Divulgação: APAS |
O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS em parceria com a Fipe, registrou inflação de 1,69% em novembro de 2024, após alta de 0,88% observada no mês anterior. O resultado de novembro marca a terceira alta seguida no indicador.
No
acumulado do ano, o índice registra aumento de 5,23%, enquanto no acumulado de
12 meses, a alta alcançou a marca de 6,50%, maior patamar desde junho de 2023.
Ao comparar o resultado de novembro com o mesmo período do ano anterior,
constata-se aceleração no indicador, passando de 0,74% em novembro de 2023 para
1,69% em novembro deste ano, puxado, principalmente pela alta dos produtos
semielaborados e bebidas alcoólicas.
Entre
as categorias que influenciaram no comportamento do índice em novembro, os
produtos semielaborados lideraram a alta (4,24%), seguidos por bebidas
alcoólicas (2,23%), industrializados (1,26%), produtos in natura (1,20%) e
bebidas não alcoólicas (0,67%).
Por
outro lado, os artigos de higiene e beleza e artigos de limpeza apresentaram
redução moderada de preços no último mês, com variação de -0,2% e -0,14%,
respectivamente.
Os
preços dos alimentos nos supermercados paulistas, como aponta o IPS, subiram
principalmente devido às mudanças climáticas, que causaram estiagens e
queimadas, especialmente no Sudeste do Brasil. As queimadas recentes têm
destruído áreas agrícolas importantes, como as do Norte, Centro-Oeste e
interior de São Paulo, prejudicando ainda mais as colheitas locais. Além disso,
a intensificação de fenômenos climáticos extremos, como secas e chuvas fortes,
também tem afetado a produção mundial de alimentos, incluindo café, vinhos e
azeites. Por isso, o aumento de 1,69% no IPS em novembro exige atenção
constante.
Semielaborados
Os
produtos da categoria de semielaborados registraram inflação de 4,24% em
novembro, após alta de 2,56% observada no mês imediatamente anterior. No
acumulado do ano, o grupo atingiu 14,44%, enquanto no acumulado de 12 meses
registrou inflação de 15,46%.
Entre
as subcategorias analisadas no mês, a carne bovina registrou inflação de
10,69%, seguido por carne suína (8,42%) e aves (5,02%).
Por
outro lado, as subcategorias de leite (-1,96%), pescados (-0,59%) e cereais
(-0,12%) apresentaram deflação.
- Carnes bovinas
O
preço da carne bovina ao consumidor final apresentou inflação de 10,69% em
novembro, a maior taxa da série histórica desde dezembro de 2019. No acumulado
de 12 meses também houve aumento significativo nos preços das carnes bovinas
(16,96%).
Dentro
dessa subcategoria, houve o aumento generalizado dos preços em novembro, sendo
que a maior alta ocorreu no braço (14,84%), seguido pela alcatra (13,66%), acém
(13,36%), fígado (13,25%) e fraldinha (12,40%).
A
pressão inflacionária observada pode ser atribuída, em grande parte, à
desvalorização do real, que estimulou as exportações de carne e reduziu a
oferta no mercado interno.
Ao
mesmo tempo, o consumo doméstico também aumentou, impulsionado pelo aquecimento
da economia brasileira, melhora nos níveis de emprego e maior demanda por
carnes, especialmente em função das festividades de final de ano.
Além
disso, vale mencionar que o custo do boi permanece em alta. Na última semana de
novembro, o indicador do boi gordo no estado de São Paulo atingiu R$ 355,07,
segundo dados do CEPEA.
- Carnes suínas
Em
novembro de 2024, as carnes suínas registraram inflação de 8,42%, maior alta
desde outubro de 2020. No acumulado dos ultimos 12 meses, a inflação desses
produtos registrou 22,37%.
Ao
analisar a evolução dos preços dos itens que compõem a subcategoria, pernil com
osso apresentou alta de 10,94% em novembro de 2024, enquanto no acumulado dos
últimos 12 meses o índice chegou a 30,94%.
O
preço do lombo com osso registrou aumento de 9,27% em novembro, acumulando índice
de 24,47% em 12 meses.
No
que se refere aos preços da costela suína, verificou-se aumento de 5,66% no mês
de novembro e uma pressão inflacionária de 14,07% nos últimos 12 meses.
- Aves
A subcategoria de aves registrou inflação de 5,02% no último
mês, impulsionado pelo aumento sazonal do preço do peru (8,80%). O frango, por
sua vez, registrou inflação de 4,88% em novembro.
A expectativa é que no próximo mês, a subcategoria continue
registrando alta nos preços, principalmente, em decorrência das comemorações de
final de ano.
- Leite
A subcategoria de lácteos indicou deflação de 1,96% em novembro
de 2024, mesmo movimento registrado pelo item leite longa vida, que possui o
maior peso dentro da subcategoria.
O preço do leite Tipo B recuou 1,19% no mês, enquanto o leite
especial registrou queda de 0,85%.
Por outro lado, no acumulado de 12 meses, a inflação de leite
acumula alta de 21,13%, enquanto no acumulado do ano, o IPS observado é de
23,45%.
O aumento do preço do leite tanto no ano quanto em doze meses é
reflexo, em grande medida, das alterações climáticas e do consequente efeito
sobre as chuvas e os pastos. Além disso, os custos de produção, incluindo ração
animal e logística, permaneceram elevados.
- Cereais
Em
novembro, a subcategoria de cereais registrou deflação de 0,12%, mantendo a
tendência observada desde julho de 2024. Esse processo deflacionário está
relacionado principalmente à queda no preço do feijão, que vem apresentando
deflação desde abril de 2024. No caso do arroz, o preço ao consumidor final
diminuiu 0,10% em novembro.
Por
outro lado, o preço do milho registrou inflação de 1,02% em novembro, após um
aumento de 0,68% no mês anterior.
No acumulado de 12 meses, os cereais registraram inflação de 10,85%, impulsionados principalmente pelo preço do arroz, que apresentou alta de 15,96%. O preço do feijão (+3,61%) apontou aumento bem mais moderado no mesmo período, enquanto o milho registrou deflação (-7,39%).
Industrializados
Os
produtos industrializados apresentaram inflação de 1,26% no mês de novembro. No
acumulado de 12 meses, o índice apontou inflação de 5,37%, enquanto no
acumulado do ano a alta foi de 4,53%.
Entre
as subcategorias de produtos industrializados, os óleos tiveram a maior taxa de
inflação (8,55%), seguidos por cafés, achocolatados em pó e chás (4,44%),
adoçantes (3,31%) e panificados (1,37%).
Na
sequência, os demais produtos a apresentarem inflação no mês de novembro na
categoria de industrializados foram: derivados do leite (0,80%), enlatados e
conservas (0,73%), condimentos e sopas (0,68%), biscoitos e salgadinhos (0,33%)
e alimentos prontos (0,23%).
Por
outro lado, alguns produtos apresentaram deflação, ainda que moderada: doces
(-0,23%), seguidos por derivados de carne (-0,11%) e massas, farinhas e féculas
doces (-0,07%).
- Óleos
O
preço dos óleos continua em alta, com elevação de 2,83% em outubro para 8,55%
em novembro. No acumulado do ano, o índice apontou uma inflação de 19,15%.
A
inflação dessa subcategoria está sendo influenciada, principalmente, pelos
aumentos nos preços do óleo de soja (14,93%) e do azeite (0,48%). Vale
ressaltar que no acumulado do ano esses mesmos produtos apresentaram taxas de
inflação de 29,14% e 16,41%, respectivamente.
Esse
aumento nos preços é decorrente da redução na oferta, causada principalmente por
condições climáticas adversas nos países produtores, que comprometeram
significativamente a colheita.
- Cafés, achocolatados em pó e chás
A
inflação da subcategoria de cafés, achocolatados em pó e chás aumentou de 1,42%
em outubro para 4,44% em novembro, registrando no acumulado de 12 meses, a
maior taxa de inflação entre os produtos industrializados (24,66%), além disso,
o índice acumulado no ano também foi bastante expressivo (23,63%).
Ao
analisar os itens que compõem essa subcategoria, a alta foi influenciada pelo
"café em pó", que apresentou inflação de 5,71% em novembro de 2024,
acumulando um aumento de 33,40% nos ultimos 12 meses.
O
café solúvel (3,28%), os achocolatados em pó (1,43%) e o chá mate (0,26%),
também mostraram aumento nos preços em novembro.
O
aumento do preço do café ao consumidor final paulista não se deve,
necessarimente, ao aumento da demanda doméstica, visto que a elasticidade da
demanda desse produto é relativamente baixa.
Há
basicamente três fatores que afetam o preço do café ao consumidor doméstico em
2024:
- Redução da oferta. A escassez de oferta
causada, tanto no Vietnã quanto no Brasil, maior produtor mundial de
robusta, é a principal razão para o aumento dos preços. Além disso, a alta
nos preços dos grãos arábica (variedade de café premium) também exerce
influência sobre a valorização do robusta. Conforme informações da CONAB,
a expectativa é que a produção doméstica de café apresente queda de 0,5%
das sacas colhidas.
- Aumento da cotação no mercado internacional. Com
a redução da oferta do produção no mercado internacional, especialmente
entre os produtores do sudoeste asiático, a commodity passou por um forte
processo de apreciação no mercado internacional.
- Desvalorização cambial. Como o Brasil é um dos principais
exportadores internacionais de café, a redução da oferta global produziu
maior procura internacional do produto brasileiro. Por outro lado, a
conjunção de valorização do produto no mercado internacional e
desvalorização cambial gerou maior incentivo ao produtor interno
direcionar sua produção ao mercado internacional, enquanto “ajustou” o
preço doméstico ao preço internacional.
In natura
Os
produtos in natura, após a forte queda observada em julho (-9,32%) – menor
nível registrado desde julho de 2018 –, vem apresentando aceleração de preços
nos últimos meses. Em novembro, a categoria apresentou alta de 1,20%, contra
0,14% de outubro.
Comparando com o mesmo período de 2023, quando a categoria apurou inflação
6,84% o resultado do último mês, apesar da alta, indica comportamento mais
moderado. No acumulado de 12 meses, o IPS desta categoria indica inflação de
2,91%. Já no acumulado do ano, os produtos dessa categoria registram deflação
de -3,21%.
O
aumento dos preços da categoria em novembro foi impulsionado principalmente
pela subcategoria verduras, que registrou inflação de 7,74%, revertendo a
deflação de -2,01% observada no mês anterior. Os ovos também contribuíram, com
alta de 2,06%, seguidos pelos tubérculos, que passaram de uma deflação de
-6,27% para inflação de 1,76%, e pelas frutas, que aumentaram 0,68% frente a
1,44% no mês anterior. Em contrapartida, os legumes apresentaram deflação de
-2,76%, em contraste com a inflação de 6,90% registrada em outubro.
No
acumulado de 12 meses, a inflação dos produtos in natura, de 2,91%, permanece
abaixo do índice geral de 6,50%. Esse resultado é reflexo, por um lado, da alta
do preço das frutas (13,60%), seguidas pelas verduras (3,11%) e pelos
tubérculos (1,21%). Por outro lado, os legumes e ovos acumulam deflações de
-9,67% e -7%, respectivamente.
- Frutas
A
subcategoria Frutas registrou inflação de 0,68% em novembro, acumulando alta de
10,01% no ano. Ao analisar a variação dos preços por produto no mês, o mamão se
destacou com uma taxa inflacionária expressiva de 15,15%, seguidos pelos
abacaxis, que registraram aumento de 7,67%. Em contrapartida, os menores
índices foram observados no melão, com deflação de -7,19%, e na melancia, que
apresentou queda de -4,70%.
No
acumulado de 12 meses, a inflação da subcategoria foi de 13,60%. Esse aumento
foi impulsionado principalmente pelas laranjas, que apresentaram alta
significativa de 88,04%, seguidas pelos limões (45,01%), maçãs (20,15%) e
melões (14,55%). Por outro lado, as menores variações ficaram por conta das
melancias, com deflação de -12,92%, e das peras, que registraram queda de
-4,45%.
A
alta nos preços da laranja, em particular, está relacionada à redução
aproximadamente de 7% da safra 2024/25 e à baixa produtividade nas regiões
produtoras de São Paulo e Minas Gerais. Esses efeitos são resultado das mudanças
climáticas, com períodos de estiagem prolongados ao longo do ano.
- Bebidas
A
subcategoria de bebidas não alcoólicas apresentou inflação de 0,67% em
novembro, abaixo dos 0,96% registrados em outubro, indicando uma leve
desaceleração no comparativo mensal. No acumulado de 12 meses, verificou-se uma
pressão inflacionária, com o Índice de Preços do Setor (IPS) alcançando 8,02%,
enquanto no acumulado do ano a taxa é de 6,40%.
Durante o mês analisado, todos os itens dessa subcategoria registraram
inflação, exceto suco de frutas e água mineral, que apresentaram deflação de
-0,30% e -0,26%, respectivamente. No acumulado em 12 meses, mantém-se a
tendência inflacionária, destacando-se a bebida isotônica, que registrou a
maior taxa, de 19,60%, entre os itens avaliados.
Artigos
de limpeza
Em
novembro, os preços dos artigos de limpeza registraram uma leve queda, com
variação de -0,14%, revertendo a alta de 0,63% observada no mês anterior. No
acumulado de 12 meses, o índice aponta deflação de -1,52%. Entre os itens
analisados, as esponjas de aço apresentaram a maior redução mensal, com
variação de -2,57%, enquanto as ceras destacaram-se com a maior alta da
subcategoria, registrando 2,71% no período.
Produtos de higiene e beleza
Os
produtos de higiene pessoal e beleza seguiram uma dinâmica semelhante à dos
artigos de limpeza, com leve queda de -0,20% em novembro, após alta de 0,57% no
mês anterior. No acumulado de 12 meses, a variação foi positiva, alcançando
0,65%, enquanto no acumulado do ano a taxa ficou em 0,86%.
Dentro
dessa subcategoria, os aparelhos de barbear apresentaram a maior redução em
novembro, com uma taxa de -2,94%, enquanto o papel-alumínio registrou a maior
alta, de 5,18%. No acumulado de 12 meses, o leve aumento observado foi
impulsionado principalmente pelos protetores solares, que registraram
aceleração nos preços, com variação de 12,89%, a maior entre os itens
analisados.
Nota
Metodológica
O
Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações
relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O
Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados
mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas,
Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite,
Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes,
Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e
Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura
(Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas,
Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e
Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do
setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos
produtos.
No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de
decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos
supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação
de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos
custos ao consumidor do setor supermercadista.
APAS –Associação Paulista de Supermercados
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