Desejo de
"ter o próprio negócio" é o principal motivo que leva as
microempreendedoras a se formalizarem, sendo o comércio o setor mais
explorado
O Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino é
celebrado nesta nesta terça-feira (19) e, no Brasil, a data tem se mostrado
cada vez mas significativa. Atualmente, o país possui cerca de 16 milhões de
microempreendedores individuais (MEI), com as mulheres representando quase
metade dos negócios neste regime de tributação. De acordo com um levantamento
feito pela MaisMei, que auxilia a gestão de negócios por meio de um aplicativo,
43,7% se identificam com o gênero feminino, enquanto os homens respondem por
54,7% (1,6% dos entrevistados optaram por não informar). A pesquisa, intitulada
“O Corre do MEI em 2024”, também traçou o perfil médio dessas
microempreendedoras: negras, com idade entre 35 e 44 anos e ensino médio
completo. O setor de comércio e vendas é o que possui maior presença feminina,
com 27,8% das empreendedoras atuando nesse segmento. A faixa de faturamento
mensal mais expressiva é de "até 4 mil reais", sendo que 23,2%
faturam menos que 2 mil reais, e 26,6% entre 2 mil e 4 mil reais.
No recorte de raça, 53,9% das empreendedoras se
identificam como negras (incluindo 42,1% que se consideram pardas) e 43,3% como
brancas. Com uma base educacional sólida — 37,6% com ensino médio e 20,9% com
ensino superior — e prevalência na faixa etária dos 35 a 44 anos (31,7%),
muitas mulheres embarcam em suas jornadas empreendedoras com uma bagagem
educacional significativa, avalia a head de Contabilidade da MaisMei, Kályta
Caetano.
– “O resultado reforça a importância do regime MEI
para uma das questões centrais relacionadas à sociedade brasileira, que é a
democratização das oportunidades profissionais. Quando pensamos em
independência financeira, não é novidade que a desigualdade em relação ao
gênero ainda é um problema longe de ser resolvido, e mais ainda quando incluímos
o recorte racial. Portanto, a formalização dessas empreendedoras como MEI se
torna crucial para garantir a sustentabilidade dessas atividades e os
benefícios previdenciários importantes como aposentadoria e
salário-maternidade”, afirma.
Por região, a força feminina se encontra mais no
Sudeste (34%), seguido pelo Sul (20,8%) e o Nordeste (19,9%).
O levantamento também apontou os principais motivos
que levam as mulheres ao empreendedorismo. Segundo a pesquisa, a
Microempreendedora Individual (MEI) é impulsionada principalmente pela “vontade
de ter seu próprio negócio” (26,11%), refletindo o desejo de autonomia. A
“formalização” (18,99%) surge também como um passo essencial para legitimar
suas atividades no mercado, enquanto o aumento da renda (10,65%) evidencia a
busca por melhores condições financeiras. A “flexibilidade de horários” (7,70%)
e os “benefícios fiscais e INSS” (7,15%) ressaltam a busca por segurança
financeira. 29,39% responderam ter "outros motivos", sem
especificar.
Ainda segundo a MaisMei, 39,5% das empreendedoras
dedicam menos de 20 horas semanais ao negócio, o que pode indicar uma
sobrecarga de responsabilidades ou a necessidade de equilíbrio entre vida
pessoal e trabalho.
Na avaliação de Kályta Caetano, essa resiliência e
determinação em face de adversidades socioeconômicas revela a importância
crucial das mulheres no ecossistema de microempreendedorismo no Brasil, o que,
segundo ela, deveria ser acompanhado de maior valorização. “Esses achados
reforçam a necessidade de políticas públicas e iniciativas de suporte mais
direcionadas, que não apenas reconheçam a contribuição dessas mulheres à
economia, mas também trabalhem para diminuir as barreiras que enfrentam”,
ressalta.
O levantamento “O Corre do MEI em 2024” contou com
uma amostra de 5.640 respondentes, alcançando um nível de confiança de 99% e
uma margem de erro de 2%.
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