A ideia de que crianças inteligentes tendem a gostar de dinossauros tem circulado amplamente, mas um especialista em inteligência e neurociência, com mais de 100 estudos publicados na área, desafia essa generalização. Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, presidente das sociedades de alto QI ISI Society e ePiq Society, diretor da IIS Society e coordenador da Intertel, além de diretor do RG-TEA para pesquisas em prol do autismo e superdotação, compartilhou sua visão sobre o tema em um artigo recentemente divulgado pelo CPAH - Centro de Pesquisa e Análises Heráclito.
Desmistificando o Mito
De acordo com o Dr. Fabiano,
a associação entre inteligência e o interesse por dinossauros deve ser
analisada com cautela. "Embora crianças inteligentes possam demonstrar
interesse por dinossauros devido à sua complexidade e apelo científico, não se
pode afirmar que isso seja uma regra geral", explica o especialista. Ele
enfatiza que o interesse por dinossauros é frequentemente influenciado por
fatores externos, como a disponibilidade de recursos educacionais e o incentivo
parental.
A Influência do Ambiente
Pesquisas citadas pelo Dr.
Fabiano destacam que o ambiente em que a criança cresce desempenha um papel
significativo no desenvolvimento de seus interesses. Famílias que promovem o
aprendizado e a curiosidade tendem a criar crianças mais interessadas em temas
científicos, como dinossauros, independentemente de sua inteligência inata.
"É o ambiente que molda o interesse, e não apenas a capacidade
intelectual", afirma.
Hiperfoco e Autismo
Outro ponto levantado pelo
especialista é o fenômeno do hiperfoco, comumente associado ao Transtorno do
Espectro Autista (TEA). Crianças autistas podem demonstrar um profundo
interesse por temas específicos, incluindo dinossauros, como uma forma de lidar
com sua sensibilidade ao ambiente e desafios sociais. "Esses interesses
não são necessariamente indicadores de inteligência, mas sim de estratégias
compensatórias do cérebro autista", acrescenta o Dr. Fabiano, que também
dirige o RG-TEA, grupo dedicado a pesquisas sobre autismo.
A Versatilidade dos Superdotados
Crianças superdotadas,
segundo o Dr. Fabiano, geralmente apresentam interesses mais diversificados.
"Elas podem gostar de dinossauros, mas também se interessam por música,
tecnologia, literatura ou animais. A inteligência permite que explorem uma
ampla gama de temas, sem se limitar a um único foco", explica o
especialista, que debate regularmente questões sobre superdotação em suas
pesquisas.
O Dr. Fabiano
conclui que o gosto por dinossauros não deve ser visto como um critério para
medir inteligência. "Crianças inteligentes são naturalmente curiosas e
podem demonstrar interesse por diversos temas. O importante é reconhecer que a
inteligência é multifacetada e não pode ser definida por um único interesse",
finaliza.
O CPAH reforça que
compreender a complexidade do desenvolvimento infantil é essencial para evitar
simplificações e para promover um ambiente que encoraje a curiosidade e a
aprendizagem em todas as suas formas. O debate sobre inteligência e interesses
infantis continua sendo uma área rica para pesquisas futuras.
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