É oficial. O Instagram anunciou o fim dos filtros embelezadores, personalizados. Esses famosos filtros de imagem são uma verdadeira sensação e possuem elevado índice de utilização.
A remoção
reascende a discussão sobre a polarização e maximização do belo e perfeito,
propagado pelas mídias, popularizada com a utilização exagerada de ferramentas
como os filtros que evidenciam uma necessidade em apresentar uma aparência,
distante da realidade, marcada pelo efeito computadorizado de medidas
simétricas perfeitas para impressionar.
Para a
psicanalista Andrea Ladislau, o fato é que, o exagero no uso dos filtros
virtuais destaca o desejo da perfeição, estabelecendo um senso de estética e
padronizando perfis.
"E
a grande verdade é: onde foram parar os nossos rostos reais? As olheiras
marcadas? As manchas na pele causadas pela acne acentuada? E as imperfeições
naturais provocadas pelos sinais da idade que os filtros insistem em
esconder?", indaga a especialista.
Para a
especialista, isso pode afetar o bem-estar e o psicológico de quem vive a
partir de uma realidade virtual distorcida, alimentando, através da
insatisfação com sua aparência, uma tendência de baixa autoestima e, possível
depressão, desconstruindo o real. Atendendo aos apelos de uma sociedade que
cultua o belo e promove uma extrema exposição, através do vício danoso da
manipulação da própria imagem.
"É
a prevalência da imposição das ilusões virtuais que mostram que, o desejo e a
vontade em pertencer ao grupo dos belos e perfeitos, dos rostos simétricos
classificados por rótulos, em contraponto a busca de expressão de sua própria
individualidade que, na maior parte das vezes, justifica-se por um sentimento
de insuficiência e competição.
Andrea complementa
que esse exagero na utilização dos filtros embelezadores alimenta o sentimento
narcísico do ser humano, aumentando a sua necessidade de espelhamento, pois
estimula o desejo de que o outro o perceba sempre belo e perfeito, expondo, de
forma intensa, suas emoções e promovendo distorções depressivas através de
crises de ansiedade e de uma possível sensação de opressão, uma vez que não se
consegue ser feliz sendo ele mesmo.
Segundo a
especialista é preciso estar atento a estes efeitos psicológicos da vida
digital que, superestimam a nossa imagem e podem desencadear o que chamamos de
“Síndrome da Decepção Continuada”, quando não se reconhece como se é.
"Minha
imagem real não agrada e só consigo aceitar a imagem que será perfeita para a
sociedade", diz.
Portanto, para
Andrea, o fim dos filtros personalizados, talvez possa ajudar a reduzir esses
impactos da busca e predileção por imagens e perfis mais positivos e,
esteticamente, mais atraentes.
O que reflete uma
falsa realidade e a mais pura rejeição da imagem real e segura em prol de uma
imagem desejável e aceitável por todos.
"Infelizmente,
esse tipo de comportamento sugere a rejeição do amor próprio e evidencia, em
alguns casos, complexos, camuflados por uma necessidade de reconhecimento.
Reflita: porque eliminar sua individualidade através das redes sociais? Onde
está sua aceitação? Ou seja, se faz necessário refletir sobre seu comportamento
e postura nas mídias", alerta.
A psicanalista
reitera que é preciso controlar o vício da manipulação da imagem e fugir da
imposição neurótica de uma vida de aparências.
"É
fundamental reconectar-se consigo mesmo, pois o ser humano não morre quando o
coração para de bater, ele morre quando deixa de se sentir e se perceber de
verdade", finaliza.
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