Transtorno neurológico atinge 2 em cada mil crianças no país
Um transtorno pouco conhecido até entre a
classe médica brasileira atinge 2 em cada mil crianças no país. Trata-se da
Apraxia de Fala na Infância (AFI), um distúrbio neurológico que afeta a
produção dos sons da fala. Para dar voz a tantas crianças e familiares que sofrem
com essa condição, foi criado o Dia da Conscientização da Apraxia da Fala na
Infância, no dia 14 de maio. A data, já oficializada em vários países, aqui no
Brasil é reconhecida em nove estados e 23 cidades.
“Agora, o nosso principal objetivo é fazer tramitar
e ser aprovado no Congresso o projeto de lei federal (PL 1274/22) que inclui o
dia da conscientização da Apraxia de Fala na Infância no calendário nacional. O
projeto está parado, sem relatoria. Precisamos dar visibilidade ao transtorno
para alertar pais e profissionais de saúde, de modo que mais crianças recebam o
diagnóstico correto e possam ser tratadas”, afirma Mariana Chuy, uma das
fundadoras da associação e mãe do Gabriel, 13 anos, diagnosticado com apraxia
de fala.
Com o intuito de alertar o poder público,
profissionais de saúde e a sociedade sobre a existência desse transtorno, três
mulheres fundaram, em 2016, a Associação Brasileira da Apraxia da Fala na
Infância (ABRAPRAXIA), cuja missão é promover ações que possibilitem às
crianças com este diagnóstico alcançar seu melhor potencial. A associação conta
com mais de 70 mil seguidores no Instagram e já capacitou mais de 23 mil
pessoas, entre fonoaudiólogos, pais e familiares, além de oferecer cursos
regulares sobre o transtorno.
Foi graças à mobilização da ABRAPRAXIA que os
estados do Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba,
Pernambuco, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e os municípios de Betim,
Buritizeiro, Blumenau, Cabo Frio, Chapecó, Cuiabá, Curitiba, Duque de Caxias,
Fortaleza, Goiânia, Mauá, Natal, Piracicaba, Porto Alegre, Presidente Prudente,
Rio de Janeiro, São Paulo, São Bernardo do Campo, Ribeirão Pires, Sertãozinho,
Taubaté, Vila Velha e Vitória sancionaram a lei que reconhece o Dia da
Conscientização da Apraxia da Fala na Infância.
De acordo com a Dra. Elisabete Giusti,
fonoaudióloga com expertise em transtornos do desenvolvimento da fala e da
linguagem, a apraxia atinge o planejamento e a programação das sequências de
movimentos necessários para produzir a fala, pois o cérebro não envia os
comandos adequados para os articuladores, dificultando a produção das
palavras.
“A precisão e a consistência dos movimentos necessários para produzir os sons da fala estão alteradas, na ausência de déficits neuromusculares. É uma alteração funcional e que nem sempre é detectada em exames para o estudo do cérebro, como ressonância e tomografia”, explica Dra Elisabete.
O diagnóstico deve ser realizado por um fonoaudiólogo que possua experiência em transtornos de fala e de linguagem, incluindo os distúrbios motores de fala. O profissional será o responsável por avaliar o melhor tratamento. O transtorno pode acontecer em conjunto com outras comorbidades, por isso é fundamental que as crianças sejam acompanhadas por uma equipe multidisciplinar.
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