Docente de Metodologia de Atividades Aquáticas, no
IBMR, pede mais prudência no período
No IBMR: Thiago Arruda é professor no IBMR, na unidade
curricular Metodologia de Atividades Aquáticas.
Crédito: Arquivo pessoal
Em um país com vasto litoral e inúmeras opções de lazer em cachoeiras, praias e
piscinas — especialmente em épocas de férias — é fundamental dobrar os cuidados
e ficar atento a comportamentos que podem levar aos afogamentos. O Dia Mundial
de Prevenção ao Afogamento é lembrado neste mês.
O professor Thiago Arruda aprendeu a nadar aos sete anos de idade
e hoje forma professores por meio da unidade curricular Metodologia de
Atividades Aquáticas, da graduação em Educação Física, no Centro Universitário
IBMR, no Rio de Janeiro. Ele aponta seis erros mais comuns que aumentam o risco
de afogamento:
1 -
Superestimar a própria habilidade de nado: muitas pessoas acreditam que sabem
nadar bem o suficiente para enfrentar o mar, atravessar um rio ou mergulhar
fundo na piscina. O problema é que o corpo se cansa de forma diferente do
ambiente terrestre, e sem preparo físico adequado, mesmo um bom nadador pode se
afogar.
2 -
Entrar na água sob efeito de álcool, drogas ou outras substâncias psicoativas:
o consumo desse tipo de substância prejudica o julgamento, o equilíbrio e a
coordenação motora. Isso torna reações mais lentas em situações de perigo e
aumenta significativamente o risco de acidentes.
3 -
Ignorar sinalizações e alertas: é comum ver banhistas desrespeitando placas de
“proibido nadar” ou entrando no mar mesmo com bandeira vermelha hasteada, que
indica alto risco por correntezas ou ondas fortes. As valas ou correntes de
retorno no mar e correnteza em rios não são visíveis a olho nu para quem
desconhece as condições.
4 -
Brincadeiras perigosas: empurrões, saltos de cabeça em locais rasos, competições
de quem prende a respiração por mais tempo e simulações de afogamento são
brincadeiras que frequentemente terminam em acidentes graves.
5- Falta
de supervisão: deixar crianças e adolescentes sozinhos ou sem a supervisão
ativa de um adulto é um dos principais fatores de risco em piscinas e praias.
Muitas vezes, o afogamento acontece de forma silenciosa e rápida.
6 -
Uso de boias e coletes inadequados: boias infláveis de brinquedo (como boias de
braço ou colchões) não substituem equipamentos de segurança, como coletes
salva-vidas. Pior ainda são boias improvisadas, que oferecem uma falsa sensação
de proteção.
Só
saber nadar não basta
Arruda
alerta ainda que saber nadar não é suficiente para evitar afogamentos. “É
importante alertar e fugir da ilusão. Entenda: saber nadar não garante proteção
total contra o afogamento. Correntes de retorno, que chamamos de valas,
câimbras, exaustão, até mesmo o pânico diante da sensação de perigo ou
condições climáticas - o calorão no verão carioca, por exemplo - podem
surpreender até nadadores experientes”, explica.
Por
isso, acrescenta, outras atitudes são essenciais para garantir a segurança como
evite entrar na água sozinho, especialmente em locais desconhecidos; respeitar
sinalizações das bandeiras e os avisos dos salva-vidas; almoçou ou comeu e
bebeu muito? Não vá nadar após refeições pesadas, sob sol forte ou sob efeito
de substâncias psicoativas. E isso vale até para a cervejinha que muitos gostam
de tomar. Passou da conta, não entre na água.
Além
disso: use colete salva-vidas em rios, lagos ou em atividades como stand-up
paddle, caiaque e passeios de barco; evite aventuras que podem custar a sua vida,
como, nadar à noite ou em águas turvas, pois a visibilidade ajuda tanto a você
quanto em um possível resgate; no mais, é humildade para conhecer e respeitar
os seus próprios limites, saindo da água ao primeiro sinal de cansaço. “Não
espere chegar no limite”, frisa o professor do IBMR.
Estes
cuidados devem ser ensinados aos futuros nadadores desde cedo. “Ensine a
criança a pedir ajuda - sem vergonha, caso sintam medo, dor ou cansaço. E
ensine também a respeitar regras básicas: não correr na borda da piscina, não
mergulhar em lugares desconhecidos, não brincar de prender a respiração sem
supervisão profissional”, acrescenta.
Além
disso, é altamente recomendável que pais e responsáveis aprendam noções básicas
de primeiros socorros e RCP (ressuscitação cardiopulmonar). Em caso de
afogamento, cada segundo conta.
Sobre
a importância da data
O Dia Mundial da Prevenção do Afogamento foi declarado por Resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 2021 e é lembrando anualmente no dia 25 de julho. De acordo com informações da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), do Ministério da Saúde, a campanha é uma oportunidade para destacar o impacto trágico e profundo do afogamento nas famílias e comunidades e oferecer soluções que salvam vidas para preveni-lo. Estima-se que, na última década, os acidentes por afogamento ceifaram mais de 3 milhões de vidas.
Ainda segundo o site da BVS, estima-se que 236 mil pessoas se afoguem anualmente. O dado faz com que este tipo de acidente esteja entre as dez principais causas de morte de crianças de 5 a 14 anos. Mais de 90% dessas mortes ocorrem em rios, lagos, poços, reservatórios de água domésticos e piscinas, em países de baixa e média renda, com crianças e adolescentes em áreas rurais sendo desproporcionalmente afetados.
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