Pesquisar no Blog

sábado, 24 de agosto de 2024

Exagero para os filhos; culpa para os pais: como lidar com o uso de telas

Pediatra comenta artigo científico que aborda a dificuldade de relacionamento gerada pelo excesso de uso de telas pelas crianças combinado com o estresse dos pais gerado pela culpa dessa situação


Publicado recentemente pela revista científica Media Psycology, o artigo "Muito tempo de tela ou muita culpa? Como o tempo de tela infantil e a culpa dos pais afetam o estresse dos pais e a satisfação no relacionamento", de Lara N. Wolfers, Robin L. Nabi e Nathan Walter falou abertamente sobre a dupla dificuldade em lidar com telas na infância: o excesso dos filhos e a culpa dos responsáveis. 

"Mais do que apenas o tempo de tela em si, a culpa sentida pelos pais por permitirem o uso de dispositivos eletrônicos por seus filhos tem um impacto significativo no estresse parental e na qualidade das relações familiares", resume a Dra. Aline Piedade, Pediatra pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), ao convidar a sociedade brasileira para discutir novas abordagens de solução para o problema: "É importante que esse tema seja abordado de forma equilibrada, levando em consideração o contexto atual das famílias brasileiras", pondera. 

Sabe-se que o uso excessivo de telas por crianças se associa a quadros de obesidade infantil, dificuldades de interação social e impactos no desenvolvimento cognitivo. Por esse motivo, segundo a médica, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda limites para o tempo de tela, especialmente para crianças pequenas. "O problema é que muitos pais sentem que não conseguem cumprir essas diretrizes, gerando sentimentos de inadequação e culpa. Essa culpa pode levar a um aumento do estresse, que, por sua vez, pode prejudicar a relação entre pais e filhos", avalia a Dra. Aline. 

Para ela, é importante reconhecer que o uso de telas se tornou uma parte inevitável da vida moderna e que abordagens mais flexíveis e compreensivas podem ser mais benéficas para a saúde mental e emocional das famílias. "Caso contrário, essas diretrizes podem aumentar a pressão sobre os pais, que já se sentem sobrecarregados em equilibrar as demandas da vida moderna, especialmente em um cenário de pós-pandemia e mudanças sociais rápidas", pontua.

 

Vamos à prática 

A fim de desfazer esse nó, a médica propõe uma estratégia de usar as telas a favor da relação pais e filhos, integrando-a na rotina. Ela conta que há pesquisas indicando que a qualidade do conteúdo visualizado se torna mais importante do que a quantidade de tempo de uso de tela. 

Isso significa que conteúdos educacionais ou interativos podem oferecer benefícios cognitivos e promover o aprendizado, especialmente quando consumidos em conjunto com os pais. "A tecnologia pode ser usada para complementar a educação e fortalecer vínculos quando os pais participam ativamente das experiências digitais de seus filhos, e esta participação ativa não apenas reduz a culpa parental, mas também fortalece a relação e o aprendizado conjunto", opina a pediatra. 

Diante disso, sua recomendação aos pais passa por ações como:

  • Participar das atividades online dos filhos, discutindo e selecionando conteúdo juntos;
  • Priorizar conteúdo educativo e interativo que estimule o aprendizado e a curiosidade;
  • Estabelecer limites de tempo realistas que considerem as necessidades e as circunstâncias únicas de cada família;
  • Incentivar discussões abertas sobre o que as crianças estão assistindo e aprendendo, promovendo um ambiente de confiança e apoio. 


Dra Aline Piedadeb- CRM 155605 - Formada pela Universidade de Taubaté. Residência médica em Pediatria na Santa Casa de São Paulo Especialização em Gastroinfantil também na Santa Casa de São Paulo. Título de Especialista em Pediatria pela SBP. Pós graduação em Nutrição Pediátrica pela Boston University school of Medicine. Educadora parental em disciplina positiva pela PDA. Proprietária da clínica infantil Bem me Quer , aonde atende os pequenos há 7 anos.
@dicasdeumamaepediatra
www.bemmequerclinicainfantil.com.br


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados