A resposta não é tão objetiva. Segundo o ginecologista Dr. Marcelo Steiner, o conceito de efetividade de um método leva em conta vários fatores, por isso a escolha deve ser individual.
Na década de 1960, o aparecimento dos métodos contraceptivos hormonais marcou época. Inicialmente, a pílula era utilizada basicamente com o objetivo de evitar a gravidez, mas, com o passar do tempo ampliou-se também sua indicação clínica. É o que explica o médico ginecologista Dr. Marcelo Steiner. “O maior conhecimento sobre os mecanismos de ação do anticoncepcional, o desenvolvimento de compostos mais seguros e a observação de benefícios secundários não contraceptivos ampliaram a sua indicação clínica”, explica. “Por agirem no eixo que controla a produção hormonal (ovariana), os contraceptivos hormonais são utilizados no tratamento de diversas doenças, como o sangramento uterino, as cólicas menstruais (dismenorréia), a síndrome dos ovários policísticos, os cistos ovarianos, a tensão pré-menstrual, a endometriose e os miomas uterinos”, comenta o médico.A ampliação das indicações clínicas não foram as únicas mudanças ocorridas ao longo dos anos. Hoje, é grande a variedade de métodos contraceptivos disponíveis, e conhecê-los é o primeiro passo para a escolha mais adequada para cada mulher. Os métodos contraceptivos podem ser divididos em hormonais e não hormonais, e classificados como métodos contraceptivos de curta ou longa duração.
Hormonais X Não hormonais
Como o próprio termo diz, métodos hormonais contêm hormônios em sua composição para inibirem a ovulação. Eles têm ação local (útero, tubas uterinas) e sistêmica (bloqueio do eixo neuroendócrino que controla a ovulação).
Já os métodos não hormonais não utilizam hormônio no seu mecanismo de ação. “Existem diferentes métodos, cada um com sua forma de ação: através do entendimento do ciclo menstrual (tabelinha, controle da temperatura corpórea etc), por métodos de barreira à passagem do espermatozoide (condons masculino e feminimo, diafragma, esponjas), pela concepção de um ambiente uterino hostil ao espermatozoide, como os dispositivos uterinos de cobre (DIU), e os métodos definitivos, como a laqueadura e a vasectomia”, enumera Dr. Marcelo.
Curta X Longa Duração
A classificação em curta e longa duração remete ao tempo de ação do método após seu início de uso. “São considerados métodos de longa duração aqueles que possuem tempo de ação pelo menos de três anos e que tem como vantagem não depender da disciplina das pacientes”, explica o ginecologista. Incluem-se nesta lista apenas os dispositivos uterinos (DIU) e o implante, que são reversíveis, e a laqueadura e a vasectomia, que são irreversíveis.
A importância dessa classificação está justamente na avaliação da eficácia dos métodos. “Não há método específico único que seja ‘o’ melhor para todas as mulheres. A decisão deve ser feita entre o médico e a paciente frente às condições e preferências específicas de cada paciente. O método mais eficiente é aquele que fornece boa eficácia e apresenta boa adaptação da paciente”, orienta Dr. Marcelo Steiner.
Em termos de eficácia, o conceito mais usado para avaliar os métodos contraceptivos é chamado índice de Pearl, calculado a partir de uma fórmula que leva em conta o número de falhas de um método a cada cem mulheres, no período de um ano. “Os métodos hormonais, por exemplo, têm um índice de Pearl considerado ótimo, abaixo de 1%, no seu uso ideal. Porém, no uso habitual, vemos que nem todas as mulheres fazem o uso correto do método e essa taxa sobe para 9%”, comenta o médico. “Hoje, usamos o conceito de efetividade de um método, que considera não somente sua eficácia, mas a aderência do uso pela paciente e o tempo de continuação deste uso versus a fecundidade e a frequência sexual de uma mulher”.
Outro conceito muito importante hora da escolha do contraceptivo é a segurança. Dr. Marcelo Steiner explica: “Há mulheres que possuem contraindicação ao uso do estrogênio, mas podem optar por anticoncepcionais contendo apenas o hormônio progesterona. Alguns métodos hormonais podem trazer como efeitos colaterais dores de cabeça, cólicas menstruais leves e náuseas para algumas mulheres, então uma outra opção pode ser mais adequada. Quando falamos em segurança, estamos falando em avaliar que método traz mais benefícios e menos efeitos indesejáveis para cada mulher”, completa.