Algo que aprendi ao longo dos 10 anos frequentando a Universidade Federal de Santa Catarina e a Universidade de Padova, na Itália, em minha graduação, mestrado e doutorado, é ser analítico e fundamentado em dados. Em função disso, me tornei muito cético em relação a dizeres comuns como: “empreender no Brasil é difícil”.
Segundo
o Censo Superior 2023, mais de um milhão e trezentos mil alunos se formam em
faculdades, anualmente, no Brasil, sem contar cursos técnicos, tecnólogos e
afins. Contudo, a grande maioria não consegue se colocar no mercado, o que dirá
se colocar com uma remuneração almejada. E não é porque são pessoas moles, como
mais uma daquelas frases comuns sugere “a vida é dura para quem é mole”, afinal
de contas, a vida é dura para todos. Isso acontece pelo fato de se inserirem na
única via que conhecem, que é a via sistêmica e padrão de serem empregados e de
pensarem que trabalham para os outros, e não para si.
A via
do empreendedorismo desencoraja muitas pessoas além daquelas que buscam o
sucesso profissional no estudo acadêmico. Nosso país possui várias
características como baixos índices de leitura, de domínio de um segundo
idioma, entre outros, que faz com que as pessoas, de fato, vejam aquilo que é
diferente como sendo difícil, ou no mínimo, desafiador.
Muitos
chegam a falar que não é preciso fazer faculdade e até desaconselham a
realização de um curso superior. Eu usei a universidade, os professores, os
laboratórios e as bolsas de estudo do CNPq, da CAPES e do Ciências sem
Fronteiras para cumprir a tarefa de não apenas fazer o TCC, mas convertê-lo em
uma empresa inovadora, com atuação em todos os estados do Brasil e com produtos
em mais de 20 países: a WIER!
Ao
longo de 13 anos empreendendo, aprendi e me desenvolvi em áreas totalmente
diferentes daquilo que estudei: a química do plasma e do ozônio. Liderança de
pessoas, desenvolvimento de produto, comercial, marketing, financeiro, aspectos
jurídicos e exportação, por exemplo, são conteúdos que não aprendi na
universidade e que tive que desenvolver, um pouco estudando como autodidata
mas, na maior parte, errando e aprendendo “na raça” enquanto a empresa crescia.
Pode
parecer distante para muitos, mas obter êxito não é tão desafiador ou difícil
quando se tem conhecimento e ferramentas que, naturalmente, não se aprende na
faculdade, como: a importância do modelo de negócios; formação de times e
liderança de pessoas; canais de venda; marketing e marketing digital; growth;
visão de margem, escala e recorrência; MVP, entre outros.
Com
isso, posso dizer que empreender não é difícil porque o Brasil é difícil em si.
Empreender no Brasil é difícil por falta de conhecimento. O empreendedor não
precisa ser doutor em áreas como produto, comercial, marketing e financeiro,
mas precisa possuir uma visão do todo. Para as várias funções da empresa, ele
precisa saber montar um time de pessoas que, sob o direcionamento estratégico
dele, trabalhe para alcançar os resultados.
De
acordo com a pesquisa Monitor Global de Empreendedorismo 2023, realizada pelo
Sebrae, são mais de 90 milhões de empreendedores no País. A maioria deles,
infelizmente, não obtém o sucesso, porque domina apenas o que aprendeu na
faculdade, ou porque sabe fazer apenas o produto/serviço que entrega, e não tem
conhecimento do que precisa para prosperar em seu negócio. A arte de abrir e
manter de pé uma confeitaria requer conhecimentos diferentes daqueles para se
fazer um bolo.
Existem
ferramentas, metodologias e boas práticas comuns para várias empresas de
sucesso que podem ser selecionadas, usadas e/ou adaptadas, para fundamentar o
crescimento, desenvolvimento e amadurecimento de uma empresa. Com certeza a
capacidade de execução faz a diferença, mas tendo o conhecimento das
ferramentas, o caminho é mais viável.
Pela
experiência adquirida nesses 13 anos, acredito que as principais orientações
sejam: resolva um problema do mercado; monte um time de pessoas com habilidades
complementares; entenda o que as motiva a trabalhar, dê condições para
performarem e não as atrapalhe; capacite-se; faça a gestão das pessoas e dos
indicadores; invista em comunicação, marketing e canais de venda; procure olhar
sempre no foco do seu cliente.
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