Doença que afeta a morbidade e a recuperação exige
abordagem médica especializadaDiabetes em pacientes hospitalizados requer atenção especial
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Aproximadamente um
terço dos pacientes hospitalizados sofre de níveis elevados de glicose no
sangue, muitas vezes causado por uma condição subjacente ou diabetes mal
administrado. Apesar do número crescente de pacientes que necessitam desse tipo
de atenção, falta de integrantes da equipe médica especialmente treinados em
cuidados a essa doença, o que prejudica a qualidade do atendimento e ampliam o
risco de morbidade no ambiente hospitalar. Para mitigar esse tipo de risco, o
Rambam Health Care Campus, hospital localizado em Haifa, ao norte de Israel,
lançou um protocolo específico de tratamento de diabetes durante a
hospitalização, iniciativa que virou modelo aprovado pelo Ministério da Saúde
local e tem sido replicado por mais de 25 hospitais no país.
Aqui no Brasil,
basta observar os números relacionados à doença para evidenciar a importância
de se olhar com mais atenção para ela. Segundo o relatório mais recente do
Vigitel (2023), o país soma 20 milhões de pessoas com diabetes. A prevalência
da doença entre a população adulta brasileira nas capitais é de aproximadamente
9,1%, um registro de aumento de mais de 40% em comparação com os números de dez
anos atrás.
"Níveis de
glicose consistentemente altos durante a hospitalização exigem atenção
imediata", explica Rachel Shental, enfermeira especialista em diabetes
clínico e coordenadora do Instituto de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo
da Rambam. “O diabetes afeta a morbidade e a recuperação e, se não for tratado
ou mal administrado, pode levar a complicações significativas. Manter níveis ótimos
é essencial para a recuperação; níveis de açúcar mal equilibrados enfraquecem a
capacidade do corpo de combater condições agudas e potencialmente pioram a
saúde do paciente.”
Estudos globais
mostram que seguir protocolos de tratamento de diabetes durante a
hospitalização melhora os resultados, encurta as estadias hospitalares, diminui
infecções e reduz custos. “Esses benefícios são bem documentados em cirurgias
cardíacas, onde níveis equilibrados de glicose no sangue reduzem complicações —
mesmo em pacientes sem diagnóstico prévio de diabetes”, explica a Dra. Irit
Hochberg, Diretora do Instituto de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do
hospital israelense.
Para as
especialistas, é fundamental treinar a equipe do hospital para fornecer
cuidados diabéticos eficazes e seguros. Em conjunto com o Ministério da Saúde,
o Rambam desenvolveu um programa de treinamento abrangente com coordenadores de
diabetes em todo o país. O objetivo é estabelecer uma linguagem terapêutica
padronizada e simulações de cenários médicos comuns, incluindo um módulo de
e-learning e um aplicativo móvel para garantir a aplicação contínua dos
princípios de tratamento. Esta iniciativa é a primeira do gênero no mundo e
atraiu o interesse da American Diabetes Association.
Janela de
oportunidade
Hochberg e Shental
explicam que se os níveis de glicose no sangue de um paciente excederem
repetidamente 180 mg/dL, o tratamento e o acompanhamento devem começar durante
a hospitalização.
“O momento oferece
uma janela crítica de oportunidade para os pacientes aprenderem sobre sua
doença, suas ramificações — uma condição vitalícia — e como controlá-la. Um
plano de tratamento e acompanhamento apropriado e preciso é essencial para
resultados ideais. A longo prazo, o controle do diabetes é essencial para uma
saúde melhor, e gerenciá-lo após a alta ajuda a prevenir complicações e
readmissão”, alertam as especialistas.
Hochberg e Shental
enfatizam as complexidades do tratamento do diabetes: "Requer paciência.
Este é um importante passo à frente, e precisamos continuar a adaptar e refinar
nossa abordagem para enfrentar os desafios em evolução. Como um sistema de saúde,
temos a capacidade e a responsabilidade de melhorar.”
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