Na lista de perguntas que as crianças fazem aos adultos, entraram mais alguns itens nos últimos tempos: o que é o Coronavírus? Porque temos que ficar em isolamento social? O que é quarentena?
Imagina a mente dos pequenos com tanta informação,
dúvidas e sendo obrigadas a ficar em casa e ter sua rotina totalmente
modificada, sem o contato com a escola e com os amigos. Sem poder sair para
brincar ou ir as festas, onde mantinham uma vida social sadia, gastando energia
e interagindo com as pessoas. E ainda sendo obrigados a se adaptar a uma nova
rotina em função de um “tal vírus”.
Desta forma, o fato de estarem confinados em casa,
limitados em suas ações, tem trazido, para muitos, mudança de humor e de
comportamento que começam a assustar os pais e responsáveis. Relatos demonstram
que a sobrecarga emocional em meio a estas mudanças sociais está alterando
bastante a relação pais e filhos.
Ao sair de sua zona de conforto e serem
confrontados com o medo, dúvidas e muitas informações, é natural que o
comportamental abalado seja percebido. Uma vez que, a intensidade das emoções é
muito grande e elas nem sempre possuem condições cognitivas de se expressarem
em palavras. Diante do turbilhão de emoções, a observação destas mudanças na
fala e no gestual, pode auxiliar os pais a perceberem o quanto o momento atual
está impactando os filhos.
Transtornos de ansiedade, angústia, medo excessivo,
choro sem explicação, alterações bruscas de humor, oscilação no apetite,
irritabilidade e agressividade incomuns e até alterações no sono são alguns
sinais de alerta aos responsáveis de que algo está em desequilíbrio. As emoções
e sensações internas passam a ser manifestadas pelo corpo - já que expressar
pela linguagem nem sempre é de domínio das crianças.
Os pais devem estar atentos a estas alterações
comportamentais e buscar meios de amenizar a tensão do momento. Um erro muito
comum é tentar proteger a criança, escondendo as informações. Esta atitude não
ajuda e conflita com a facilidade que hoje as crianças possuem de, através dos
meios eletrônicos, obterem as notícias. O ideal é ser transparente com seu
filho. Falar sobre o vírus e os motivos pelos quais temos a necessidade do
isolamento, sem levar medo ou pânico. De forma lúdica, introduza o assunto e
mostre que é uma situação momentânea, mas necessária para que possamos voltar a
realizar, de forma saudável, as nossas atividades.
Acolha seu filho, leve carinho e busque ouvir mais.
A oportunidade do isolamento nos dá a chance de desacelerar e olhar mais a
nossa volta, podendo dar ás crianças condições de expressar melhor seus
sentimentos.
Um ambiente harmonioso é possível - desde que os
pais também estejam se cuidando mentalmente. O momento atual, onde todos estão
juntos, pode estimular a criatividade, estimular brincadeiras em conjunto, melhorar
o diálogo e facilitar a aproximação e o convívio da família.
Portanto, o isolamento social em função da pandemia
está modificando rotinas e comportamentos, tanto dos adultos quanto das
crianças. Aproveite para abrir o diálogo com seu filho e permita-se perceber
suas emoções e sentimentos. Sensações que a rotina sempre nos roubou. Minimize
o medo e a angústia mostrando o quanto o sacrifício é necessário para se evitar
o contágio pelo vírus. Assim, o dia poderá ficar mais divertido se
desenvolverem atividades juntos e incluírem um pouco mais de leveza, diálogo,
cumplicidade e harmonia no dia a dia da família.
Dra Andréa Ladislau * Doutora em Psicanálise *
Membro da Academia Fluminense de Letras - cadeira de numero 15 de Ciências
Sociais * Administradora Hospitalar e Gestão em Saúde * Pós Graduada em
Psicopedagogia e Inclusão Social * Professora na Graduação em Psicanálise *
Embaixadora e Diplomata In The World Academy of Human Sciences US Ambassador In
Niterói * Professora Associada no Instituto Universitário de Pesquisa em Psicanálise
da Universidade Católica de Sanctae Mariae do Congo. * Professora Associada do
Departamento de Psicanálise du Saint Peter and Saint Paul Lutheran Institute au
Canada, situado em souhaites.