quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

O risco do diabetes na hospitalização de pacientes

Diabetes em pacientes hospitalizados requer atenção especial
Pixabay
Doença que afeta a morbidade e a recuperação exige abordagem médica especializada
 

Aproximadamente um terço dos pacientes hospitalizados sofre de níveis elevados de glicose no sangue, muitas vezes causado por uma condição subjacente ou diabetes mal administrado. Apesar do número crescente de pacientes que necessitam desse tipo de atenção, falta de integrantes da equipe médica especialmente treinados em cuidados a essa doença, o que prejudica a qualidade do atendimento e ampliam o risco de morbidade no ambiente hospitalar. Para mitigar esse tipo de risco, o Rambam Health Care Campus, hospital localizado em Haifa, ao norte de Israel, lançou um protocolo específico de tratamento de diabetes durante a hospitalização, iniciativa que virou modelo aprovado pelo Ministério da Saúde local e tem sido replicado por mais de 25 hospitais no país. 

Aqui no Brasil, basta observar os números relacionados à doença para evidenciar a importância de se olhar com mais atenção para ela. Segundo o relatório mais recente do Vigitel (2023), o país soma 20 milhões de pessoas com diabetes. A prevalência da doença entre a população adulta brasileira nas capitais é de aproximadamente 9,1%, um registro de aumento de mais de 40% em comparação com os números de dez anos atrás. 

"Níveis de glicose consistentemente altos durante a hospitalização exigem atenção imediata", explica Rachel Shental, enfermeira especialista em diabetes clínico e coordenadora do Instituto de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo da Rambam. “O diabetes afeta a morbidade e a recuperação e, se não for tratado ou mal administrado, pode levar a complicações significativas. Manter níveis ótimos é essencial para a recuperação; níveis de açúcar mal equilibrados enfraquecem a capacidade do corpo de combater condições agudas e potencialmente pioram a saúde do paciente.” 

Estudos globais mostram que seguir protocolos de tratamento de diabetes durante a hospitalização melhora os resultados, encurta as estadias hospitalares, diminui infecções e reduz custos. “Esses benefícios são bem documentados em cirurgias cardíacas, onde níveis equilibrados de glicose no sangue reduzem complicações — mesmo em pacientes sem diagnóstico prévio de diabetes”, explica a Dra. Irit Hochberg, Diretora do Instituto de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo do hospital israelense. 

Para as especialistas, é fundamental treinar a equipe do hospital para fornecer cuidados diabéticos eficazes e seguros. Em conjunto com o Ministério da Saúde, o Rambam desenvolveu um programa de treinamento abrangente com coordenadores de diabetes em todo o país. O objetivo é estabelecer uma linguagem terapêutica padronizada e simulações de cenários médicos comuns, incluindo um módulo de e-learning e um aplicativo móvel para garantir a aplicação contínua dos princípios de tratamento. Esta iniciativa é a primeira do gênero no mundo e atraiu o interesse da American Diabetes Association.
 

Janela de oportunidade
 

Hochberg e Shental explicam que se os níveis de glicose no sangue de um paciente excederem repetidamente 180 mg/dL, o tratamento e o acompanhamento devem começar durante a hospitalização. 

“O momento oferece uma janela crítica de oportunidade para os pacientes aprenderem sobre sua doença, suas ramificações — uma condição vitalícia — e como controlá-la. Um plano de tratamento e acompanhamento apropriado e preciso é essencial para resultados ideais. A longo prazo, o controle do diabetes é essencial para uma saúde melhor, e gerenciá-lo após a alta ajuda a prevenir complicações e readmissão”, alertam as especialistas.

Hochberg e Shental enfatizam as complexidades do tratamento do diabetes: "Requer paciência. Este é um importante passo à frente, e precisamos continuar a adaptar e refinar nossa abordagem para enfrentar os desafios em evolução. Como um sistema de saúde, temos a capacidade e a responsabilidade de melhorar.”


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