A maior emergência em saúde da atualidade ainda
está na memória de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e todos que
integram equipes de saúde em hospitais e espaços de pronto atendimento. É,
também, lembrança corriqueira para muitas pessoas, especialmente aquelas que
perderam familiares e amigos próximos para o coronavírus. A palavra pandemia
sempre nos transporta a lembranças de dias difíceis. Para alguns, é tocar na
ferida do vazio, da perda, do luto que é revivido com sua pronúncia.
Para além das dores, a pandemia deixou
aprendizados. Há quem consiga recordar de ensinamentos e lições pessoais, como
a valorização da possibilidade de socializar, a necessidade de manter hábitos
saudáveis e de higienização. São percepções por vezes abstratas de quem mudou
de rota e passou a dar valor à normalidade da vida. Para além disso, há
aprendizados concretos e importantes que são vistos dentro da rotina
hospitalar.
Com a covid, aprendemos a lidar com situações
extremas e desafiadoras. Entendemos o quanto a comunicação transparente e
ponderada pode contribuir com a confiança nos colegas de trabalho e nos
processos estabelecidos. Protocolos bem estruturados de atendimento nos
mostraram o quanto o fluxo de entrada de pacientes deve ser facilitado e servem
como uma ponte para melhor experiência dos que necessitam de suporte
especializado.
Quatro anos após o início da pandemia, os hospitais
se deparam com mais uma situação delicada, embora em proporções mais estáveis e
conhecidas. No Brasil, os casos prováveis de dengue ultrapassam a marca de 4
milhões, segundo boletim divulgado no final de abril. O Brasil registra o
recorde de 1.937 óbitos em 2024. Em quatro meses, já é o maior indicador do
século em um único ano. Outras 2.345 mortes estão em investigação. Dez estados
brasileiros publicaram decreto de emergência: Acre, Espírito Santo, Goiás,
Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São
Paulo, além do Distrito Federal.
Desde o início do ano, os hospitais estão com
grande procura de pacientes com suspeita da doença ou mesmo confirmação da
dengue. Logo que identificamos esse aumento de demanda, estabelecemos fluxos
para toda a equipe de saúde com o objetivo de cumprir o protocolo do MInistério
da Saúde, que fala sobre atendimento e acompanhamento dos pacientes. O ambiente
de triagem foi estruturado para identificação precoce de pacientes com maior
gravidade e que necessitam de intervenção mais imediata.
Para além das paredes dos hospitais, outro
aprendizado que a covid trouxe é o melhor entendimento da população sobre a
importância de estar bem informada e confiar nas equipes e autoridades de
saúde. As pessoas hoje buscam estar mais atentas e estão mais conscientes do
que são sintomas graves, da importância de buscar atendimento precoce, de como
prevenir doenças. As gestões governamentais de saúde também estão mais
presentes, com ações voltadas à boa informação e a imprensa ajuda em todo esse
processo. São aprendizados vindos da maior emergência em saúde da atualidade e
que devem nos auxiliar para quaisquer outros momentos delicados e de alerta na
área da saúde.
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