Projeto Criança Aids alerta para os riscos da transmissão vertical do HIV via amamentação, a importância da testagem regular e o uso de preservativos e PrEP para mães e pais para prevenir a infecção de crianças
A transmissão vertical do HIV, que ocorre de mãe para filho durante a gestação, parto ou amamentação, continua sendo uma das maiores preocupações de saúde pública no Brasil e no mundo. Embora os avanços nos tratamentos antirretrovirais tenham reduzido consideravelmente o risco de transmissão durante o parto, a realidade é que a transmissão vertical não acaba no nascimento. O perigo persiste no aleitamento materno, especialmente em mães que, após o parto, não realizam os testes regulares para HIV e nem fazem uso de preservativos ou da PrEP e sem saber, contraem o vírus HIV.
O Projeto Criança AIDS (PCA) alerta para a necessidade urgente de testagem regular e uso de proteção para todas as mulheres que amamentam, independentemente da idade do bebê, para que não haja surpresas no futuro. Muitas mulheres optam por amamentar até os seis meses, mas há casos em que o aleitamento se estende or até os dois anos de idade. Durante todo esse tempo, o risco de transmissão do HIV deve ser monitorado.
"A
transmissão vertical do HIV não termina no parto. A amamentação, se não
monitorada adequadamente, pode representar um risco significativo para a
criança. Por isso, é fundamental que as mulheres que amamentam façam testes
regulares para HIV, usem preservativos em todas as relações sexuais, e/ou façam
uso de PrEP, garantindo que não haja surpresas no futuro e protegendo a sua
saúde de seus filhos", reforça Adriana Galvão, presidente do PCA.
O risco do aleitamento: até 40% de chance de transmissão do HIV a cada amamentação
Cada vez que uma mulher amamenta, ela corre o risco de transmitir o HIV para seu bebê, com até 40% de chance de transmissão a cada episódio de amamentação. Esses números se dão quando essa mulher é infectada durante o período de amamentação. O aleitamento, por ser contínuo, se torna uma via significativa de transmissão do vírus e este risco é amplificado pela falta de acompanhamento médico e pela ausência de testes regulares nas mulheres, que muitas vezes deixam de buscar o diagnóstico pós-parto. As consequências para a criança podem ser dramáticas, com sinais de infecção grave, como:
- Internações por
Bronquiolite;
- Pancitopenia
(queda de células sanguíneas);
- Anemias;
- Pneumocistose;
- Sepse por
Candida e Staphylococcus;
- Distúrbios
metabólicos;
- Problemas neurológicos.
A doença progressiva, com o bebê doente da AIDS, é o reflexo da falta de tratamento adequado, resultante da ausência de testes regulares para as mulheres e da falta de tratamento antirretroviral (TARV), meses depois do parto. A detecção precoce é crucial para evitar que estes sinais de infecção se agravem e resultem em óbito precoce.
Além disso, o PCA
enfatiza a importância da testagem frequente e uso de preservativos e/ou PrEP,
para os homens parceiros, fixos ou não, pois muitos não são adequadamente
informados sobre o risco de transmissão do HIV no ambiente doméstico e,
consequentemente, acabam negligenciando sua saúde e a de suas famílias.
PrEP: uma
ferramenta importante na prevenção para mulheres que amamentam
A PrEP (Profilaxia
Pré-Exposição) é um tratamento preventivo altamente eficaz contra o vírus HIV,
que pode ser utilizado por mulheres que estejam amamentando e tenham uma vida
sexual ativa. A PrEP funciona como um mecanismo de prevenção, sem causar nenhum
mal ao bebê nem gerar efeitos colaterais para a mãe. Seu uso pode ser uma
alternativa importante para evitar a infecção pelo vírus HIV e proteger tanto a
saúde da mãe quanto a do bebê durante a amamentação.
O cenário global e a urgência de um trabalho contínuo
Embora a erradicação da AIDS esteja ao nosso alcance até o final desta década, o caminho global ainda é longo. Em 2023, das 39,9 milhões de pessoas vivendo com HIV, quase um quarto delas (9,3 milhões), não estavam em tratamento com os antirretrovirais (ARV). A cada minuto uma pessoa morre por conta da AIDS, e o número de novas infecções segue alto, com 1,3 milhão de novos casos reportados em 2023. A meta da ONU é reduzir esta taxa em 370.000 até 2025.
Embora o volume de
crianças vivendo com vírus HIV (CLHIV) tenha mostrado uma tendência decrescente
ao longo do tempo, ainda há um grande número de crianças afetadas, com 40% das
infecções concentradas em bebês de 0 a 4 anos. Em 2023, as crianças de 0 a 14
anos representam 12% das mortes por AIDS, apesar de corresponderem a apenas 3%
da população total de pessoas vivendo com o vírus HIV. Essas crianças continuam
a ser menos diagnosticadas, menos tratadas e mais propensas ao óbito.
O papel do PCA na conscientização e no cuidado contínuo
O PCA, além de
realizar um trabalho fundamental de acompanhamento e conscientização, defende a
testagem regular e o uso de preservativos e/ou da PrEP, para todas as mulheres
que ainda amamentam, independentemente da idade do bebê, a fim de minimizar o
risco de transmissão do vírus HIV no aleitamento. A organização também se
dedica a conscientizar sobre a importância do diagnóstico e tratamento em tempo
hábil, visando reduzir as intercorrências graves e garantir a qualidade de vida
das crianças que nascem com o vírus HIV.
MAIS SOBRE O PCA - Projeto Criança AIDS
O Projeto Criança
AIDS (PCA) é uma organização sem fins lucrativos que através de uma equipe
interdisciplinar atende famílias com vulnerabilidades socioeconômicas que têm
crianças vivendo e convivendo com HIV/aids. Também realiza um trabalho
assistencial com entrega de cestas básicas, roupas, calçados, brinquedos e
livros para essas famílias. O projeto tem mais um objetivo que é disseminar
informações de prevenção e transmissão do HIV/aids com foco na educação, no
acompanhamento médico e no acesso a tratamentos eficazes. O PCA busca criar um
futuro sem HIV/aids, protegendo as gerações mais jovens e sensibilizando as
mães e os pais para a importância da testagem contínua, uso de proteção e do
cuidado preventivo.
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