A transição para energias limpas é um pilar fundamental na transformação da mobilidade urbana e das cidades inteligentes. Soluções como o etanol e os veículos elétricos estão ligadas à melhoria do transporte e à redução de emissões de carbono, criando ambientes mais sustentáveis.
No Brasil, a mobilidade urbana enfrenta desafios
significativos. O crescimento populacional, o excesso de veículos e a
infraestrutura inadequada resultam em congestionamentos, poluição e transporte
público ineficiente. As cidades inteligentes oferecem soluções promissoras ao
integrar tecnologia e inovação em suas estratégias de desenvolvimento.
O transporte público sofre com superlotação,
atrasos e falta de manutenção. Segundo a Associação Nacional de Transportes
Públicos (ANTP), em 2022, os brasileiros gastaram, em média, 1h20min no
trânsito diário, chegando a mais de duas horas em São Paulo. O uso excessivo de
veículos particulares gera congestionamentos e um custo anual de R$ 267
bilhões, conforme o IPEA. A integração entre transporte público e soluções
tecnológicas ainda é fragmentada, dificultando avanços significativos.
As cidades inteligentes propõem uma mobilidade
integrada, combinando ônibus, metrô, bicicletas e carros compartilhados por
meio de plataformas digitais. Conceitos como Mobilidade como Serviço (MaaS)
ganham destaque, integrando vários meios de transporte em um único serviço
digital. No Brasil, essas tendências emergem nas grandes cidades, mas carecem
de incentivos e políticas públicas robustas.
O país, líder na produção de etanol, utiliza esse
combustível como alternativa sustentável aos fósseis. Veículos híbridos movidos
a etanol são uma solução enquanto a infraestrutura de recarga de veículos
elétricos se expande. Cidades como Campinas já instalaram estações de recarga,
mas a cobertura ainda é insuficiente. Investimentos públicos e privados e o uso
de energia solar nessas estações podem trazer mais eficiência.
Uma inovação recente é a rodovia eletrificada de
Detroit, nos EUA, equipada com bobinas magnéticas que carregam carros elétricos
em movimento. Embora o custo inicial seja alto, espera-se que os valores
diminuam com a ampliação da rede. Projetos assim podem inspirar soluções no
Brasil, especialmente em corredores de transporte de alta demanda, como o eixo
São Paulo-Rio de Janeiro.
Outro avanço é a micromobilidade, como bicicletas
elétricas e scooters. Em São Paulo e Rio de Janeiro, o uso de bicicletas
compartilhadas aumentou 32% em 2023, segundo a Tembici. No entanto, é
necessário integrar melhor esses meios com transporte público. Exemplos como o
de Fortaleza, com sua rede integrada de ciclovias, mostram que iniciativas
locais podem ser ampliadas.
Em 2023, a China inaugurou sua primeira linha de
monotrilho suspenso em operação comercial: o Projeto Fase I do Trem Aéreo de
Guanggu. Localizada no Corredor Ecológico de Wuhan Guanggu, a primeira fase tem
10,5 quilômetros de extensão e seis estações. Operando em um modo não tripulado
totalmente automático e alcançando uma velocidade máxima de 60 km/h, a solução
demonstra como inovações podem transformar o transporte urbano, promovendo
sustentabilidade e eficiência. No Brasil, projetos semelhantes poderiam ser
explorados em grandes cidades com infraestrutura saturada, como São Paulo,
oferecendo opções para reduzir congestionamentos e melhorar a qualidade de
vida.
Além dos benefícios ambientais, a mobilidade
inteligente traz vantagens econômicas e sociais. Um estudo da Deloitte aponta
que a integração de serviços de mobilidade pode reduzir os custos de transporte
em até 30% ao ano. Essas soluções também tornam o transporte mais acessível
para idosos e pessoas com deficiência, promovendo a inclusão social. Contudo,
sem políticas públicas claras, os avanços podem se limitar a áreas mais
desenvolvidas.
Cidades como Singapura, Barcelona e Copenhague têm
sido pioneiras em transporte inovador. Singapura utiliza precificação de
congestionamento para reduzir o tráfego em 20%. Em Barcelona, as superquadras
reduziram o uso de carros em 42%. Copenhague, onde 62% da população usa bicicletas,
promove transporte mais saudável e sustentável. Estocolmo avanza com ônibus
elétricos e autônomos, reduzindo emissões em até 75%.
No horizonte, os carros voadores, como o eVTOL
(aeronaves de decolagem e aterrissagem vertical elétrica) da Eve, da Embraer,
prometem reorganizar o tráfego aéreo em grandes cidades. Testes estão previstos
para 2025, com operações em 2026, oferecendo uma solução futurista para a
mobilidade urbana.
A transformação da mobilidade no Brasil é urgente.
Iniciativas como carros elétricos, uso de etanol e o trem intercidades São
Paulo-Campinas são passos importantes. O sucesso depende de planejamento
robusto, investimentos em infraestrutura e colaboração entre governos, empresas
e sociedade. Com compromisso adequado, o Brasil pode liderar a mobilidade
inteligente na América Latina, melhorando a qualidade de vida e destacando-se
na inovação global.
Thomas Law -
Advogado, Doutor em Direito Comercial pela PUC-SP, presidente do Instituto
SocioCultural Brasil China (Ibrachina) e do Instituto Brasileiro de Ciências
Jurídicas (IBCJ) e fundador do Ibrawork, hub de Open Innovation especializado
em Smart Cites
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