Números do setor
reforçam a importância de cuidados com a saúde mental do grupoFreepik
Registros divulgados pelo Hospital Santa Mônica
mostram que os índices de suicídio em pessoas com mais de 60 anos são quase 50%
maiores em comparação ao restante da população. Entre os idosos acima de 70 anos,
essas taxas são ainda mais elevadas, destacando-se, sobretudo, entre homens.
De acordo com Jéssica Ramalho, cofundadora e COO da
Acuidar, rede especializada em cuidadores, esses números são alarmantes e
reforçam a necessidade urgente de uma atenção maior à saúde mental dos idosos.
"A prevenção é essencial, pois muitas vezes sinais de alerta passam
despercebidos, tanto por familiares quanto pelos próprios profissionais de
saúde", explica Ramalho.
Ainda segundo a especialista, o processo de
envelhecimento, quando não acompanhado de um suporte adequado, pode gerar
isolamento social e sentimentos de inutilidade. Esses fatores são agravantes
para o desenvolvimento de transtornos mentais, como a depressão, que, conforme
ressalta Ramalho, é um dos principais gatilhos para o suicídio na terceira
idade. "Cuidar da saúde mental do idoso é prevenir que essa pessoa se
sinta abandonada ou sem perspectivas, condições que aumentam o risco de
suicídio".
Jéssica também chama a atenção para a importância
de iniciativas preventivas. Para ela, "não basta tratar as doenças
físicas; é fundamental olhar para o lado emocional do idoso". Com uma
abordagem humanizada, ela afirma que o acompanhamento de cuidadores
especializados pode ser um passo decisivo para minimizar esses riscos, ao
garantir tanto o cuidado físico quanto o mental.
Causas
De acordo com dados da Faculdade de Medicina da
UFMG, transtornos mentais, depressão, uso de álcool e o diagnóstico de demência
são responsáveis por 71% a 97% dos casos de suicídio entre idosos. A
presença de condições médicas, como dor crônica, também é um fator agravante,
que eleva em até 10 vezes o risco de suicídio entre homens, e em 2 vezes entre
mulheres. O impacto da dor persistente, associado à falta de mobilidade e perda
da autonomia, acarreta em danos graves a saúde mental nessa faixa etária.
Outro aspecto relevante é o impacto do luto e das
perdas acumuladas ao longo da vida, que podem intensificar a sensação de
solidão e desamparo nos idosos. Ramalho aponta que, com o envelhecimento,
muitos enfrentam a morte de cônjuges, amigos e parentes, o que gera um vazio
emocional difícil de preencher.
"A ausência dessas pessoas próximas, somada a
uma possível falta de suporte social adequado, pode agravar a tristeza e o
isolamento, aumentando o risco de comportamentos suicidas", explica. Ela
acrescenta que, em muitos casos, o idoso não encontra espaço para expressar seu
sofrimento, o que reforça a necessidade de apoio especializado.
Como lidar
A prevenção do suicídio entre idosos passa pelo
reconhecimento precoce dos sinais de alerta e pelo suporte imediato. Jéssica
defende que é fundamental haver uma rede de apoio tanto emocional quanto
prática para o idoso. "O suporte imediato é crucial. Um cuidador
especializado pode fazer toda a diferença, ao garantir uma rotina saudável e
atenta às necessidades não apenas físicas, mas também emocionais", afirma.
Ela lembra que o cuidador, ao acompanhar de perto o idoso, pode identificar
alterações comportamentais e agir preventivamente.
A profissional também enfatiza que o diálogo
contínuo com o paciente, aliado a uma rotina que promova a autonomia dentro de
suas limitações, é uma medida eficaz na prevenção de pensamentos suicidas.
Atividades que estimulem o senso de pertencimento e a utilidade social do
idoso, como pequenos projetos ou tarefas domésticas, podem reduzir
consideravelmente os sentimentos de inutilidade e isolamento. "A
convivência ativa e o apoio emocional são pilares para preservar a saúde mental
dos idosos", ressalta.
Nesse panorama, Ramalho sugere que a busca por um cuidado especializado, por meio de cuidadores, seja vista como um investimento na qualidade de vida do idoso. "O cuidador não é apenas um auxiliar nas tarefas diárias, ele se torna um ponto de referência emocional e social, ajudando a criar um ambiente mais acolhedor e seguro", conclui.
https://www.acuidarbr.com.br/
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