Ferramentas já conseguem identificar sinais sutis de desengajamento antes que o colaborador peça para sair — e têm ganhado espaço em companhias com alto índice de rotatividade
Com turnover elevado e escassez de
talentos qualificados nos grandes centros urbanos, empresas em crescimento têm
recorrido à inteligência artificial para antecipar pedidos de demissão antes
que eles aconteçam. A tecnologia, que já faz parte da rotina de áreas como
marketing e vendas, agora também ganha espaço no RH, ao detectar padrões
comportamentais que indicam perda de engajamento.
"Em vez de agir de forma reativa quando o colaborador anuncia
a saída, conseguimos hoje identificar sinais precoces e tomar decisões com base
em dados", explica Tiago Santos, vice-presidente de Comunidade e
Crescimento da Sesame HR, empresa especializada em gestão de pessoas com apoio de
tecnologia. “Quedas frequentes de produtividade, mudanças no tom de interações
em plataformas corporativas e atrasos recorrentes, por exemplo, são indícios
que podem ser monitorados de forma ética e anônima com apoio da IA.”
Isso é possível através da tecnologia utilizada em softwares de
empresas como a Sesame HR. A lógica é simples: cruzando dados colhidos através
de avaliações de desempenho, feedbacks, clima organizacional e até mesmo do
controle digital da jornada. Os algoritmos mostram tendências e alertam os
líderes de forma preventiva.
“O uso da IA no RH não é sobre controle, mas sobre empatia baseada
em dados. Ao compreender sinais de desengajamento, conseguimos atuar antes que
o colaborador se frustre a ponto de sair”, afirma Tiago.
Para ele, essa proatividade tem sido essencial especialmente em
empresas que crescem rápido, onde a perda de talentos estratégicos pode gerar
prejuízos operacionais e culturais.
Além disso, o recurso tem ajudado líderes a mapear gargalos de
gestão e melhorar a jornada dos times com base em evidências. “Muitas vezes o
problema não está no colaborador, mas em uma liderança sobrecarregada ou falta
de clareza nas metas. A IA permite enxergar isso com mais nitidez e
profundidade”, completa o executivo.
Com os avanços recentes, a previsão de turnover deixou de ser aposta futurista e já começa a fazer parte da rotina de empresas que enxergam a retenção como vantagem competitiva. “Antecipar a saída é apenas a ponta do iceberg. O grande valor está em fortalecer relações e construir ambientes mais humanos — mesmo com o apoio de máquinas”, finaliza Tiago.
Nenhum comentário:
Postar um comentário