Coordenada pelo Hospital Moinhos de Vento, a pesquisa avaliou o desempenho de 5 testes sorológicos e mostrou que o ELISA é mais eficiente do que o padrão-ouro atual, o TPHA
Estudo com participação do Hospital Moinhos de Vento avaliou o desempenho de cinco testes sorológicos para o diagnóstico da sífilis. A pesquisa analisou os testes imunocromatográfico de fluxo lateral no ponto de cuidado (POC); teste Venereal Disease Research Laboratory (VDRL); Reagina Plasmática Rápida (RPR); Ensaio Imunoenzimático Ligado a Anticorpos (ELISA) ; e teste de hemaglutinação para Treponema pallidum (TPHA) - em uma amostra de 250 participantes. O estudo também avaliou fluxogramas diagnósticos baseados tanto no modelo tradicional quanto no algoritmo reverso.
A pesquisa concluiu que todos os métodos utilizados apresentaram ótimo desempenho, sendo que o teste ELISA apresenta maior taxa de detecção de casos de sífilis do que o teste TPHA , tradicionalmente usado como referência. Entre os indivíduos positivos no teste de triagem rápida (POC), 97,6% também testaram positivo com ELISA, enquanto apenas 85,6% foram confirmados pelo TPHA. Além disso, o ELISA demonstrou alta sensibilidade (97–98%) e especificidade (93–95%), com vantagem adicional de permitir interpretação automatizada e reduzir variações entre laboratórios.
O resultado reforça o potencial do ELISA como ferramenta
preferencial em protocolos de triagem e diagnóstico, especialmente em um
momento em que o Brasil enfrenta um crescimento expressivo nos casos de sífilis
adquirida e congênita. Entre 2010 e junho de 2024, o país registrou 1.538.525
casos adquiridos, segundo o Boletim
Epidemiológico de Sífilis.
“O teste sorológico é a principal ferramenta para diagnosticar a
sífilis. Nosso estudo mostra que o ELISA não só é mais sensível como também
mais consistente, o que pode aumentar o número de diagnósticos corretos e
agilizar o início do tratamento”, afirma a médica epidemiologista Eliana
Wendland, médica epidemiologista e uma das responsáveis pela pesquisa no
Hospital Moinhos de Vento.
Além do ELISA, o estudo também analisou os testes VDRL, RPR e
TPHA, com destaque para o VDRL, que demonstrou desempenho superior ao RPR entre
os não treponêmicos, apresentando sensibilidade de 98% e especificidade de 95%.
O estudo reforça os benefícios do algoritmo reverso de testagem,
no qual o primeiro teste realizado é treponêmico (como o ELISA), seguido de um
teste não treponêmico em caso de resultado positivo. O modelo aumenta a
sensibilidade na fase inicial da doença, quando testes como o VDRL ainda podem
não detectar a infecção.
Segundo Eliana, a adoção do algoritmo reverso pode fazer diferença
especialmente na identificação precoce de sífilis primária e sífilis em
gestantes. “São infecções que podem passar despercebidas por anos, com impacto
em populações vulneráveis e na transmissão da doença de uma mãe para um bebê.
Por isso, é importante que continuemos avançando em protocolos mais sensíveis e
efetivos”, completa.
A pesquisa utilizou amostras coletadas entre março de 2020 e maio de 2023 por meio do estudo SIM (Monitoramento de Saúde, Informação e Infecções Sexualmente Transmissíveis), com base em unidade móvel de testagem em Porto Alegre (RS). Foram aplicados dois testes padrão-ouro (um treponêmico e um não treponêmico), além de avaliação comparativa dos resultados para diferentes fluxogramas.
Hospital Moinhos de Vento
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