Quando
falamos em arritmia, muitos acreditam que ela é a doença que gera morte súbita.
Mas não é bem assim. Pelo menos, nem sempre é assim. O risco de morte súbita
associado à arritmia cardíaca, como ocorreu no trágico caso recente do jogador
de futebol Juan Izquierdo, existe, mas é preciso entender que esta é uma
condição com múltiplos cenários, associada a diferentes doenças e que pode, em
alguns casos, não oferecer riscos à vida.
Em
uma definição simples: arritmia é uma alteração do ritmo cardíaco. E há, não
apenas um tipo dela, mas três. Bradicardia, quando a frequência cardíaca está
muito baixa, taquicardia, quando muito alta e, a última, o ritmo irregular, que
altera os batimentos, mas os mantém dentro do aceitável, entre 50 e 100 por
minuto.
E
o que muita gente também não sabe é que essas alterações podem ser tanto
benignas, geralmente relacionadas ao desenvolvimento, respiração, ações
comportamentais e variações de normalidade que realmente não precisam de um
tratamento específico. E malignas, mais comumente ligadas às doenças nas
artérias do coração e Doença de Chagas.
Mas
como saber se você tem uma arritmia e qual é o tipo? Prestar atenção aos
sintomas é um começo, e eles podem ser muitos. Alguns inespecíficos, como
tontura, cansaço, falta de ar, indisposição para fazer algumas atividades que
antes eram realizadas tranquilamente podem ser indícios.
A
queixa mais comum está normalmente associada à frequência muito alta, porque é
o que logo desperta a nossa atenção. Nesses casos, o diagnóstico pode também
ser um desafio, pois, fora da crise, os exames costumam ser todos normais.
Diante disso, há uma série de estratégias que devem ser adotadas para um
diagnóstico correto, inclusive, para conseguir documentar a hora exata da
arritmia. Procedimentos como, por exemplo, o estudo eletrofisiológico, que vai
atrás do problema ao invés de esperá-lo aparecer, já representam uma evolução
muito grande em termos de investigação médica.
No
geral, quando o coração está fora do ritmo, o fluxo de sangue também pode ficar
prejudicado. E como ele é o responsável por irrigar todas as partes do corpo,
outros órgãos tendem a “reclamar”. No caso do cérebro, ele vai se manifestar
deixando a pessoa mais quieta. Se o coração está atrapalhando o fluxo de sangue
para o músculo, a pessoa sentirá mais cansaço.
Falando
especificamente das arritmias malignas, é possível ver que elas estão
relacionadas com impacto na qualidade de vida, com maior chance de causar um
AVC (Acidente Vascular Cerebral), e, aí sim, até com a maior chance de morte
súbita. Mas tudo isso depende muito de com qual arritmia estamos lidando.
Há
casos em que essas alterações do ritmo cardíaco são totalmente assintomáticas,
por exemplo. O que nos leva à importância de uma avaliação muito ampla do
paciente, que considere todos os seus hábitos, o histórico familiar, para
investigação de casos de morte súbita na família, bem como de outras doenças,
além de uma análise detalhada do eletrocardiograma.
Às
vezes, pequenas variações ditas dentro da normalidade podem prejudicar a
qualidade de vida ou evoluir com desfechos muito ruins.
Por
isso é importante estar atento, entender que o quadro arritmo acomete do
recém-nascido ao idoso centenário, mas não representa necessariamente um risco
de morte. Agora que você já conhece os sinais, esteja em dia com suas consultas
de rotina. E, claro, mantenha um estilo de vida saudável, gerencie o estresse.
Essas são atitudes que sempre fazem bem, para você e para o seu coração.
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