A data de 21 de setembro marca as conquistas obtidas pelas diversas mobilizações de políticas públicas e sociais que envolvem, há dezenove anos, o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência. Portanto, a causa tem o propósito de chamar a atenção da sociedade para uma profunda conscientização sobre a importância de respeitar os direitos destes cidadãos, assim como “fazer valer” as reivindicações destas pessoas por uma inclusão social cada vez mais real.
Como estou sempre envolvida em temas de
diversidade, é essencial pontuar que a maior compreensão sobre as questões que
afetam diretamente esses grupos deve começar desde a infância, pois facilita a
relação pessoal e naturaliza a convivência de indivíduos com e sem deficiência.
Na minha opinião, as principais vitórias alcançadas até agora no Brasil foram
no mundo corporativo, com a Lei de Cotas que “garante” que todos tenham
oportunidades para ocupar as vagas, embora legalmente exista ainda muita
dificuldade de crescimento nos cargos. Muitas vezes as empresas fazem a
contratação para evitar o pagamento de multa, e não porque querem realmente
incluir esta população no mercado de trabalho.
Nas escolas também houve uma evolução nas
adaptações no processo educativo, já que as crianças com deficiência estão
estudando em classes regulares, favorecendo a aprendizagem, mas ainda falta uma
preparação adequada da equipe escolar para lidar com estes estudantes. As adequações
arquitetônicas, como rampas e elevadores, contribuem para a acessibilidade em
vários ambientes, essa foi uma grande mudança - também é um ponto extremamente
relevante para participação efetiva de pessoas com deficiência na sociedade.
Em alguns casos, embora ainda seja minoria,
talvez por falta de interesse das empresas, existem programas tecnológicos
como, por exemplo, aplicativos de programas de voz que possibilitam a
realização adequada das atividades destes colaboradores, favorecendo sua
autonomia. Também existem algumas empresas que possuem um comitê dedicado à
diversidade, que prepara a equipe para auxiliar nas necessidades que possam
aparecer nas práticas de trabalho, o que contribui para o apoio da inclusão e
acessibilidade.
Enfim, há inúmeras maneiras de apoiar e
promover a inclusão no dia a dia, e esses temas devem estar sempre em pauta.
Entendo que para que o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência ganhe
cada vez mais visibilidade, é essencial demonstrar que a participação dessas
pessoas na sociedade deve ser uma realidade constante, e não em um evento
pontual. O reconhecimento e a celebração do momento devem servir como um
ponto de partida para a verdadeira inclusão. Se a participação desse público
for limitada a uma data comemorativa, em vez de se tornar parte integrante do
cotidiano, o que ocorre é uma forma de exclusão disfarçada.
Acredito que, à medida que nos aproximamos do
dia 21 de setembro, devemos focar em atividades que envolvam o mundo
corporativo, escolar e o esportivo, como o acesso a esportes adaptados,
programas de educação inclusiva em atividades práticas, trabalhando com todos
os envolvidos, preparando-os para receber com naturalidade e respeito. Essas
iniciativas tendem a sensibilizar e garantir que a inclusão se torne uma
prática cotidiana, transformando-se em um verdadeiro compromisso com a
acessibilidade e a participação de pessoas com deficiência com equidade.
O que ainda precisamos conquistar são
mudanças que vão além dos aspectos legais, pois ainda estamos longe do que é
realmente necessário. Embora a legislação esteja em vigor, o preconceito
persiste como uma preocupação significativa, pois não é uma questão de lei, mas
sim de uma transformação social profunda. Esse é um dos principais desafios que
as pessoas com deficiência ainda enfrentam no Brasil.
Natalie Schonwald
Natalie é psicóloga, pedagoga, palestrante de
inclusão e diversidade e autora dos livros “Na Cidade da Matemática” e “Na
Cidade da Matemática – Bairro das Centenas”. É pós-graduanda em Psicopedagogia
pelo Instituto Singularidades (SP). Na área da educação, trabalha com os anos
finais da Educação Infantil e iniciais do Ensino Fundamental I. Nesta área,
Natalie completa seu trabalho escrevendo artigos.
A profissional também faz parte da direção da
Associação dos AVCistas do Brasil - uma organização comunitária de acolhimento
às vítimas de AVC e seus familiares, e da Comunidade Educadores Reinventares.
Como atleta, participou do mundial de adestramento paraequestre em 2003 –
pratica esporte desde seus 9 anos e também é embaixadora da equipe feminina de
surfe adaptado.
Após um AVC com 8 meses, enfrentou um caminho
de superação. Sua história é marcada não apenas pela adversidade, mas pela
resiliência e conquistas que a transformou em fonte de inspiração, destacando a
importância da inclusão e da diversidade em todas as suas formas.
Natalie Schonwald
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