O
Brasil é um país de potencial extraordinário. Sua vasta extensão territorial o
posiciona como uma das nações mais ricas em recursos naturais do mundo,
abrigando diversos biomas, entre eles, a Amazônia e a chamada Amazônia Azul,
que corresponde ao mar territorial do país, com sua imensa biodiversidade.
Essa
riqueza natural proporciona uma base sólida para o desenvolvimento
bioeconômico, criando um ambiente favorável para inovações científicas e
tecnológicas. Além disso, a imensa população brasileira, somada à alta
disposição para o consumo, torna o mercado interno uma força de atração para
investimentos, com potencial para alavancar a economia nacional.
Um
ponto de destaque é a compatibilidade da população brasileira com as novas
tecnologias. Historicamente, o Brasil tem demonstrado uma capacidade impressionante
de rápida adaptação às inovações tecnológicas, como visto no uso massivo de
smartphones, serviços financeiros digitais, e-commerce, e o crescente interesse
pela inteligência artificial e automação.
Não
por acaso, cientistas brasileiros estão frequentemente presentes nas equipes
que desenvolvem importantes inovações globais, desempenhando papéis de destaque
devido à criatividade latente e à capacidade de solução de problemas que os
caracteriza. Esse ambiente favorável à inovação e ao consumo, somado aos
recursos naturais pujantes, posiciona o Brasil como um destino atraente para
investimentos internacionais em um cenário geopolítico em transformação.
Fenômenos
como o “friendlyshoring”, em que indústrias buscam países
ideologicamente alinhados, o “nearshoring”, que prioriza nações próximas
dos principais mercados consumidores, e o “powershoring”, que beneficia
países com fontes abundantes de energia renovável, fazem do Brasil uma peça
central na nova configuração global de investimentos.
O país
não apenas atende a esses requisitos, como também oferece uma posição
geográfica estratégica, recursos energéticos renováveis em abundância e um
ambiente ideológico estável, quando comparado a outros países emergentes.
Contudo, o Brasil enfrenta contradições sociais profundas, que exigem um olhar
atento para o desenvolvimento inclusivo. Os déficits em áreas fundamentais,
como educação, saneamento básico, saúde, qualificação do mercado de trabalho e
inovação tecnológica, revelam a necessidade urgente de investimentos públicos
robustos, que podem – e devem – ser realizados em conjunto com a iniciativa
privada.
Um
desenvolvimento inclusivo exige políticas econômicas que estejam alinhadas com
a superação dessas disparidades, garantindo que o crescimento econômico esteja
acompanhado pela melhoria da qualidade de vida da população e pela criação de
uma sociedade mais justa e equitativa.
Esses
investimentos inclusivos devem, no entanto, ser contextualizados em um cenário
macroeconômico que leve em consideração as particularidades do Brasil. Comparar
o país com outras economias emergentes sem atentar para suas especificidades,
como sua vasta riqueza natural, potencial de mercado e inovação, é inadequado.
Como exemplo, sempre que se analisam as taxas de endividamento em relação ao
PIB, o que realmente importa não é a taxa em si, mas sim a capacidade de
rolagem dessa dívida ao longo do tempo.
O Brasil, com seus vastos recursos e potencial
econômico, possui uma margem maior para sustentar níveis de endividamento mais
elevados, desde que o ambiente econômico seja favorável ao crescimento e ao
investimento. No entanto, as taxas de juros elevadas sufocam a livre iniciativa
e desestimulam os investimentos, principalmente aqueles de natureza inclusiva,
que são essenciais para reverter os déficits sociais.
O
parque industrial brasileiro, que já sofre com a obsolescência, é ainda mais
prejudicado por um ambiente de juros altos, o que mantém o Núcleo de Utilização
da Capacidade Instalada (NUCI) em níveis baixos. O NUCI mede o quanto da
capacidade produtiva de uma economia está sendo efetivamente utilizada. Quando
está baixo, significa que a produção está aquém de seu potencial, refletindo
uma economia desacelerada e um mercado de trabalho precarizado.
Juros
mais baixos, por outro lado, facilitam a realização de investimentos que visam
incluir socialmente as populações marginalizadas e revitalizar setores
estratégicos da economia. No médio prazo, essa política levará a um ciclo
virtuoso de desenvolvimento econômico e social.
A
queda sustentada da inflação, a maior produtividade do mercado de trabalho e o
aumento das inovações econômicas e sociais são apenas alguns dos benefícios que
podem emergir desse processo. Além disso, uma maior inclusão econômica e social
tende a reduzir a conflituosidade social, fortalecendo estruturas sociais
sustentáveis, justas e inclusivas.
Portanto,
uma política econômica inclusiva, focada em investimentos estratégicos em
áreas-chave, pode transformar o Brasil em uma potência global, não apenas em
termos econômicos, mas também como sociedade mais justa e igualitária.
O
país, com sua combinação única de recursos naturais, população vibrante e
disposição para a inovação, está pronto para desempenhar um papel de liderança
em um mundo cada vez mais interconectado. Para isso, é necessário um ambiente
econômico que favoreça a livre iniciativa e os valores sociais do trabalho,
promova investimentos inclusivos e, acima de tudo, ofereça um caminho para o
desenvolvimento sustentável e equitativo.
André Naves - Defensor Público Federal, especialista em
Direitos Humanos, Inclusão Social e Economia Política. Escritor, professor,
ganhador do Prêmio Best Seller pelo livro "Caminho - a Beleza é
Enxergar", da Editora UICLAP (@andrenaves.def).
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