Cantora Thaeme Mariôto compartilhou detalhes da sua
jornada para engravidar após perdas espontâneas de repetição; o Dr. Vamberto
Maia Filho, ginecologista e obstetra especializado em reprodução humana,
explica causas e se há prevenção
A
cantora Thaeme Mariôto causou comoção ao compartilhar recentemente que sofreu seis
abortos espontâneos antes de conseguir engravidar com sucesso,
devido a uma incompatibilidade genética com o marido. A revelação, feita nas
redes sociais, levantou um importante debate sobre um tema ainda cercado de
tabus: a perda gestacional recorrente.
O
ginecologista especializado em reprodução humana, Dr.
Vamberto Maia Filho, explica que as causas geralmente são
multifatoriais. No caso de Thaeme, seu organismo não reconhecia o embrião do
marido como viável, levando a perdas, nem sempre notáveis de imediato. “Algumas
pareciam até menstruação, nunca ia saber o que eram sem exames”, relatou nas
redes.
O que são abortos espontâneos recorrentes?
Segundo
o Dr. Vamberto, abortos espontâneos recorrentes são definidos como duas ou mais
perdas gestacionais consecutivas. “Mesmo após uma investigação completa, cerca
de 50% dos casos permanecem sem uma causa identificável”, explica.
Entre
as principais causas conhecidas estão:
- Alterações genéticas
(como anomalias cromossômicas no embrião);
- Fatores anatômicos uterinos
(como miomas submucosos, septos e sinéquias);
- Trombofilias hereditárias ou adquiridas,
como a síndrome do anticorpo antifosfolípide;
- Problemas endócrinos,
como hipotireoidismo, hiperprolactinemia ou diabetes mal controlado;
- Fatores imunológicos e
ambientais (como tabagismo e obesidade).
A
investigação, segundo o médico, deve ser sistemática e individualizada,
incluindo desde exames genéticos dos pais e do material abortado até avaliações
hormonais e da anatomia uterina.
Casos como o de Thaeme são raros?
Apesar
de causar grande comoção, situações como a da cantora são mais raras
do que se imagina. De acordo com o especialista, a prevalência
de aborto de repetição atinge de 1% a 2% das mulheres em idade reprodutiva,
sendo que casos com três ou mais perdas consecutivas ocorrem em cerca de
0,7% dos casos.
É possível engravidar com sucesso após várias perdas?
Sim.
Mesmo após múltiplas perdas, há chance real de uma gravidez bem-sucedida.
“O mais importante é fazer uma avaliação criteriosa com especialistas em
fertilidade. Muitas vezes conseguimos identificar fatores corrigíveis e
orientar alternativas para alcançar uma gestação saudável”, orienta o Dr.
Vamberto.
Além
do impacto físico, as perdas recorrentes causam forte abalo emocional.
“É comum que essas mulheres enfrentem luto, ansiedade, medo, depressão e até
estresse pós-traumático. Muitas relatam perda da referência com a maternidade,
sensação de incompletude e dificuldades nos relacionamentos e na sexualidade”,
descreve o médico.
Nesse
cenário, o papel do ginecologista vai além da técnica: acolher
emocionalmente, escutar e validar a dor dessas pacientes é
essencial.
Existe alguma forma de prevenção?
Apesar
de todos os avanços, prevenir abortos recorrentes ainda é um desafio,
especialmente quando não se encontra uma causa evidente. “A frustração em não
identificar um motivo aumenta a dor dessas mulheres. Por isso, insistimos tanto
em procurar ajuda especializada o quanto antes”, afirma o médico.
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