Imagem - Inovação |
“A lição sabemos de cor, só nos resta aprender”. Essa é uma frase da canção Sol de Primavera, do inspirador músico Beto Guedes. É com ela que começo essa reflexão.
Nossa sociedade ocidental é expert
em lições. Pense em seus anos de escola e resgate as primeiras memorias na sala
de aula. Fomos doutrinados como operários de respostas prontas, memorizadas e
repetidas. Nosso ritual de passagem do ensino básico para o superior é medido
por uma extensa prova de múltipla escolha: para cada enunciado em diferentes
graus de dificuldade há uma só resposta.
Nossas organizações foram desenhadas com a mesma
lógica. Divididas em caixinhas especializadas, com uma grande estrutura
piramidal - a parte de cima habitada por seres “superiores”, “mais aptos ou
inteligentes” (sic), e com mais poder que todos.
Essas mesmas empresas gritam agora aos seus
profissionais que eles precisam ser inovadores. Muitas enviam alguns dos seus
eleitos para caros e famosos cursos de inovação, na esperança de que voltem
“inovadores”. Mas vejam que paradoxal: não adianta nada a obsessão pela
inovação se não inovarmos a maneira de inovar. Queremos formar culturas
inovadoras com metodologias, controle, indicadores, réguas e planilhas. Isso
não tem como funcionar, porque essa é a antítese da inovação!
Recentemente o CEO da Volvo disse que o principal
atributo para o líder contemporâneo é a curiosidade. Gostei do que ouvi!
Minha sugestão para os líderes é que parem de
organizar, planejar e encaixotar a inovação. Ela só acontecerá em contextos
abertos, onde todas as ideias são possíveis e bem-vindas, onde o erro é honrado
como canal necessário para o novo, onde a segurança psicológica é a garantia de
que as pessoas não serão julgadas ou discriminadas pelas suas ideias
“estranhas”. Aliás, não existe nenhuma inovação na história que tenha sido
considerada “normal” ou esperada quando foi proposta. A inovação precisa de
espaço e tempo.
Meu convite é para mudar nossos filtros internos e
apreciar mais o vazio criativo do que a assertividade das respostas prontas. Só
assim criaremos culturas inovadoras.
Não são as metodologias, as escolas e os cursos ou
mesmo a tecnologia que nos salvarão da estagnação, mas uma mudança de
mentalidade, de coração e de vontade. Só nessa abertura radical acessaremos o
potencial inovador de nossa alma, que é infinito! Só assim poderemos esquecer a
lição e, finalmente, aprender.
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