Técnicas milagrosas se multiplicam nas redes, mas especialistas alertam para riscos silenciosos ao metabolismo, ao coração e ao equilíbrio hormonal
Em
um cenário em que dietas-relâmpago e protocolos de 7 ou 14 dias viralizam
diariamente, cresce também a preocupação de especialistas com o impacto dessas
práticas no corpo. Não por acaso, segundo dados do SISVAN (Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional) divulgados pelo Ministério da Saúde, 34,66%
dos brasileiros apresentaram algum nível de obesidade em 2024. O aumento
constante do excesso de peso cria terreno fértil para o consumo de soluções
ultrarrápidas, justamente as que mais colocam a saúde em risco.
“Há
maneiras seguras de acelerar resultados, e outras que só prejudicam”, afirma
Carolina Faiad, coordenadora de nutrição da Clínica Seven, referência em
nutrição e na ciência do metabolismo. “Quando o método ignora o metabolismo
individual, a perda tende a vir de água e massa magra. Isso gera estresse
fisiológico e aumenta a chance de ganho de peso posterior”.
A
nutricionista listou quatro mitos que mais cresceram nas redes, e o que a
ciência já comprovou sobre os danos que eles podem causar, confira:
1. Dietas extremamente restritivas funcionam melhor
Pode
até haver uma queda rápida na balança, mas ela não representa queima de
gordura. A restrição intensa desacelera o metabolismo, aumenta a fome,
compromete o humor e eleva o cortisol, hormônio ligado ao acúmulo de gordura
abdominal. O resultado? Efeito sanfona quase garantido.
2. Suplementar sem orientação acelera a perda de peso
O
uso aleatório de termogênicos, aminoácidos ou vitaminas pode causar insônia,
taquicardia e sobrecarga no fígado. Sem avaliação nutricional e, idealmente,
exames genéticos ou metabólicos, o risco é maior que o benefício. “Cada
organismo responde de um jeito. O que funciona para um, pode prejudicar outro”,
reforça Carolina.
3. Treinar em jejum é sempre melhor para queimar gordura
De
manhã cedo pode até funcionar para algumas pessoas, mas não é regra. Para quem
tem metabolismo lento, baixo consumo calórico ou histórico de compulsão, o
treino em jejum aumenta o risco de tontura, queda de performance e perda de
massa magra, comprometendo o emagrecimento.
4. Passar dias só com líquidos desintoxica o corpo
Detox
excessivo enfraquece o sistema imunológico, prejudica o intestino e desregula
eletrólitos essenciais. O corpo já possui seu próprio sistema de limpeza, e ele
precisa de nutrientes para funcionar. Restrições extremas dificultam, e não
aceleram, esse processo.
A nova rota do emagrecimento: menos pressa, mais ciência
A
tendência mundial aponta para um modelo que abandona os atalhos e aposta na
fórmula mais antiga e mais eficaz, constância, alimentação equilibrada, treino
adequado e sono de qualidade. “Não existe milagre, existe método. Quando o
tratamento respeita o metabolismo e a individualidade de cada pessoa, os
resultados são reais e duradouros”, conclui a especialista da Clínica Seven.

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