar atividades
no dia a dia.
Essa percepção equivocada leva frequentemente
ao tratamento inadequado da doença, que pode se agravar e causar crises de
falta de ar, internação e até mesmo o óbito. Dados recentes do DATASUS[i] (Departamento de Informática do
Sistema Único de Saúde do Brasil) mostram que três pessoas com idades entre 5 e
64 anos morrem a cada dia por asma no Brasil, somando mais de 2 mil óbitos
entre 2009 e 2013. Dr. Clystenes explica: “A pessoa com asma controlada não
deve perceber nenhuma limitação e pode realizar quaisquer atividades que uma
pessoa que não tem asma, sem dificuldades. Para isso, é imprescindível
acompanhamento médico e tratamento medicamentoso com broncodilatadores de uso
contínuo”.
A prática de exercícios físicos também
pode auxiliar no controle da asma, mas é necessária atenção quanto às condições
da prática esportiva. É importante considerar o local a realizar a atividade,
pois poluentes e mudanças de temperatura podem ser gatilhos para crises. Veja
as dicas do especialista sobre os principais cuidados:
·
Na cidade: “Em grandes cidades, por exemplo, não é recomendado realizar
exercícios em avenidas movimentadas onde há grandes índices de poluição”.
·
Ao ar livre: “Em parques e praças, há maior qualidade do ar, mas a preocupação
é com a temperatura. Evite se expor a altas temperaturas, principalmente nos
meses de verão e em horários entre 10h e 14h”.
·
Na academia: “É o local mais indicado, pois é possível ter mais controle sobre
o ambiente. Atente para o ar condicionado com temperaturas muito baixas, que
diminuem a umidade”.
Mas como saber se asma está controlada?
Segundo o GINA (Global Initiative for Asthma)[ii], é possível saber que a asma não está
controlada caso a pessoa tenha sentido um dos itens listados abaixo nas últimas
quatro semanas:
- Sintomas diurnos
mais de duas vezes por semana;
- Qualquer
despertar noturno causado pela doença;
- Uso de
medicamentos para alívio da falta de ar mais de duas vezes por semana;
- Se a asma estiver
limitando as suas atividades cotidianas.
DPOC (Doença Pulmonar
Obstrutiva Crônica)
Causada principalmente pelo
tabagismo, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, ou DPOC, é o termo usado para
denominar o conjunto de duas doenças que causam a obstrução crônica das vias
aéreas dentro dos pulmões: a bronquite crônica e o enfisema pulmonar. A
bronquite é a inflamação dos brônquios e bronquíolos e o enfisema se
caracteriza pela destruição do pulmão e surgimento de bolhas, com
aprisionamento de ar nas cavidades, o que dificulta a respiração e leva ao
cansaço ou falta de ar. A DPOC é diagnosticada quando o paciente apresenta a
sobreposição das duas doenças e pode causar tosse, chiado no peito, falta de
energia, falta de ar e dificuldade para realizar atividades diáriasiii.
Dados do Ministério da Saúde estimam
que a DPOC afete mais de 7 milhões de pessoas no Brasil[iii]
e seja responsável pela morte de 40 mil brasileiros todos os anos[iv]. Segundo Dr. Clystenes, isso acontece
porque os sintomas da doença são frequentemente negligenciados “É comum que
as pessoas confundam os sintomas da DPOC, como tosse e cansaço, com sinais
comuns do envelhecimento e por isso demorem a procurar atendimento médico”.
Segundo o Gold – Iniciativa Global
para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – um programa mundial que atua com
objetivo de sistematizar, padronizar e orientar o diagnóstico e tratamento da
DPOC[v], existem cinco perguntas básicas que
ajudam o profissional de saúde a identificar pacientes que podem ter a doença:
·
Possui mais de 40 anos
·
Fumante ou ex-fumante
·
Tosse frequente
·
Expectoração ou “catarro” constante
·
Cansaço ou dificuldade para respirar,
como subir escadas ou caminhar
A DPOC é uma doença sem cura, mas
existem tratamentos avançados que são capazes de controlar os sintomas. “Aliar
o uso contínuo de broncodilatadores inalatórios com a prática de esportes é
importante para garantir uma melhor qualidade de vida aos pacientes, pois
diminui os riscos de exacerbações”, explica Dr. Clystenes. “Por ser uma
doença mais grave e que atinge pessoas com mais idade, exige um acompanhamento
médico mais próximo. O profissional deve realizar uma avaliação
cardiorrespiratória, por meio do exame de ergoespirometria, e ponderar
se o paciente necessita de oxigenação complementar durante os exercícios”,
complementa o especialista.
Sejam esportes aeróbicos, aquáticos,
de alto ou baixo impacto, em equipe ou individuais, a recomendação é não levar
uma vida sedentária. “O sedentarismo está atrelado a diversas doenças e o
paciente não pode deixar que condições crônicas sejam justificativas para não
realizar atividade física. Com tratamento adequado e conhecendo suas
limitações, a prática de atividade física é essencial para manter e aumentar a
qualidade de vida”, reafirma o Dr Clystenes.
Grupo Boehringer Ingelheim
[iii]
Ministério da Saúde do Brasil. [Internet]. [Acesso em 13/Abril/2016] Disponível
em: www2.datasus. gov.br/DATASUS/index.php?area=02033