A atual crise climática que assola o Rio Grande do Sul não pode ser vista como um evento isolado, mas sim como sintoma de um problema maior: o desregulamento climático decorrente das estruturas produtivistas que privilegiam o consumismo, o imediatismo e o hedonismo, em detrimento da harmonia com a natureza e da justiça social.
O produtivismo, isto é, a “doença” da produtividade quando
contaminada pelo egoísmo, busca apenas a lucratividade monetária, ignorando
completamente as consequências para o meio ambiente e a qualidade de vida das
pessoas. Vale dizer: promove o rompimento dos fatores produtivos com qualquer
responsabilidade social ou harmonia com a natureza e com a humanidade.
Essa procura incessante por mais produtos e lucros a qualquer
custo é alimentada por estratégias publicitárias que incitam desejos frívolos
na população, levando ao surgimento do consumismo: uma doença social que
estimula a busca desenfreada pela satisfação de desejos inconscientes, muitas
vezes inúteis e prejudiciais.
Enquanto o consumo visa ao aperfeiçoamento das capacidades
humanas, o consumismo busca somente a satisfação de vazios desejos
inconscientes, violentamente plantados pelo produtivismo.
O consumismo, como resultado direto do produtivismo desenfreado,
exaure os recursos naturais do planeta, desregula o meio ambiente e promove uma
série de problemas relacionados à saúde mental e social. Os desastres
ambientais, por sua vez, afetam de forma desproporcional os mais excluídos
socialmente, que moram em regiões precárias e sofrem com condições sanitárias,
educacionais, urbanísticas, trabalhistas e sociais desfavoráveis.
Para enfrentar essa crise, é crucial combater o consumismo frívolo
e fortalecer o consumo consciente. No entanto, o produtivismo também possui
suas próprias táticas de sobrevivência, incluindo a alienação daqueles mais
favorecidos, que rompe os vínculos de solidariedade social e fortalece a
cultura consumista.
Portanto, a construção de estruturas sociais sustentáveis,
inclusivas e justas requer um mergulho profundo em si mesmo para entender quais
são as verdadeiras necessidades e quais são as ilusões de consumo. A opção pelo
consumo consciente não é apenas uma escolha individual, mas também uma atitude
socialmente responsável, fundamentada no belo conceito de alteridade, que
reconhece a importância de considerar o outro e o meio ambiente em nossas
decisões de consumo.
Em última análise, só através da disciplina, perseverança e
alteridade podemos superar os desafios da crise climática e construir um mundo
mais justo e sustentável para todos.
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