Especialistas
alertam para os perigos do uso desordenado de testosterona, incluindo os danos
irreversíveis em mulheres e os cuidados necessários em casos de déficit
hormonal
O uso indiscriminado de testosterona tem se tornado
uma preocupação crescente entre profissionais de saúde. A Sociedade Brasileira
de Dermatologia – Secção do Rio Grande do Sul (SBD-RS) alerta para os riscos
associados ao uso inadequado desse hormônio, especialmente em tratamentos
estéticos e sem a devida indicação médica. O uso de testosterona sem uma
indicação adequada pode gerar sérios efeitos colaterais, como alteração
irreversível das características físicas e disfunções metabólicas,
especialmente em mulheres. A orientação dos especialistas é clara: só deve ser
utilizado quando há um déficit hormonal bem estabelecido, com acompanhamento
médico adequado.
Conforme o Endocrinologista e professor da UFRGS, Dr. Fernando Gerchmann, a
testosterona não deve ser usada de maneira estética, como forma de melhorar o
aspecto físico ou desempenho, pois pode acarretar consequências irreversíveis à
saúde.
“O uso estético da testosterona é contraindicado, e é fundamental que o
diagnóstico de deficiência seja feito com base em sintomas claros e exames laboratoriais
repetidos, não apenas em um exame isolado. No caso da mulher, a única indicação
é para os casos de Transtorno de desejo sexual hipoativo após a menopausa. Não
existe nível baixo de testosterona na mulher. Com frequência tenho atendido
mulheres que foram convencidas a usar testosterona por que estariam com níveis
baixos e essa seria a causa dos sintomas de uma vida diária estressante:
cansaço, insonia, fraqueza, perda de energia, ganho de peso. Essas mulheres
acabam sofrendo os efeitos colaterais dessa suplementação e pedem ajuda;
algumas vezes tarde demais”, explica o Dr. Fernando Gerchmann, membro da
direção da Associação Brasileira Para o Estudo da Obesidade e da Síndrome
Metabólica.
Ele reforça que sintomas como depressão e perda de energia podem ser causados
por diversos fatores, como déficit de sono, e que o diagnóstico preciso deve
ser estabelecido para evitar o uso inadequado de hormônios.
O especialista também alerta sobre os riscos do “chip da beleza”, um produto
manipulado em farmácias de manipulação que não tem registro na ANVISA e,
portanto, não passa por controle de qualidade e fiscalização.
“Esse chip é uma forma insegura de administração de hormônios e pode levar a
efeitos colaterais graves, como engrossamento da voz, diminuição das mamas,
aumento de pelos no corpo e rosto, e alterações de humor, como agressividade.
Em mulheres, o uso de testosterona pode até estimular o desenvolvimento de acne
e alopecia. Além disso, ele destaca o risco potencial de agravar condições como
o câncer de mama, já que o uso de testosterona pode interferir no tratamento da
doença”, acrescenta Dr. Gerchmann.
Em relação ao tratamento de mulheres, a testosterona só é indicada em casos
específicos, como para tratar o desejo sexual hipoativo em mulheres na menopausa,
mas sempre após outras abordagens serem tentadas, como mudanças no estilo de
vida e uso de antidepressivos.
“Esse tipo de tratamento deve ser realizado com muito critério e acompanhamento
médico rigoroso”, explica o especialista.
Em casos de suspeita de deficiência de testosterona ou de problemas
relacionados ao uso inadequado do hormônio resultando em efeitos adversos
dermatológicos ou de outros tipos ou na possibilidade de estar diante um caso
de desejo sexual hipoativo na pós menopausa, é essencial procurar um médico que
tenha um treinamento adequado para o manejo dessa condição, como
Dermatologistas para tratar os efeitos deletérios na pele ou se efeitos
sistêmicos: Endocrinologistas, Ginecologistas e Urologistas. Profissionais
dermatologistas habilitados podem ser encontrados no site www.sbdrs.org.br.
Marcelo Matusiak
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