90% dos casos de
câncer de pulmão possuem como origem o hábito. Por isso, é fundamental alertar
sobre os prejuízos à saúde e lembrar que é sempre tempo de parar de fumar
O Dia de Combate ao Fumo, que
acontece em 29/08, é dedicado à conscientização dos danos causados pelo
tabagismo. Dentre eles, o câncer de pulmão, doença que tem como origem em 90% a
prática do hábito, está no topo. Os fumantes possuem um risco 20 vezes maior de
desenvolverem tumores pulmonares, fazendo com que o alerta seja visto com ainda
mais sensibilidade para este grupo em especial.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
apesar dos dados não serem novidades, os tumores pulmonares ainda lideram o
ranking de doenças oncológicas com maior número de óbitos todos os anos. Além
disso, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), é estimado que
durante o triênio 2023-2025 cerca de 32.300 novos casos da doença serão
diagnosticados a cada ano.
Um dado alarmante, também apresentado pelo INCA,
indica que aproximadamente 10% dos brasileiros acima de 18 anos fumam - ou
seja, 20 milhões de pessoas são fumantes no país. Mesmo o Brasil sendo
reconhecido mundialmente por suas campanhas de combate ao fumo, esse desafio
ainda é grande. Segundo Mariana Laloni, oncologista e diretora médica técnica
da Oncoclínicas, é necessário alertar quanto ao uso de vaporizadores de fumo,
que tem sido usado principalmente por jovens.
"Apesar da redução do consumo de cigarros no
país, em decorrência das
campanhas de conscientização e proibições do fumo, que vêm sendo aplicadas em
locais públicos desde a década de 1990, o número absoluto de tabagistas ainda é
alarmante. E os novos dispositivos tecnológicos de vape, que conquistam
especialmente as chamadas gerações Millennial e Z sob a falsa justificativa de
serem menos nocivos à saúde e por seu design moderno - que serve como atrativo
adicional para essa parcela da população - representam uma ameaça ainda maior
de retrocesso na luta contra o tabagismo", comenta a especialista.
No mundo, a OMS aponta que atualmente 8 milhões
de pessoas vão à óbito por causa de doenças relacionadas ao tabaco. No Brasil,
esse número pode chegar a 156 mil mortes anualmente - uma média de 428 óbitos
por dia. Vale lembrar ainda que o tabagismo vai muito além do câncer de pulmão,
incluindo problemas de saúde como: doenças cardiovasculares, diabetes, infarto
e Acidente vascular cerebral (AVC), entre outros.
Iluminando o caminho
Com o avanço da ciência, as diferentes maneiras
de tratar o câncer foram se transformando ao longo dos anos. No caso das
neoplasias de pulmão, as alternativas terapêuticas têm sido indicadas para o
enfrentamento da doença, como é o caso da radioterapia isolada. "A
indicação depende principalmente do estadiamento, tipo, tamanho e localização
do tumor, além do estado geral do paciente", diz Mariana Laloni.
A imunoterapia exerce um papel importante para o
enfrentamento do câncer de pulmão. A partir do reconhecimento do tumor pelo
organismo, e que com o passar do tempo ele irá se "disfarçar" para
não ser reconhecido e crescer, a técnica consiste em fazer com que o corpo
ative uma espécie de chave, religando a resposta imunológica para agir contra o
problema.
"Embora o sistema imune esteja apto a
prevenir ou desacelerar o crescimento do câncer, as células cancerígenas sempre
dão um jeitinho de driblá-lo e, assim, evitar que sejam destruídas. O papel da
imunoterapia é justamente ajudar os ‘soldados’ de defesa do organismo a agir
com mais recursos contra o câncer, produzindo uma espécie de super estímulo
para que o corpo produza mais células imunes e assim a identificação das
células cancerígenas seja facilitada - devolvendo ao corpo a capacidade de
combater a doença de maneira efetiva", explica a especialista. Entretanto,
é fundamental alertar que antes de remediar, o câncer de pulmão deve ser
prevenido. Para Mariana Laloni a melhor alternativa é sempre parar de fumar.
A seguir, a oncologista Mariana Laloni esclarece
dez perguntas e respostas comuns sobre a relação entre o fumo e o câncer.
O fumo pode aumentar o risco de câncer de
pulmão?
Sim. O tabagismo pode aumentar em aproximadamente
20 vezes o risco de desenvolver câncer de pulmão. Cerca de 90% dos casos estão
relacionados ao fumo.
Quais são os principais sintomas do câncer
de pulmão?
Nas fases iniciais da doença, onde a chance de
cura é maior, o problema é, infelizmente, silencioso, não apresentando
sintomas. Já nas fases em que o câncer está mais avançado, o paciente pode
apresentar sinais no aparelho respiratório, como tosse, dor no peito e falta de
ar.
Quais são os principais tipos de câncer de
pulmão?
Existem dois tipos de câncer de pulmão, sendo
eles o carcinoma de pequenas células e o de não pequenas células. Geralmente, o
segundo caso corresponde a 80 a 85% dos casos, podendo ser subdividido em carcinoma
epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células. No mundo, o tipo
mais comum é o adenocarcinoma, atingindo 40% dos pacientes.
Como é o tratamento para câncer de pulmão?
Para o tratamento adequado, é importante analisar
o estadiamento, subtipo, tamanho e localização do tumor, além se o paciente
possui algum tipo de comorbidade. Caso a doença esteja em seu estágio inicial e
localizado apenas no pulmão, a indicação é de cirurgia ou radiocirurgia, uma
radioterapia direcionada
Já nos casos mais avançados, porém sem lesões à
distância, o tratamento escolhido pode ser a combinação da quimioterapia e
radioterapia, podendo consolidar a imunoterapia. Quando existem metástases, o caminho
para os recursos irá depender do tipo de tumor.
Além do câncer de pulmão, o tabagismo
aumenta o risco de outros tipos de câncer?
Sim. Além do câncer de pulmão, o fumo pode aumentar
os riscos para o câncer de de cabeça e pescoço, boca, laringe, faringe e
bexiga.
Quais são os principais elementos
cancerígenos dos cigarros convencionais?
Ao todo, existem quase cem tipos diferentes de
substâncias cancerígenas nos cigarros tradicionais. As principais são: monóxido
de carbono, amônia, cetonas, formaldeído, acetaldeído, acroleína, nicotina e
alcatrão. Dentre elas, é importante ressaltar aida a mais perigosa em termos
cancerígenos: a nicotina.
Qual dessas substâncias causa dependência
em cigarros?
É justamente a nicotina, uma vez que provoca a
sensação de prazer e pode levar ao vício. Essa substância psicoativa faz parte
da Classificação Internacional de Doenças (CID) da OMS.
O cigarro eletrônico também aumenta o risco
de câncer de pulmão?
Sim. Como ele vaporiza um líquido com grande
quantidade de nicotina, a substância também pode elevar os riscos da doença.
Mas, vale lembrar que ainda não se sabe qual a extensão de impacto no
desenvolvimento de cânceres, devido ao desenvolvimento recente e uso variado do
produto: há pessoas que fumam apenas ele, outras que consomem cigarros
eletrônico e convencional, aquelas que nunca fumaram cigarro convencional e
foram direto para o eletrônico, as que substituíram o convencional pelo eletrônico,
etc.
Depois de quanto tempo sem fumar há a
diminuição do risco de desenvolvimento de cânceres ligados à nicotina?
Com o passar das horas e dias, os benefícios à
saúde são bastante perceptíveis e as chances de desenvolvimento de cânceres
também diminui com o passar dos anos - com 10 anos sem fumar, os riscos são
considerados baixos. Mas, dependendo da carga tabágica - número de maços por
dia vezes o número de anos que a pessoa fumou - é importante continuar de olho.
Que impacto haveria nos diagnósticos de
câncer se todos os fumantes do mundo conseguissem se livrar do vício agora?
O principal impacto seria a diminuição de aproximadamente 33% do número de casos de câncer diagnosticados e, ao longo do tempo, uma redução ainda mais expressiva.
Oncoclínicas&Co.
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