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sábado, 31 de agosto de 2024

Marcas invisíveis: como a infância molda o futuro da saúde adulta

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Jornada científica e emocional revela a conexão entre experiências infantis adversas e trajetórias de vida problemáticas


Na essência do desenvolvimento humano, as experiências vivenciadas na infância não apenas ecoam por anos, mas fundamentam o futuro da saúde adulta. Pesquisas recentes comprovam como as adversidades enfrentadas nesse período crítico têm implicações duradouras, se estendendo para além dos traumas psicológicos, influenciando a incidência de doenças crônicas, comportamentos abusivos e dependências na vida adulta.

“Esse panorama não apenas destaca a importância de um olhar atento e científico sobre a educação infantil, mas também ressalta a necessidade de todos os adultos compreenderem a infância e agirem para proteger as gerações futuras”, alerta Telma Abrahão, biomédica especializada em patologia clínica e neurociência comportamental infantil.

Os estudos sobre Experiências Adversas na Infância (EAI) - ou Adverse Childhood Experiences (ACEs), na terminologia internacional - apontam para dez tipos principais de adversidades, categorizadas em abuso (físico, sexual, emocional), negligência (física, emocional) e disfunções familiares (incluindo doença mental dos pais, encarceramento parental, violência doméstica, abuso de substâncias e divórcio ou perda de um dos pais). “Essas experiências, embora distintas, compartilham a capacidade de moldar negativamente a saúde mental, física e emocional ao longo da vida”, afirma Abrahão.

Segundo Telma, autora de 15 livros e referência na interseção entre educação e neurociência, educar é um ato de amor e ciência. “É um desafio que exige compreensão profunda não apenas do conteúdo, mas do impacto emocional e psicológico de nossas interações com as crianças”, alerta.

De acordo com a especialista, a ligação entre uma infância tumultuada e a manifestação de doenças mentais como depressão e ansiedade na vida adulta está bem estabelecida na literatura científica. “Ainda mais alarmante é a associação dessas experiências com um risco elevado de desenvolvimento de doenças crônicas, como cardiopatias e diabetes, sinalizando que os efeitos das adversidades na infância vão muito além do emocional, repercutindo também no bem-estar físico”.

Essas descobertas não apenas mostram os desafios individuais enfrentados por aqueles com históricos de EAI, mas também apontam para consequências sociais mais amplas, incluindo ciclos de violência, abuso de substâncias e perpetuação de abuso e negligência. “A situação exige uma ação coletiva: o investimento em intervenções precoces, suporte educacional e políticas públicas focadas no bem-estar infantil, surgem como uma estratégia fundamental para alterar essas trajetórias de vida negativas”, afirma Abrahão.

 



Telma Abrahão - Biomédica, formada em Neurociências aplicada em resultados para negócios pela Wharton School, Universidade da Pensilvânia e especialista em traumas e experiências da infância. Criadora da abordagem educacional Neuroconsciente, que ‘nasceu’ da necessidade de levar o conhecimento sobre a neurociência e a neurobiologia por trás do comportamento humano para mães, pais, profissionais da saúde, da educação e agora também para empresas. Telma Abrahão é autora dos best-sellers “Pais que evoluem” e “Educar é um ato de amor, mas também é ciência” e acabou de lançar seu terceiro livro “Revolucione a relação com seus filhos em 21 dias”. Seus livros são vendidos em mais de 15 países e ajudam milhares de pessoas ao redor do mundo a se reeducarem para melhor educar. Ela também escreveu 12 obras exclusivas para o Leituras Rápidas da Amazon com o objetivo de abordar temas que ajudam os pais a lidarem com os desafios na educação dos filhos. O alerta é claro: para curar as feridas invisíveis deixadas pelas experiências adversas na infância, a sociedade como um todo deve se mobilizar. Implementar programas de apoio familiar, treinamento para pais e educadores, e desenvolver políticas que coloquem o bem-estar das crianças no centro das atenções não é apenas uma necessidade de saúde pública, mas um testemunho de nosso compromisso com a próxima geração. “Ao encarar esse desafio, abrimos caminho para um futuro em que cada criança possa ter uma vida livre de traumas passados, um futuro em que as marcas invisíveis da adversidade sejam, enfim, superadas”, finaliza Telma Abrahão.
@telma.abrahao


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