Pesquisar no Blog

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Medicamento como prevenção para HIV será incorporado no SUS



Profilaxia Pré-exposição (PrEP) será ofertada para as populações com maior risco de infecção pelo HIV. Medida, adotada pelo Ministério da Saúde, não substitui o uso do preservativo 


O Ministério da Saúde vai ofertar no Sistema Único de Saúde (SUS) medicamentos antirretrovirais para reduzir o risco da infecção pelo HIV antes da exposição ao vírus. A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) passará a ser distribuída no SUS em até 180 dias após a publicação do Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), prevista para a próxima segunda-feira (29). O anúncio foi feito pelo ministro da Saúde, Ricardo Barros, nesta quarta-feira (24), durante sua participação na Assembleia Mundial de Saúde realizada em Genebra (Suíça).

A PrEP consiste na utilização do antirretroviral (truvada) antes da exposição ao vírus, em pessoas não infectadas pelo HIV e que mantêm relações de risco com maior frequência. “O Brasil, mais uma vez, sai como um dos pioneiros na prevenção e tratamento do HIV”, afirmou o ministro Ricardo Barros, durante entrevista coletiva realizada nesta quarta-feira por videoconferência. Ele lembrou que a iniciativa é muito importante para as pessoas expostas ao vírus, mas ressaltou que a sua inclusão no SUS não dispensa o uso dos outros métodos preventivos.

A incorporação do truvada (tenofovir associado à entricitabina) foi recomendada pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (CONITEC), após consulta pública realizada para obter informações, opiniões e críticas de pesquisadores e outros setores da sociedade. Com a nova medida, o Brasil se torna o primeiro país da América Latina a utilizar essa estratégia de prevenção como política de saúde pública.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda, desde 2012, a oferta de PrEP para casais soro diferentes, gays; homens que fazem sexo com homens; profissionais do sexo e pessoas transgêneros (travestis e transexuais), consideradas populações-chaves. A PrEP já é utilizada em países como Estados Unidos, Bélgica, Escócia, Peru e Canadá, onde é comercializada na rede privada, além da França, África do Sul, entre outros, que incorporaram ao sistema público de saúde. O investimento inicial do Ministério da Saúde será de U$ 1,9 milhão na aquisição de 2,5 milhões de comprimidos, o que deve atender a demanda pelo período de um ano.

No Brasil, a estimativa é que a PrEP seja utilizada por uma população de 7 mil pessoas que fazem parte das populações-chave, no primeiro ano de implantação. Cabe esclarecer que fazer parte desses grupos não é o único critério para indicação da PrEP. Para isso, será necessária uma avaliação da vulnerabilidade do paciente, de acordo com comportamento sexual e outros contextos de vida. Essa análise deverá ser feita pelos profissionais de saúde. “Uma série de critérios deve ser levada em conta antes da indicação da PrEP, como o número de parceiros sexuais, os outros métodos de prevenção utilizados, o compromisso com a adesão ao medicamento, entre outros”, destacou a diretora do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Adele Benzaken, que participou da videoconferência em Brasília.

O Boletim Epidemiológico de Aids demonstra taxas de prevalência de HIV mais elevadas nestes subgrupos populacionais, quando comparadas às taxas observadas na população geral. Enquanto a prevalência na população geral é de 0,4%, nas mulheres profissionais de sexo é de 4,9%. Entre pessoas que usam drogas (exceto álcool e maconha) é de 5,9% e entre gays e homens que fazem sexo com outros homens (HSH) a taxa de prevalência por HIV é de 10,5%.

A PrEP é de uso contínuo, ou seja, o usuário precisa tomar o comprimido diariamente para ficar protegido do HIV, sendo que a proteção se inicia a partir do 7º dia para exposição por relação anal e a partir do 20º dia para exposição por relação vaginal. É importante destacar que a PrEP só será indicada após testagem do paciente para HIV, uma vez que ela é contraindicada para pessoas já infectadas pelo vírus. Nesses casos, a PrEP pode causar resistência ao tratamento. Por essa razão, as pessoas que já vivem com o vírus não serão submetidas à profilaxia, e sim encaminhadas para tratamento imediato. A prevenção será ofertada nos serviços do SUS que já trabalham com prevenção do HIV. Inicialmente, será implementada em 12 cidades e, ao longo do ano, será estendida para todo o país. São elas: Porto Alegre; Curitiba; São Paulo; Rio de Janeiro; Belo Horizonte, Fortaleza, Recife, Manaus, Brasília, Florianópolis, Salvador e Ribeirão Preto.


PREVENÇÃO COMBINADA - A PrEP insere-se como uma estratégia adicional dentro de um conjunto de ações preventivas, denominadas “prevenção combinada”, como forma de potencializar a proteção contra o HIV.  A prevenção combinada inclui: testagem regular; profilaxia pós-exposição ao HIV (PEP); teste durante o pré-natal e tratamento da gestante que vive com o vírus; redução de danos para uso de drogas; testagem e tratamento de outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) e das hepatites virais; uso de preservativo masculino e feminino, além do tratamento para todas as pessoas.


ESTUDOS – A eficácia e a segurança da PrEP já foram comprovadas em diversos estudos clínicos. As evidências científicas disponíveis demostram que o seu uso pode reduzir o risco de infecção pelo HIV em mais de 90%, desde que o medicamento seja tomado corretamente, uma vez que sua eficácia está diretamente relacionada à adesão. No entanto, cabe esclarecer que a PrEP não substitui o uso do preservativo, uma vez que a proteção não é de 100%, assim os outros métodos preventivos não devem ser negligenciados. Além disso, a camisinha é a forma mais efetiva de proteção contra as outras IST, como sífilis, gonorreia, hepatites B e C, por exemplo, que não são evitadas por meio da profilaxia pré-exposição.


PROJETOS PREP - Desde 2013, o Ministério da Saúde apoia cinco projetos sobre aceitabilidade e viabilidade da PrEP no país, gerando evidências para a construção da política nacional. Embora os estudos ainda estejam em andamento, é possível afirmar que o procedimento tem tido uma boa aceitação e adesão dos usuários.

Atualmente, está em andamento o estudo PrEP Brasil, realizado pela Fiocruz em parceria com o Centro de Pesquisas Clínicas da FMUSP; a Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado (Manaus) e o Hospital Sanatório Partenon (Porto Alegre). O projeto, que conta com apoio financeiro do Ministério da Saúde, acompanha 500 pessoas sob alto risco de infecção pelo HIV. Os voluntários recebem a medicação para uso diário e têm acesso a aconselhamento para gerenciamento de risco, testagem para HIV e preservativos, com o objetivo de avaliar a adesão à prevenção.

O uso da PrEP também está sendo analisado dentro do projeto Combina!, realizado pela Universidade de São Paulo (USP) com apoio do Ministério da Saúde. O estudo aborda prevenção combinada, sendo a PrEP um dos elementos. Além da PrEP, a pesquisa pretende verificar a efetividade da profilaxia da transmissão do HIV pós-exposição sexual consensual e o uso combinado dos métodos preventivos contra a infecção pelo HIV.  
 

HIV NO BRASIL – De acordo último boletim do Ministério da Saúde, 827 mil pessoas vivem com HIV/aids no país atualmente. Desse total, 372 ainda não estão em tratamento, sendo que 260 já sabem que estão infectadas e 112 mil pessoas não sabem que têm o vírus.

A aids no Brasil é considerada estabilizada, com taxa de detecção em torno de 19,1 casos a cada 100 mil habitantes. Isso representa cerca de 40 mil casos novos ao ano. Desde o surgimento da aids, o país vem tomando posição de vanguarda na oferta de tratamento e assistência às pessoas que vivem com HIV/aids, no âmbito do SUS. O Brasil foi um dos primeiros países do mundo a oferecer o acesso ao tratamento de forma integral e universal desde meados dos anos 1990.

Em 2013, o Ministério da Saúde implantou Novo Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e aids, que disponibiliza a medicação para todos com HIV. Antes, o protocolo previa o tratamento apenas quando a infecção pelo vírus atingia um estágio que já era considerado caso de aids. De janeiro a outubro do ano passado, 34 mil novas pessoas com HIV e aids entraram em tratamento pelo SUS. Atualmente, são 498 mil pessoas em tratamento (dados de dezembro de 2016).



Camila Bogaz
Agência Saúde




Dicas de Inverno com dr. Bactéria – parte 01



O inverno não traz somente o frio, temos um verdadeiro pavor da possibilidade de um caminhão de doenças que podem vir anexadas a ele.

Com a tentativa de evitar ou pelo menos minimizar seus efeitos, temos uma gama de procedimentos que nossas mães vivem nos dizendo como mantenha tudo bem fechado e não tomar soverte. O que não sabemos é que estas informações são totalmente erradas e podem acarretar em problemas de saúde. Veja as dicas do biomédico Roberto Martins Figueiredo, o dr. Bactéria:


Mantenha tudo bem fechado (janelas):

- Este ato pode acarretar na diminuição da aeração da casa, sobretudo os quartos, com uma concentração de poeira. Sabemos que este material é constituído por 80% de pele humana, mais cabelos e pelos. Este material, aliado a uma umidade pode servir como um verdadeiro banquete para ácaros que, ao se alimentar liberam cápsulas microscópicas fecais que podem agravar ou causar processos relacionados a doenças respiratórias, como asma. Isto sem falar na concentração de esporos de fungos (bolores) que podem agravar estas situações.


O que fazer?
Manter arejados os ambientes internos. Abrir as janelas entre 10 da manhã e 5 da tarde.

Não tome sorvete ou gelado!
Realmente se trata de uma lenda, sorvetes, sobretudo os mais calóricos (com chocolate ou leite condensado) não acarretam de maneira alguma em nenhum tipo de doença, nem infecções de garganta, resfriados ou gripes. Ao contrário, se tratam de alimentos que podem até evitar, quando integrantes de uma nutrição adequada, várias doenças, inclusive as citadas.

Coloque uma bacia de água no quarto para manter a umidade ambiente:

Esta informação é baseada na ideia que o ar seco pode implicar na suspensão de poeira na casa agravando processos respiratórios. Inicialmente pode parecer até uma informação correta, mas, sou totalmente contra este procedimento, pois um aumento da umidade ambiental pode acarretar em um aumento da população de ácaros (que adoram quartos úmidos) e estes sim, podem aumentar a incidência de doenças respiratórias.

. O uso de aparelhos para purificação do ar é recomendado.

. Evitar carpetes ou cortinas que acumulem poeiras.

. Use aspiradores de pó que tenham um elemento filtrante do tipo HEPA.

. Passe no chão panos umedecidos com desinfetantes ou então, em alguns casos, uma mistura de um copo de querosene para 10 litros de água é uma boa pedida.

. Recobrir colchões, travesseiros e almofadas com sacos protetores que sejam permeáveis na parte superior e impermeável na parte interna e fechados por zíper. A cama deve estar afastada da parede. Coloque livros e objetos em armários fechados.
 

Outros procedimentos que devem ser efetuados para se evitar doenças:

- Lave muito bem as mãos! As mãos servem de vetores para muitos germes, são os verdadeiros responsáveis pela transmissão de gripes e resfriados, entre outras doenças. Somente o fato de lar as mãos já reduziria em 99% o índice de doenças hospitalares.


- Não permitir que fumem em ambientes internos. Os fumantes passivos, sem falar nos ativos, podem apresentar agressão no epitélio e nos cílios existentes na traqueia, isto acarreta em uma diminuição da capacidade de eliminação de substâncias estranhas como germes, poeira, fezes de ácaros entre outros elementos, podendo agravar ou trazer complicações e doenças respiratórias.

- Lavar os cobertores, pelo menos, de 10 em 10 dias, secar muito bem ao sol, colocar em sacos plásticos fechados e guardar - no caso da presença de pessoas com problemas respiratórios, levar os cobertores e agasalhos de lã até o freezer por 12 horas (dentro de sacos plásticos) – este procedimento mata os ácaros, que não aguentam o frio do freezer, após, guardar em armários protegidos.

Segundo dr. Bactéria, não podemos esquecer que no inverno temos uma quantidade de ar frio muito grande e que este é mais pesado que o ar quente o que implica em uma não renovação de ar e acúmulo de poluentes em locais de maior frequência de pessoas então, evite aglomerações. Nos casos de ônibus e metrôs, não esquecer de deixar algumas janelas abertas, por mais frio que pareça, isto implica em uma renovação de ar e diminuição da presença de poluentes.




Adolescentes e depressão pós Baleia Azul



  • Psiquiatra, especialista em suicídio, alerta para a necessidade de enriquecer diálogo e manter atenção sobre comportamento dos filhos
  • ABRATA registra aumento pela procura por grupos de apoio
  • Associação tem novo endereço

O assunto do jogo Baleia Azul e da série da Netflix, Os 13 Passos, vai deixando de ter a repercussão que ganhou nas mídias em geral. Nada mais costumeiro que a perecibilidade da notícia. 

Entretanto, a discussão em torno da depressão na adolescência e a vulnerabilidade que os estados depressivos impõem aos jovens é de suma importância e não deve ser desconsiderada. “Em 2014, a taxa de suicídio entre os adolescentes aumentou 30%, segundo a Organização Mundial da Saúde. É alarmante. Devemos aumentar a percepção sobre o comportamento desses jovens”, alerta a médica psiquiatra Alexandrina Meleiro, membro da Comissão de Estudo e Prevenção de Suicídio da ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria) e do Conselho Científico da ABRATA – Associação Brasileiras de Apoio aos Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos.

Na visão dela, o jogo Baleia Azul e a série Os 13 Passos são, de fato, extremamente preocupantes: no primeiro, o adolescente é induzido a praticar atos de periculosidade crescente e que podem culminar no suicídio do jogador e o segundo, a série, romantiza o suicídio. “O Baleia Azul, por exemplo, pode sim deflagrar uma crise que vem se engendrando silenciosamente no interior desses adolescentes”, diz.

Entretanto, ela lembra que o aumento significativo da depressão e da taxa de suicídio entre adolescentes está diretamente associado a um cenário que vem se formando ao longo do tempo: “os núcleos familiares mudaram muito, com pais separados, sobrecarregados pelas obrigações laborais, o que impacta a qualidade da atenção dada aos filhos. Vemos também um processo de terceirização da educação, dando à escola a incumbência de educar. Além disso, a tecnologia disponibiliza qualquer informação a qualquer público, precipitando, muitas vezes, o contato com realidades que os adolescentes não têm ainda estrutura emocional para lidar”, avalia Alexandrina.

É neste cenário de intensa pressão emocional externa associada à particularidade do adolescência – um momento de transformações de toda ordem – que o adolescente mais frágil pode sucumbir à angústia. “Esses jovens estão extremamente vulneráveis a qualquer chamado, seja ele positivo ou não. Quando são negativos podem deflagrar crises e, eventualmente, terminar em suicídio. A questão do jogo Baleia Azul é pontual. Os jovens já se suicidavam antes disso. Por isso, é preciso estar atento a mudanças importantes no comportamento desses jovens. Isolamento, reclusão, mudança na maneira que se vestem, pensamentos negativos, depreciação, alterações no ciclo do sono, são questões para estar alerta”, explica.

Grupos de Apoio– A psiquiatra sugere aos pais procurar ajuda profissional sempre que necessário. “A participação de um profissional – um psicólogo ou um psiquiatra – com experiência com adolescentes pode ajudar muito os jovens e também os seus pais, definindo um diagnóstico e um eventual tratamento”, diz.




A ABRATA – Associação Brasileiras de Apoio aos Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos, organiza desde 2015 grupos de apoio específicos para adolescentes portadores de transtornos de humor (depressão e transtorno bipolar). “Tradicionalmente os grupos de apoio que organizamos estão orientados a adultos, mas identificamos um aumento significativo de consultas feitas por adolescentes muito angustiados em busca de ajuda e apoio”, diz a presidente da ABRATA, Neila Campos.
Atualmente o Grupo de Apoio Mútuo para Adolescentes - o GAMA acontece às quintas- feiras, das 19 às 20:30 horas, quinzenalmente na unidade da ABRATA em São Paulo. “É importante deixar claro que não se trata de terapia de grupo, mas um espaço terapêutico onde se pode falar sobre a doença e todo o universo relacionado à ela”, explica a neuropsicóloga Lucy Sposito, uma das facilitadoras que participa dos grupos. “Para participar é necessário fazer inscrição por telefone, e em geral quem faz isso são os pais, que frequentam o Grupo de Apoio Mútuo de Família”.
Segundo Lucy, expor-se não é tarefa fácil para os jovens. “Hoje sabemos que a depressão atinge um número significativo de jovens e essa moçada prefere expor suas experiências e seus sentimentos nas redes sociais. No caso do suicídio, o assunto é falado de maneira franca, pelos jovens que vêm ao grupo, e que de acordo com a frequência, vão estabelecendo uma relação de confiança”, avalia.
Nova sede - Este mês a ABRATA mudou de endereço. A nova sede da associação fica na Rua Dr. Diogo de Faria, 102, na Vila Clementino. Associação civil, sem fins lucrativos, com 17 anos de existência, a ABRATA está voltada à necessidade de atender pessoas com depressão e o transtorno bipolar, assim como seus familiares e amigos. A associação possui um conselho científico composto por 10 profissionais, que norteia toda a sua atuação. “Nossa missão é levar esperança, acolhimento, apoio e educação para a melhoria da qualidade de vida às pessoas com transtornos de humor e seus familiares”, explica Neila.
No ano passado, a ABRATA alcançou 3 milhões de pessoas com as atividades promovidas e informações distribuídas. “Temos hoje cerca de 6 mil associados entre familiares e pessoas que apresentam depressão e transtorno bipolar. Nossa gestão é feita por familiares e portadores no modelo de voluntariado”, explica Neila. Além dos grupos de apoio às pessoas com o diagnóstico de depressão e transtorno bipolar e a familiares, a associação tem uma intensa agenda de atividades psicoeducacionais, palestras e encontros.



Posts mais acessados